sábado, 13 de fevereiro de 2016

Segredos levados para o túmulo, outros não

Isso é Brasil


José Dirceu dá resposta inacreditável ao ser questionado pelo juiz Sergio Moro

“No governo, a indicação, como todo governo, tem da base partidária, do próprio... do próprio governo, de ministros, parte da equipe de transição, não é uma indicação exclusiva. Isso é uma composição política como nos Estados Unidos, na Inglaterra, em Portugal. Acabou de ta tendo agora em Portugal, e na Espanha acabou de acontecer isso. Aliás, o “Podemos” ta exigindo 5 (cinco) ministérios, publicamente, pra participar do governo do Partido Socialista Operário Espanhol. A composição do governo, portanto, foi feita assim. O papel da Casa Civil é receber toda as indicações de todos os ministérios, primeiro escalão, de todas as empresas estatais, de todas as empresas estatais, ou autarquias; analisar, a Casa Civil, porque há órgãos especializados nisso, desde a ABIN até o Gabinete de Segurança Institucional, ou a própria Secretaria Geral da Presi... é da Casa Civil que analisa os antecedentes, competência técnica, a folha corrida, a história na empresa, a história política, os interesses que estão envolvidos políticos, de forma transparente, e todos esses nomes, eu direi, tudo passa pela Casa Civil. Se... se for assim Doutor eu indiquei todos os diretores, todos os presidentes de estatais, todos os ministros do governo... Sim, mas o senhor teve, vamos dizer, alguma participação especial? Não... nenhuma preferência, nenhuma participação especial. Só conheci Doutor Renato Duque depois que ele já estava, sabe, ninguém me procurou, não assumi compromisso com ninguém sobre a indicação do doutor Renato Duque, ou do Nestor Cerveró, ou do José Eduardo Dutra, certo, ou do doutor Estrela ou do... ficar, ou sair, o antecessor do senhor Paulo Roberto Costa, certo. Simplesmente, certo. Simplesmente, certo, a indicação do senhor Renato Duque decorreu porque setores do PSDB; não vou dizer que foi o senador ex-governador Aécio Neves porque ele não conversou isso comigo, não pediu isso pra mim. Eu to dizendo, a informação que me chegou é que havia uma indicação do PSDB em Furnas que, aliás, é pública e notória em Minas Gerais, e no país, senhor Dimas Toledo. Isso é público e notório. Eu... não há nenhuma, certo, é... não digo que é oficial do PSDB... Certo... pra ser bem claro. E... e a indicação do senhor Renato Duque prevaleceu nesse sentido. Não porque houvesse uma preferência pro senador porque não havia nenhuma óbice, técnica, profissional, é, com relação o comportamento dele, como cidadão, certo, e ele foi indicado pra diretoria da Petrobrás. Eu, não se pode dizer, que eu escolhi e indiquei Renato Duque, mas também não se pode dizer que eu não tive participação, porque eu seria, isso eu seria uma pessoa completamente, não é da minha índole, nem da minha história, fazer isso, é... Eu assumo as minhas responsabilidades, mas eu não posso assumir responsabilidades que não é minha.” José Dirceu respondendo ao Juiz Sergio Moro (Primeiros 3 min e 3 seg do vídeo)

Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade! (Eclesiastes 1.2)


Como é que foi definido esse preço, R$120.000,00 (cento e vinte mil reais)? Esse preço é irrisório, eu vou dizer pro senhor doutor. Sem falsa modéstia... Han han... o que eu não gosto... eu não co... Raramente eu cobrava sucesso fixo, e eu nunca busquei a consultoria; quero aproveitar para declarar isso porque eu to sendo... alvo é de notícias que eu não quero atribuir a ninguém especificamente que eu enriqueci, certo? E que eu tenho um patrimônio. Quarenta milhões. A minha empresa faturou quarenta milhões. 85% são despesas, são custeio. Eu ganhei o que ganha qualquer consultor, 60, 80 e qualquer advogado que me conhece por mês. E trabalhei. Um segundo. Que eu recebi 11 milhões de desvio da Petrobras. Mas são 5 contratos de 7 milhões e duzentos com empresas que eu dei consultoria. UTC, Galvão Engenharia, OAS, Engevix, Camargo Correa. Eu dei consultoria Mas voltando ali Esse 120 mil. Como foi definido esse preço? Esse preço foi definido entre eu e eles que... me... se... para iniciar o trabalho que eu tinha começado no Peru com eles. Esse... s contratos depois foram mais 4. Tem um contrato, outro contrato de 120 mil reais. Depois 3 contratos de 300 mil reais. Por que houve essa elevação de preço? O senhor se recorda? Não! Não me recordo! Mas 900 mil reais pra levar uma empresa brasileira pro exterior pra essa empresa se apoiar no... no nome que eu tinha nesses países e tenho. Certo? Nas relações que eu tenho, entendeu? E na abertura de mercados que era possível, eu não considero... se o senhor for ver quanto eu recebia por mês é irrisório. Depois houve o distrato. Eu podia cobrar por fazer uma conferência por mês na Engevix 50 a 100 mil reais.     José Dirceu respondendo ao Juiz Sergio Moro (De 3 min e 3 seg até os 4 min e 50 seg,   do mesmo vídeo)


Ficha Social 9

Publicado em 1 de fev de 2016





Os dois líderes históricos do PT não conversaram desde que o escândalo ganhou corpo. "Vocês me abandonaram há tempos", diz Dirceu

Por: Daniel Pereira17/01/2015 às 01:00 - Atualizado em 17/01/2015 às 08:41

Faz tempo que o escândalo de corrupção na Petrobras serve de combustível para o fogo amigo dentro do PT. No ano passado, petistas que comandavam o movimento "Volta, Lula" criticaram a presidente Dilma Rousseff por admitir que aprovara a compra da refinaria de Pasadena com base num relatório falho. Com o gesto de sinceridade, Dilma teria levado a crise para dentro do Palácio do Planalto, segundo seus adversários internos, e demonstrado uma ingenuidade e um amadorismo capazes de pôr em risco a permanência do partido no poder. No afã de tirá-la da corrida eleitoral, aliados de Lula também acusaram a presidente de traição ao responsabilizar a antiga diretoria da Petrobras, nomeada pelo antecessor, pelos desfalques bilionários nos cofres da companhia. Como o "Volta, Lula" não decolava e a sucessão presidencial se anunciava acirrada, os petistas selaram um armistício até a eleição. Mas, com Dilma reeleita, retomaram a disputa fratricida. O motivo é simples: estrelas do PT serão punidas novamente - agora no petrolão. Resta saber quem pagará a conta. Com as prisões do mensalão ainda frescas na memória, ninguém está disposto a ir para o sacrifício.

A tensão decorrente das investigações e do julgamento do esquema de corrupção na Petrobras colocou em trincheiras opostas as duas mais importantes lideranças históricas do PT: Lula e seu ex-ministro José Dirceu. Tão logo os delatores do petrolão disseram que o ex­diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque recolhia propina para o partido, Dirceu, o padrinho político de Duque, ligou para o Instituto Lula e pediu uma conversa com o ex-presidente. O objetivo era se dizer à disposição para ajudar os companheiros a rebater as acusações e azeitar a estratégia de defesa. Conhecido por deixar soldados feridos pelo caminho, Lula não ligou de volta. Em vez disso, mandou Paulo Okamotto, seu fiel escudeiro, telefonar para Dirceu. Assim foi feito. "Do que você está precisando, Zé?", questionou Okamotto. Dirceu interpretou a pergunta como uma tentativa do interlocutor de mercadejar o seu silêncio. À mágoa com Lula, que o teria abandonado durante o ano em que passou na cadeia, Dirceu acrescentou pitadas de ira: "Você acha que vou ligar para pedir alguma coisa? Vocês me abandonaram há tempos", respondeu. E fim de papo.

Diretor do Instituto Lula, Okamotto é frequentemente convocado pelo ex­-presidente para cumprir missões espinhosas. Ele atuou, por exemplo, para impedir que as investigações sobre o mensalão chegassem ao chefe. Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), o empresário Marcos Valério disse ter sido ameaçado de morte por Okamotto. O recado foi claro: ou Valério se mantinha em silêncio ou pagaria caro por enredar Lula na trama. O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Valério, o operador do mensalão, a 37 anos e cinco meses de prisão. Logo depois de as primeiras penas serem anunciadas, Valério declarou ao MPF que Lula se beneficiara pessoalmente do esquema. No mesmo processo, Dirceu foi condenado por corrupção a sete anos e onze meses de prisão. O petista já deixou a cadeia e, por decisão da Justiça, cumpre o resto da pena em regime domiciliar. Ao telefonar a Lula, ele quis deixar claro a necessidade de o governo e o PT organizarem uma sólida estratégia de defesa no petrolão. A preocupação tem razão de ser.

Delatores do petrolão disseram às autoridades que Renato Duque recolhia 3% dos contratos da diretoria de Serviços da Petrobras para o PT. No âmbito de um acordo de delação premiada, Pedro Barusco, que era o adjunto de Duque, disse que o ex-diretor recolheu propina em pelo menos sessenta contratos. Barusco também implicou o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, na coleta de dinheiro roubado dos cofres da Petrobras. Outros delatores, como empreiteiros, afirmaram que a dinheirama surrupiada financiou campanhas petistas. Há provas fartas contra o partido. É certo que haverá punições. E é justamente isso que faz a briga interna arder em fogo alto. Dilma mantém o discurso de que nada tem a ver com a roubalheira. Executivos nomeados por Lula e demitidos por sua sucessora, como o ex­-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli e o ex-diretor Nestor Cerveró, não aceitam ser responsabilizados. O mesmo vale para Dirceu, que não quer correr o risco de voltar à Papuda.


 


“É preciso mais que isso?” Eriberto França


‘ISTOÉ -
Você está dizendo que o depoimento de Eriberto na CPI foi dirigido?
MINO -
Não. Nos reunimos na casa de João Santana. Estavam, além de Covas, Sigmaringa Seixas, João Paulo Bisol e Aloizio Mercadante. Eles ouviram tudo o que Eriberto tinha a dizer e ficaram absolutamente surpresos. Bisol se levantou e disse: “O relato dele é verdadeiro. Não precisamos ensaiar nada. A verdade foi dita sem contradição.” Eriberto chegou à CPI, deu seu depoimento e a tropa de choque de Collor ficou desarmada. O principal defensor de Collor, o deputado Roberto Jefferson, perguntou ao motorista se o que ele estava fazendo era apenas por amor à pátria. Eriberto respondeu: “É preciso mais que isso.” ‘


''Há segredos que levamos para o túmulo, outros não''
Jornalista Mino Pedrosa segue carreira empresarial e prepara livro explosivo sobre os bastidores da política, de Fernando Collor a FHC
Mário Simas Filho



O jornalista Mino Pedrosa é uma testemunha ocular da história recente do Brasil. Desde a campanha de Fernando Collor de Mello à Presidência, em 1989, até o nocaute eleitoral sofrido pela pefelista Roseana Sarney em março deste ano, Mino vive intensamente os bastidores, nem sempre dignificantes, da política nacional. Muito do que ouviu e presenciou foi publicado, e não é por outra razão que Mino é um dos jornalistas que mais receberam prêmios no Brasil, muitos deles por trabalhos publicados em ISTOÉ. No entanto, o repórter de 40 anos guarda ainda uma enorme quantidade de informações que, por razões políticas ou editoriais, não chegaram ao conhecimento dos brasileiros. Agora, longe das redações – onde chegou com 15 anos de idade –, mas ainda muito perto das notícias, Mino promete revelar seus segredos. Desde fevereiro, ele está trabalhando na elaboração de um livro que fará muita autoridade colocar as barbas de molho. “Contarei muita coisa, mas há segredos que levamos para o túmulo, outros não”, adverte. Mesmo com a ressalva,
as histórias que contam a nossa história são recheadas de
ingredientes picantes.
No entorno dos Sarney, o livro de Mino Pedrosa revela os detalhes da operação montada para destruir a candidatura de Roseana. Repórter de faro apurado, Mino conta quem patrocinou a empresa de arapongagem que grampeou os telefones da ex-governadora do Maranhão, e como foi desenvolvida a operação que tirou do páreo uma candidatura antes mesmo de se iniciar o processo eleitoral. O livro ainda não tem data certa para sair, mas encontra-se em fase final de produção. O jornalista, responsável pelas revelações de Eriberto França, o motorista que levou Collor ao impeachment, calcula que em setembro sua obra poderá estar editada. Leia a seguir trechos de uma entrevista onde Mino abre um pouco de seu baú.

ISTOÉ -
Por que um repórter reconhecido e premiado resolve deixar as redações depois de tanto tempo?
MINO PEDROSA -
Essa foi uma decisão muito pessoal e vem sendo amadurecida há algum tempo. Em 1993, montei a Free Press, uma empresa de assessoria e consultoria de comunicação. Trabalhamos na campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso, cuidando de toda a mídia impressa. Para isso precisamos montar uma estrutura nacional, o que gerou custos elevados. O problema é que tão logo o candidato virou presidente veio o calote. Precisei fechar as portas da empresa. Ficaram as dívidas e a frustração. Voltei para ISTOÉ e consegui, ao longo desses anos, pagar as dívidas da empresa. Agora, chegou o momento de combater a frustração. Acredito que sou capaz de manter meu próprio negócio e resolvi seguir por essa estrada. Encaro isso como um desafio, mas continuo ligado no que está acontecendo e não paro um segundo de apurar as coisas. Se, como dizem, o jornalismo é uma cachaça, acho que tenho tudo para virar um alcoólatra.
ISTOÉ -
Explique melhor essa história do calote. Vocês não trabalharam para um candidato que ganhou a eleição?
MINO -
Terminada a eleição, o Sérgio Motta (ex-ministro das Comunicações), que era o caixa da campanha, precisava de umas notas fiscais para justificar gastos. Havia muito dinheiro em jogo. Foi uma campanha milionária. Pediram as notas e eu emiti. O próprio Sérgio Motta se comprometeu a me repassar o dinheiro referente aos impostos que incidiriam sobre aquelas notas, mas até hoje não recebi sequer um centavo. Resultado: fiquei com o papagaio na Receita. Acho, porém,
que as relações da Free Press com o governo se deterioraram por
outras razões.
ISTOÉ -
Quais?
MINO -
Tomei conhecimento de um grande escândalo de corrupção envolvendo o governo recém-eleito no processo de implantação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Alertei o governo sobre o que descobrira, mas interesses mais fortes impediram que fosse sanado o problema. Então, não tive outra escolha: denunciei o escândalo. Isso, certamente, foi decisivo para o fechamento de minha empresa e minha volta para as redações.
ISTOÉ -
Agora você retoma a sua empresa. O calote do Sérgio Motta serviu de lição?
MINO -
Deveria, mas não foi bem assim. Reativei a Free Press, estou fazendo consultoria e assessoria, mas já estou no prejuízo. Comecei a trabalhar na pré-campanha de Roseana Sarney à Presidência. Viajei por vários Estados, comecei a contratar pessoal e tudo ia bem até a armação na Lunus (empresa de Jorge Murad onde foi apreendida a mala com R$ 1,34 milhão). Resultado: a candidatura dela foi abortada e vi parte do meu dinheiro pela televisão, numa mala apreendida pela PF no escritório de Murad.
ISTOÉ -
E agora?
MINO -
Apurei exatamente como tudo ocorreu, como tudo foi montado. Mas, é bom que se diga que tudo o que conseguiram promover não passa de demagogia barata. Na campanha de Fernando Henrique, em 1994, alguns milhões eram pagos às empresas. Ninguém sabia a origem e tão pouco houve interesse da Polícia Federal e do Ministério Público em apurar como eram pagas as despesas daquela campanha. Aliás, nenhuma campanha. Todos os bastidores sobre a campanha de 1994 e o episódio envolvendo a Lunus serão contados no meu livro.
ISTOÉ -
Você foi o repórter responsável pela localização do motorista Eriberto França, que acabou se transformando na testemunha-chave para o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. O livro diz alguma coisa sobre esse caso?
MINO -
O livro contará todos os bastidores inéditos da nossa história no período que vai do impeachment de Collor ao final dos oito anos de FHC. Logo após a descoberta da testemunha Eriberto, procurei o então senador Mário Covas, membro da CPI que investigava Collor. Pedi a ele que levasse o motorista para a CPI. Ele ficou estarrecido com o que ouviu, mas se recusou a levar Eriberto ao Congresso. Pediu primeiro que eu fizesse a reportagem, e depois, se fosse o caso, Eriberto seria convocado a depor. Assim foi feito. Depois de publicada a reportagem, Covas e outros membros da oposição se reuniram com o motorista, comigo e com os jornalistas João Santana e Augusto Fonseca. Eles queriam preparar o depoimento.
ISTOÉ -
Você está dizendo que o depoimento de Eriberto na CPI foi dirigido?
MINO -
Não. Nos reunimos na casa de João Santana. Estavam, além de Covas, Sigmaringa Seixas, João Paulo Bisol e Aloizio Mercadante. Eles ouviram tudo o que Eriberto tinha a dizer e ficaram absolutamente surpresos. Bisol se levantou e disse: “O relato dele é verdadeiro. Não precisamos ensaiar nada. A verdade foi dita sem contradição.” Eriberto chegou à CPI, deu seu depoimento e a tropa de choque de Collor ficou desarmada. O principal defensor de Collor, o deputado Roberto Jefferson, perguntou ao motorista se o que ele estava fazendo era apenas por amor à pátria. Eriberto respondeu: “É preciso mais que isso.”
ISTOÉ -
E depois?
MINO -
Após o depoimento do motorista Eriberto na CPI, a oposição já tinha a certeza de que o presidente Collor cairia. Não havia mais tempo nem condição política para que o presidente reagisse. Começaram então uma série de reuniões. O então vice-presidente Itamar Franco, do PMDB, temia que a caça às bruxas o atingisse, embora não fosse uma figura
de destaque, e ameaçava não assumir o governo no lugar de
Fernando Collor.
ISTOÉ -
Mas o Itamar Franco tomou posse...
MINO -
Sim, mas foram necessárias várias reuniões de toda a oposição com Itamar. Como bom mineiro, ele mais ouviu do que falou, mas obteve a garantia de toda a oposição de que não sofreria retaliações. No livro, descrevo muitos detalhes dessas reuniões, bem como toda a história que nos levou a descobrir o motorista Eriberto.
ISTOÉ -
Os bastidores do governo de Fernando Collor e da gestão de Fernando Henrique são diferentes?
MINO -
O Collor caiu por corrupção. O Fernando Henrique usa um rótulo de vestal, mas tem problemas. Seu governo começou com um grampo, o do caso Sivam. Transformou-se em uma república do grampo. Foi o escândalo do BNDES, da compra de votos para a reeleição e outros. E está terminando com outro grampo, o da Roseana. Quanto ao patrimônio, acho que FHC não tem nada. Tem um procurador complicado de sua filha, Luciana Cardoso.
ISTOÉ -
Conte detalhes disso.
MINO -
Investigado pela Receita Federal, o procurador em 1994 possuía um patrimônio insignificante. Hoje, detém cerca de R$ 60 milhões em imóveis registrados em cartórios. No livro, vou contar tudo sobre isso. Darei o nome do procurador e os registros em cartório.
ISTOÉ -
Mas como um sujeito assim permite que fiquem tantos rastros?
MINO -
Vou lhe contar apenas uma pequena história envolvendo esse personagem. Luciana Cardoso e seu marido procuraram um lote no entorno de Brasília para comprar. Acharam o terreno e combinaram com a proprietária que a escritura seria passada em nome da irmã do procurador. O negócio foi feito. Tudo estava absolutamente certo. O que jamais imaginaram é que a proprietária do terreno era a avó de Luiz Francisco de Souza, o procurador mais combatente que o Ministério Público Federal tem em seus quadros.
ISTOÉ -
A Free Press está trabalhando só com políticos ou tem outros clientes na iniciativa privada?
MINO -
Tenho alguns contratos com a iniciativa privada e procuro dividir meu tempo fazendo consultorias para empresas e governos estaduais. A coisa está começando a caminhar e espero não cometer os mesmos erros do passado.
ISTOÉ -
E quando você pretende publicar o livro?
MINO -     
Estou me esforçando para lançar o livro no dia 7 de setembro. Mas isso ainda não é certo.
ISTOÉ -
Como fica o quadro eleitoral após a renúncia de Roseana?
MINO -
Acho que o próximo presidente só poderá governar e fazer as mudanças econômicas necessárias se estiver respaldado em ampla margem de votos.
ISTOÉ -
Que mudanças?
MINO -
Acho que a classe média alta irá sofrer um aperto no bolso e essa classe tem poder de articulação para reagir. É formadora de opinião e precisa ser muito bem trabalhada.




De OAS a SAO

Ou, do homem honesto ACM à mais honesta alma LILS

Ou, da Ba a SP

Ou, da Bahia de Todos os Santos a São Paulo de Um dos Santos.

Ou, de ACM a JW como imperadores da Bahia.

Ou, da Ditadura à Democracia.

Ou, de ARENA a PT.

Ou, de Medici/Geisel/Figueiredo a Lula/Lula/Dilma.

Ou, de CGT a CUT.

Ou, de OAS a UTC

Ou, de 4 Irmãs a Clube de Empreiteiras.


ISTO É BRASIL


"Obras Arranjadas pelo Sogro" ou "Obrigado, Amigo Sogro".

BRASIL

|  N° Edição:  1556 |  28.Jul.99 - 10:00 |  Atualizado em 08.Fev.16 - 17:12


Há 45 anos, ACM usa métodos poucos ortodoxos para montar um império econômico, mandar no País e enganar o governo, como fez agora com FHC ao levar a Ford para a Bahia

GUILHERME EVELIN, MINO PEDROSA E SÔNIA FILGUEIRAS





PEDRO KUTNEY

Especial para UOL Carros

05/12/201118h51 > Atualizada 06/12/201111h44



"Obras Arranjadas pelo Sogro" ou "Obrigado, Amigo Sogro".



VALDO CRUZ

MARINA DIAS

03/01/2016



Jaques Wagner durante entrevista exclusiva em seu gabinete, no Palácio do Planalto

Folha de São Paulo – Chefe da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff, Jaques Wagner, 64, disse, ao avaliar os efeitos da Operação Lava Jato sobre o PT, que seu partido “errou” ao não fazer a reforma política e “acabar reproduzindo metodologias” antigas da política brasileira.

O resultado, afirmou, é que o PT, “que não foi treinado para isto”, encarnou o ditado: “Quem nunca comeu melado, quando come, se lambuza”.

Em entrevista à Folha, o ex-governador da Bahia avaliou que 2015 foi um ano “duro” e que em 2016 não deve haver crescimento no país.

Wagner fez ressalvas à condução da política econômica pelo ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, a quem atribui uma obsessão pelo ajuste sem mostrar para onde o país iria. Segundo o petista, agora é preciso “modular” o ajuste com propostas que apontem para o desenvolvimento.

Ele disse que o governo conseguirá “enterrar” o impeachment.

*

Folha – O governo começou o ano falando em crescimento e vai acabar com retração de quase 4%, inflação em dois dígitos e juros altos. 2015 foi um ano perdido?
Jaques Wagner – Foi um ano difícil. Não conseguimos compactar a base de sustentação ao governo no Congresso, a crise da economia mundial repercutiu aqui, assim como repercutiu os ajustes que precisamos fazer no começo do ano por conta das medidas de 2013 e 2014.

O ajuste foi exagerado?
Se tivesse feito menos teria conseguido segurar o nível de emprego que seguramos? O senso comum é que exageramos nas desonerações e na equalização de juros para investimentos. Mas as pessoas só olham para as consequências negativas das medidas.

Porque o reflexo foi ruim.
Concordo que foi um ano muito duro, mas não vou dizer nunca que foi um ano perdido. Mas se você apurar só a notícia “não boa”, a inflação realmente está onde está, os juros estão lá em cima, o crescimento foi negativo. A foto de final de ano não é boa.
E qual é a culpa do governo?
Não sei se foi erro, mas as medidas contracíclicas tomadas produziram um problema fiscal que ela [presidente Dilma] se impôs consertar. O erro para mim é muito mais da oposição, que fez uma agenda do “impeachment tapetão”.
O que o senhor quer dizer?
A impopularidade de Dilma hoje é consequência de que a gente teve que consertar medidas tomadas em 2013 e 2014, que tiveram seu lado positivo e, como tudo na vida, também consequências ruins. Mas nunca teve dolo. A banalização do processo como recurso eleitoral é o “impeachment tapetão”, que não é com motivo, é para recorrer do jogo que perdi em campo. Mas isso também será cobrado da oposição, porque impopularidade não é crime.
E qual a saída para isso?
O governo passa por um momento ruim de popularidade e a nossa grande tarefa é começar a retomada da economia. Estamos abertos para fazer um governo de unidade nacional, então quero propor dois temas: a reforma política e a da Previdência.
O impeachment está enterrado?
Nós vamos enterrá-lo.
Na Câmara dos Deputados ou vai precisar do Senado?
Na Câmara. Não tenho dúvida de que a gente vai a 250, 255 votos [Dilma precisa de 171 votos para barrar o pedido de impeachment na Casa].
A operação Lava Jato atingiu o PT em cheio. O partido errou?
Errou ao não ter feito a reforma política no primeiro ano do governo Lula. E aí não mudou os métodos do exercício da política.
Por que o PT se entregou a estes métodos?
Porque ficou usando ferramentas que já eram usadas.
Que tipo de ferramentas?
Do financiamento privado [para campanhas eleitorais] e aí acabou reproduzindo metodologias. Talvez, porque nunca foi treinado para isto, deve ter feito como naquela velha história: “Quem nunca comeu melado, quando come, se lambuza”. Quem é treinado erra menos, talvez, né?
O governo vai registrar dois anos seguidos de recessão. O senhor teme que esse quadro leve a um novo enfraquecimento da presidente?
Não tenho bola de cristal. O governo vai tentar resgatar a economia na questão da inflação, da geração de emprego, do crescimento maior ou de um decréscimo menor. O problema da economia não é ter um momento ou dois ruins, é ter horizonte.
O senhor acha que Joaquim Levy exagerou na dose?
Não quero personalizar, porque é óbvio que as coisas têm o arbítrio dela [Dilma]. Mas não sou só eu, tem uma porção de gente que acha que foi apagando o incêndio, e isso era uma obsessão, sem dizer para onde iríamos. Não sei se foi exagerado, mas o momento é de modular.
Modular é suavizar o ajuste?
Modular com medidas que apontem para o crescimento. A meta é menos importante que a credibilidade.
Nelson Barbosa é o melhor quadro para 2016, ano de retomada do crescimento?
Não é retomada, é preparação para a retomada. Não acho que vamos retomar o crescimento em 2016, mas temos que ter um ambiente mais salutar.
O PT emitiu nota pedindo mudanças na economia e criticando a reforma da Previdência.
Este é o DNA do PT e não vai mudar. O PT não é necessariamente refém em tudo do governo, está expressando um pouco o que os movimentos sociais falam.
Qual será o papel do ex-presidente Lula neste período de enfrentamento ao impeachment?
Ele quer que Dilma tenha sucesso. É óbvio que, quando ele vê que ela não está com a popularidade que ele gostaria, fica angustiado. Mas ele nunca pretendeu [interferir].
Como o senhor avalia o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)?
É um cara determinado. Para mim, o maior erro dele é que ele não foi magistrado na cadeira de magistrado.
E o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)?
Foi mais equilibrado.






Em declarações, Ministro disse que PT se lambuzou no poder e o responsabilizou pela crise política ao não fazer reforma.




Ministro irritou PT ao dizer que ele se lambuzou



A repercussão da entrevista do atual ministro da Casa Civil, Jaques Wagner(PT-BA) ao jornal Folha de São Paulo, causou uma grande mal estar e uma irritação no seu partido, PT.  Nas declarações feitas, Wagner acusa o PT de se 'lambuzar' com a chegada ao poder e o responsabiliza por não ter feito a necessária reforma política. As reações surgiram por parte de políticos ligados ao governo e dirigentes do partido em capitais como São Paulo e entre os parlamentares, que levaram o fato ao conhecimento do Palácio do Planalto.

A reação dos políticos ligados ao governo

As reações observadas com as declarações de Jaques Wagner surpreenderam a muitos políticos, principalmente, pela posição que o ex-governador ocupa no primeiro escalão do governo Dilma. Muitos parlamentares solicitaram audiências no palácio do planalto, para transmitirem suas queixas e insatisfações com as declarações do ministro junto à presidente Dilma.

Um dos expoentes da política no Rio Grande do Sul, o ex-senador ex-governador Tarso Genro afirmou que as declarações do ministro da Casa Civil foram infrutíferas e feitas num momento muito infeliz. Genro considera as palavras de Wagner uma falta de respeito e que nada poderão acrescentar ao atual quadro de crise da política brasileira. De acordo com o ex-senador, o fato só tende a inflar, ainda mais, o atual sentimento antipetista que está crescendo na população brasileira.

O que diz o próprio PT ?

Todos os integrantes do PT são unânimes em afirmar que a entrevista de Wagner foi um ato desnecessário, o que só serviu para acentuar o mal estar que já está instalado entre o próprio governo e o partido. O presidente do PT, em São Paulo, Emídio de Souza, admite que o mesmo saiu muito desgastado quando optou por defender o governo Dilma.  Entretanto, ponderou que o momento é de realinhamento e de correção dos objetivos comuns entre governo e partido. Segundo o dirigente, o ataque mútuo é uma grande perda de tempo para os dois lados.

O secretário de organização do partido, Florisvaldo Souza  e o coordenador da força petista Construindo um Novo Brasil(CNB), Francisco Rocha, são unânimes em afirmar que as declarações do ministro foram desastrosas e que só serviram para acentuar o clima de desconforto entre o partido e o governo. Eles defendem que este tipo de problema deveria ser discutido em reuniões internas do partido. No entanto, concordam que o erro foi em não executar a reforma. Ocupando a liderança interina do PT no senado, Paulo Rocha(PA) concorda que o governo Lula deixou de resolver os problemas do país, em virtude de tamanha popularidade, preferindo apenas repetir os velhos métodos utilizados pela política tradicional. Ele culpa ainda o governo da era Lula, por permitir o esquema do mensalão.








Linha de montagem do EcoSport em Camaçari (BA): um grande negócio para a Ford

AS MONTADORAS DE VEÍCULOS E OS INCENTIVOS

Empresa
Local da fábrica
Investimento
Incentivos
RENAULT
S.J. dos Pinhais (PR)
R$ 1 bilhão
R$ 353 milhões*
GM
Gravataí (RS)
R$ 600 milhões
R$ 759 milhões
MERCEDES
Juiz de Fora (MG)
R$ 695 milhões
R$ 690 milhões
FIAT
Goiana (PE)
R$ 4 bilhões (estimado)
R$ 5,8 bilhões**


E a Mercedes-Benz aportou R$ 695 milhões em sua malsucedida linha de produção de automóveis mineira, mas obteve R$ 690 milhões de volta -- o que explica a opção de ter mantido a unidade aberta mesmo com prejuízo na operação. E nisso tudo não estão incluídos os benefícios fiscais federais do regime automotivo, que engordam bastante a conta.


Linha da Mercedes-Benz em Juiz de Fora, em 1999, quando fabricava o Classe A nacional; depois do fracassado cupê CLC, unidade deixou de produzir automóveis de passeio




Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, cumprimenta 1ª funcionária da Fiat em Goiana; presidente da Fiat e da Anfavea, Cledorvino Belini observa e sorri: fábrica faz bem para a imagem

Pedro Kutney é jornalista e escreve no Automotive Business, onde este artigo foi publicado originalmente.



Origens da OAS
10/05/1996 00:00

REVISTA EXAME
José Maria Furtado, de EXAME
de Salvador, de EXAME

Poucos grupos empresariais brasileiros tiveram uma ascensão tão vertiginosa e controvertida quanto o liderado pela empreiteira baiana OAS. Criada em 1976, a OAS levou apenas 15 anos para atingir um faturamento de 1,5 bilhão de dólares, com interesses que vão da construção pesada à agroindústria, da coleta de lixo à administração de shopping centers. Com um contingente de 9 000 empregados, o grupo chegou a controlar 17 empresas. Em seu principal negócio, a OAS logo se tornou uma incômoda concorrente para nomes tradicionais como Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht. Nos últimos tempos, porém, os ventos que embalaram o seu crescimento parecem ter mudado de direção. Abalada por uma luta intestina entre seus principais acionistas a OAS corre o risco de desintegrar-se. Tudo depende de uma ação que tramita desde fevereiro na 19a Vara da Justiça Cível de Salvador. Nela, Carlos Suarez, o S, um dos fundadores e dono de 36% do capital da OAS Participações, a holding do grupo, pede a dissolução da sociedade. Em outras palavras, Suarez recorreu à Justiça para separar-se de seus outros três sócios. Mais precisamente de um deles, César de Araújo Mata Pires, o A, genro do senador baiano Antonio Carlos Magalhães. Mata Pires, outro remanescente do trio original que fundou a empresa, também com 36% das ações, divide o controle com Suarez. Outros dois acionistas, Carlos Laranjeira, com 10%, e Nicolau Martins, com 18%, completam a sociedade. A tentativa de separação não é propriamente uma novidade na história do grupo. Em 1987, Suarez tentou afastar-se do negócio devido a desentendimentos com Mata Pires. Dois anos atrás, quem tentou dar o fora foi Martins. Nos dois casos, a crise foi resolvida internamente. Naquela época era mais fácil. A expansão da empresa mascarava as diferenças. Agora, a situação é outra. Os contratos minguaram e os lucros, idem. Mata Pires e Suarez já não conseguiam mais administrar suas diferenças sobre como os negócios deviam ser conduzidos. Suarez, por exemplo, sempre defendeu que a Construtora OAS fosse para o exterior. Seu objetivo era seguir o exemplo das concorrentes Odebrecht e Andrade Gutierrez e reduzir a dependência do mercado interno. Mata Pires teria sido contra. Deu no que deu. O mercado brasileiro despencou e a OAS não tem nenhuma obra no exterior. "CINZEIRADA" - A desavença põe fim a uma amizade de décadas. Ambiciosos e perseverantes, Suarez e Mata Pires, ambos com 44 anos de idade, cresceram praticamente juntos, na vida pessoal e profissional. Estudaram nos mesmos colégios, frequentaram o mesmo curso de engenharia e começaram a carreira na Odebrecht. As semelhanças param por aí. Mata Pires é gordo, alto e forte. "Ele é um verdadeiro 2 por 2, um armário na definição irônica de um concorrente. O genro de ACM quase nunca concede entrevistas e raramente se deixa fotografar. Morre de medo de seqüestros. Dele pouco se sabe. Mora com a mulher Teresa e os filhos numa mansão, no bairro do Horto, em Salvador, avaliada em 6 milhões de dólares. Já Suarez, filho de espanhóis, é magro e mais baixo do que o rival. O "armário não o intimida. Recentemente, durante uma discussão acalorada, Suarez arremessou um cinzeiro de vidro com cantos pontiagudos na direção de Mata Pires. Suarez é dono de um apartamento em Salvador avaliado em mais de 1 milhão de dólares. Ele possui também uma ilha na região de Madre de Deus, litoral baiano, cujo valor é estimado em 2 milhões de dólares. Lá, além de uma mansão, há um hotel para hóspedes de fins de semana, geralmente homens de negócios e políticos. Suarez tem duas paixões. Uma são os jet skies. Ele já teve 18 de uma vez. Outra são os aviões. A sua coleção inclui um caça da força aérea americana, reformado, da Segunda Guerra Mundial. Caso seja aceita pela Justiça, a ação movida por Suarez pode significar o fim da OAS. Segundo advogados consultados por EXAME, é provável que a Justiça decida pela dissolução parcial da sociedade. Assim, uma auditoria definiria o quinhão de cada um no negócio. Num cálculo superficial, a parte de Suarez não seria inferior a 300 milhões de dólares. Esse valor é obtido a partir da estimativa do patrimônio líquido do grupo, superior a 1 bilhão de dólares. Um dos motivos que teriam levado Suarez a recorrer à Justiça seria justamente a análise desses números. Ao oferecer sua parte aos demais sócios, numa tentativa de saída amigável, Suarez teria ficado enfurecido com a proposta que ouviu: segundo os ex-parceiros, teria a receber 36% de 5 milhões de dólares, valor atribuído pelos sócios ao patrimônio do grupo. Em vez dos 300 milhões de dólares, míseros 1,8 milhão. Inconformado, Suarez revidou com o pedido de fim da OAS. Os desentendimentos entre os sócios se intensificaram nos últimos meses, com a volta de Suarez, depois de um ano de permanência nos Estados Unidos. Durante essa ausência, Mata Pires teria se aproveitado para demitir executivos fiéis a Suarez. Zuleido Veras, o número um da Coesa, empresa de engenharia do grupo, foi um deles. Ao voltar, Suarez se enfureceu com a perda de espaço e poder. Queriam transformá-lo numa rainha da Inglaterra , diz um executivo do grupo. A crescente tensão entre os sócios, aliada à decisão do grupo de sair de algumas atividades, provocou uma debandada de executivos da OAS. Luiz Salles, o número um da OAS Empreendimentos, foi um deles. Com sua saída, a OAS Empreendimentos foi extinta. A empresa chegou a ser uma das maiores do país na construção de shoppings centers. FUTURO INCERTO - Desde o seu nascimento, a OAS atuou tanto no setor privado quanto no público. No primeiro caso, a OAS funcionava como uma gerenciadora de projetos. Se a obra fosse um shopping center, por exemplo, a OAS localizava o dono do terreno e lhe propunha participação acionária em troca do imóvel. Depois, corria atrás de investidores, de preferência os fundos de pensão. Formada a sociedade, a OAS ainda comandava a comercialização das lojas. No final das contas, pouco ou quase nada saia de seus cofres. Tanto quanto encomendas, a área de obras públicas foi pródiga em episódios polêmicos e escândalos. Em particular no governo Collor, com seu envolvimento nas CPI do caso PC Farias e na dos anões da Comissão do Orçamento. Foi nesse período, exatamente, que a empreiteira, sozinha, chegou 1,1 bilhão de dólares de faturamento. Chamou a atenção, por exemplo, o fato de que seu patrimônio tenha aumentado de 158 milhões de dólares para 516 milhões de dólares, entre 1989 e 1991. A boa estrela da OAS despertou ciúmes. Entre seus mais extremados inimigos, pontificou o empreiteiro paranaense Cecílio Rego Almeida, o dono da CR Almeida. Cecílio chegou a ir à Justiça contra a OAS, acusando-a de concorrência desleal e abuso de poder econômico. Num dos seus momentos de ira, classificou a construtora baiana como um "franchising de corrupção". Um dos motivos da desavença foi a disputa por recursos da Caixa Econômica Federal. Em 1990, primeiro ano de Collor no poder, a OAS ficou com 38% do total de verbas destinada pela CEF a obras de saneamento básico. O problema era que a OAS funcionava mais como uma intermediária de verbas públicas. Depois de conseguir o dinheiro em Brasília, a construtora ia em busca de pequenos construtores interessados nos projetos. O ágio, segundo denúncias publicadas na imprensa, podia chegar até a 40% do valor. Atualmente, os sócios estão afastados do dia-a-dia dos negócios. Uma trinca de executivos assumiu os postos-chaves do grupo. Léo Pinheiro responde pelo principal negócio, a construtora. Ricardo Pessoa assumiu a Ultratech, empresa de montagem industrial. Carlos Vila dirige a Vega-Sopave, do setor de limpeza. O futuro do grupo, porém, é incerto. Pode ser que Suarez volte atrás e um novo acordo de coexistência pacífica seja assinado. Poucos apostam nessa saída. Segundo pessoas de suas relações, Suarez estaria mais interessado em receber o que tem direito para ampliar os negócios da sua família. Os Suarez são donos de duas construtoras na Bahia, a Akio e a Suarez. As duas dominam boa fatia do mercado imobiliário de Salvador. É pouco para o apetite dele , diz uma fonte da OAS. Um dos planos de Suarez seria executar seu projeto de investir no exterior, barrado na OAS. A única certeza é que a continuação do processo não interessa a nenhum dos envolvidos. Anos podem se passar antes que a Justiça tome uma decisão. "Enquanto isso, a empresa corre o risco de ficar à deriva", diz um executivo do grupo.





02/07/2014

Apesar de mais conhecidas no Brasil por sua atuação no setor de construção civil, as chamadas “quatro irmãs” – Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez – hoje atuam em diversas outras atividades. As empreiteiras respondem apenas por parte dos lucros destes grupos econômicos que atuam em todos os continentes, com foco nos mercados da África, América Latina e Ásia. Juntas, possuem empreendimentos que vão do agronegócio à moda, passando pela petroquímica, setor armamentício, telefonia e operação de concessões diversas.

Os controladores, porém, permanecem os mesmos e os maiores ganhos ficam com as famílias que comandam as empresas. “O controle de base familiar é uma característica da formação do capital monopolista dos grupos econômicos constituídos no Brasil. Embora isso não impeça a abertura de capital, esta é feita de modo a preservar sempre o controle acionário dos ativos mais rentáveis pelas famílias controladoras. Isso confere à estrutura societária desses grupos um formato piramidal, em que um controlador último controla toda uma cadeia de empresas”, analisa o cientista político da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) João Roberto, que coordena o Instituto Mais Democracia.

Além do controle familiar, outro traço comum é o fato de serem grandes financiadoras de campanhas. Entre as eleições de 2002 e 2012, juntas, as quatro empresas investiram mais de R$ 479 milhões em diversos comitês partidários e candidaturas pelo Brasil. No Estado do Rio de Janeiro, o PMDB é de longe o partido mais beneficiado, com R$ 6,27 milhões, mais que a soma dos quatro seguintes: PT, PSDB, PV e DEM. Porém os repasses podem ser ainda maiores em anos não-eleitorais. Em 2013, por exemplo, somente a Odebrecht repassou R$ 11 milhões dos R$ 17 milhões arrecadados pelo PMDB.

Além dos contratos para obras públicas, o governo federal também incentiva o negócio dessas empresas através do BNDES. Por meio da Lei de Acesso à Informação a reportagem apurou que, entre 2004 e 2013, o banco realizou 1665 transferências para as construtoras das “quatro irmãs”, totalizando mais de R$ 1,7 bilhão em empréstimos. Deste total, a Odebrecht e Andrade Gutierrez foram as maiores beneficiadas, levando R$ 1,1 bilhão. As duas também lideram o ranking de desembolsos para operações de exportação entre 2009 e março de 2014. Juntas, levaram mais de U$ 5,8 bilhões em empréstimos neste segmento. “É importante chamar a atenção para o fato de que o BNDES também tem participações, através do BNDESPAR no capital de empresas controladas pelas referidas empreiteiras, como a CPFL, controlada pela Camargo Correa; a Braskem, controlada pela Odebrecht; e da Oi/Telemar, controlada pela Andrade Gutierrez”, destaca João Roberto.

Conheça a história dessas quatro gigantes.

OAS
“Obras Arranjadas pelo Sogro”, “Obrigado Amigo Sogro”, “Organização Apoiada pelo Sogro”… As paródias com a sigla da construtora OAS vão tão longe quanto a imaginação permite. Em comum, a eterna gratidão da empresa ao “sogro”, que pode ser descrito com outras três letras: ACM, ou Antônio Carlos Magalhães, político símbolo do coronelismo na Bahia. Já o referido genro atende pelo nome de Cesar Araújo Mata Pires, dono do grupo empresarial, que debutou na lista de bilionários da Forbes em 2014 com aproximadamente R$ 3,6 bilhões em patrimônio pessoal.

Criada em 1976, a empresa levou apenas oito anos para ficar entre as dez maiores do Brasil. Além do “A” de Cesar Araújo, a sigla da companhia traz outros dois sobrenomes: “O” de Durval Olivieri e “S” de Carlos Suarez. Em comum, os três tinham ainda experiência de trabalho na construtora Odebrecht.

Assim, a OAS começou a atuar por meio de subcontratos com a Odebrecht. Foi por meio dela também que Cesar Araújo conheceu o então governador Antonio Carlos Magalhães. O futuro encontro dele com a filha de ACM iria aquecer não só seus corações, mas também os negócios da empresa.

Segundo o historiador Pedro Campos, da Universidade Federal Fluminense, a OAS atuava apenas no nordeste até o final da década de 80, em especial nos estados governados por aliados de ACM. “A ARENA era muito poderosa no norte e nordeste. E Antonio Carlos tinha muitos aliados ali. A OAS chega ao sudeste apenas na década de 90”, diz. Ex-proprietário da TV Bahia, retransmissora da Globo na região, e filiado ao PSD, Mata Pires de fato deve muito ao sogro pela ascensão da OAS.

Hoje, no Rio de Janeiro, a empresa é responsável pela construção da Transcarioca, parte do consórcio Porto Novo S/A e é uma das controladoras do Metrô Rio, por intermédio da Invepar. Dentre os projetos ligados à Copa e Olimpíadas, a OAS também participa dos consórcios do Porto Maravilha (R$ 7,7 bilhões), Transolímpica (R$ 1,6 bilhão), Reabilitação Ambiental da Bacia de Jacarepaguá (R$ 673 milhões), do VLT (R$ 1,2 bilhão), além de ter feito as obras de controle de enchentes na Praça da Bandeira, próximo ao Maracanã (R$ 292 milhões).

A OAS foi a empresa que mais financiou campanhas de Sergio Cabral para o governo do Estado: foi repassado R$ 1,8 milhão diretamente para suas duas candidaturas, em 2006 e 2010. Em 2008, a construtora também investiu no principal candidato à prefeitura do Rio: foram R$ 350 mil diretamente para a campanha de Eduardo Paes. Ainda que se leve em conta os R$ 850 milhões repassados para o comitê financeiro do PMDB no Rio de Janeiro entre 2006 e 2012, os financiamentos de campanha são uma bagatela perto dos contratos bilionários firmados com a empresa durante a gestão de ambos.

Apesar do êxito da empresa em todo o país, as condições de trabalho para os operários da OAS estão longe de serem as melhores. Após fiscalização em obras do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo no ano passado, o Ministério Público e Ministério do Trabalho encontraram nada menos que 111 operários em condições análogas à escravidão. A OAS foi obrigada a pagar multa de R$ 15 milhões.

A OAS foi a empreiteira entre as “quatro irmãs” que mais demorou para se internacionalizar, expandindo seus negócios apenas em 2003. Atualmente já realiza diversas operações internacionais, algumas delas por meio da OAS Finance Limited, subsidiária nas Ilhas Virgens Britânicas, e toca projetos em praticamente toda América do Sul e Central, além de Moçambique, Angola, Guiné Equatorial, Gana e Guiné, na África.

No Brasil, a OAS foi uma das investigadas pela Polícia Federal, durante a Operação Caixa Preta, por irregularidades na licitação de obras em 10 aeroportos. A Justiça Federal do Distrito Federal julga os envolvidos por fraude nas licitações e formação de quadrilha. Quatro obras ainda estão em fase de inquérito no Ministério Público: os aeroportos de Uberlândia, Cuiabá, Corumbá e de Brasília.

O Império de Areia
Em 1926, seria difícil imaginar que as carroças de Sebastião Ferraz de Camargo um dia fariam de sua futura viúva a mulher mais rica do Brasil, com um patrimônio de US$ 13 bilhões. Aos 17 anos o jovem de Jaú (SP) transportava areia para a construção de estradas no interior paulista. Dez anos depois, fundou a Camargo Corrêa & Cia Ltda em parceria com o advogado Sylvio Correa, que deixaria sua marca no nome da empresa mesmo tendo saído dela em 1964. Em 1985, Sebastião Camargo já comandava a maior empreiteira do Brasil e era doutor honoris causa na Escola Superior de Guerra – mesmo tendo o primário inconcluso.

De fato, não foram apenas os cavalos que levaram a carroça de Sebastião ao topo da economia brasileira. Sua decisiva proximidade com a cúpula de Brasília começou com a construção das vias de acesso à própria capital, no Governo JK, mas foi estreitada com a ditadura militar. “A Camargo Correa é a maior empreiteira do regime militar, a mais vinculada com o projeto da ditadura”, afirma o historiador Pedro Campos.

Na época, Sebastião se tornou alvo de grupos guerrilheiros, como a Ação da Libertadora Nacional (ALN) e a VPR, comandada por Carlos Lamarca. Seu nome é mencionado em depoimentos e publicações da ALN como alvo preferencial, ao lado de outros empresários, como Pery Igel (Grupo Ultra/Ultragás) e Roberto Campos (Univest/Investbanco). “Existe uma característica comum entre os três supracitados cavalheiros: todos financiam a repressão policial da ditadura, pagam os carrascos da OBAN (Operação Bandeirantes) e dão prêmios de milhões de cruzeiros por cada guerrilheiro assassinado”, publicou a ALN na quinta edição de seu jornal “Venceremos”.

A proximidade com a ditadura também lhe rendeu diversas obras públicas para alavancar seu negócio, mesmo fora do Brasil. A participação de sua empresa na construção da hidrelétrica de Itaipu, por exemplo, teria sido uma imposição ao governo de Ernesto Geisel feita por seu parceiro de pescaria, o ditador Alfredo Stroessner, que governou o Paraguai por 35 anos.

Avesso a entrevistas, Sebastião Camargo declarava abertamente sua simpatia pelo regime autoritário, mesmo após a redemocratização. “Acho que o grande progresso do Brasil foi no governo militar”, disse o fundador da empreiteira em entrevista para a Folha de São Paulo, em 1990.

Enquanto se fortalecia na construção civil, Sebastião começou a diversificar e internacionalizar seus negócios. Em 1978, a empresa estreou no exterior na liderança de um consórcio internacional para construir uma usina hidrelétrica na Venezuela. A estratégia funcionou. Em 2012 pouco mais da metade da receita líquida de R$ 23,372 bilhões da empresa veio do ramo de cimento (com a InterCement) ou engenharia; o restante vem de áreas como concessões de transporte e energia (CCR, CPFL Energia), indústria naval (Estaleiro Atlântico Sul), incorporação imobiliária e vestuários e calçados (Alpargatas). Pertencem a este último grupo, inclusive, as marcas mais conhecidas da empresa, como as Havaianas, Topper, Rainha, Mizuno e Osklen.

O império da mais antiga das empreiteiras se viu fortemente abalado em 2009 com a operação Castelo de Areia da Polícia Federal. A investigação sobre crimes financeiros e lavagem de dinheiro da empresa trouxe à tona denúncias de formação de cartel, fraudes a licitações e pagamentos milionários a políticos de alto escalão, que beneficiariam inclusive o atual vice-presidente Michel Temer. Envolvendo diversos partidos, como o PMDB, PT, PSDB, PR, DEM, PCdoB, PSB e PP, a investigação causou embaraços tanto ao governo Lula como à oposição.

A Camargo Corrêa foi denunciada pelo Ministério Público Federal por formação de cartel nas obras do metrô de Salvador junto com a Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão e outras empresas que também estariam envolvidas no acordo. Para se defender, contratou os serviços de advocacia do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos por nada menos que R$ 15milhões. A batalha jurídica chegou ao Supremo Tribunal de Justiça, que suspendeu a operação em 2011, alegando ilegalidade na coleta de provas.

Ainda hoje, porém, a Camargo Corrêa sente os efeitos da investigação. Documentos ausentes do processo original da Castelo de Areia chegaram ao Procurador-Geral da República no final do ano passado e podem reabrir o caso, que envolveria também um esquema de pagamento de propinas na concessão do Metrô Rio durante a gestão de Sérgio Cabral. Segundo reportagem da RevistaÉpoca, a Polícia Federal teria descoberto tardiamente a relação entre parte das provas apreendidas na operação e o pagamento de uma dívida de R$ 40 milhões do Estado do Rio com a Camargo Corrêa por intermédio da Opportrans. Esta empresa do Grupo Opportunity teria quitado a dívida do Estado em 12 parcelas em 2008, livrando-o assim de cinco ações judiciais movida pela empreiteira. Por sua vez a Opportrans ganhou a renovação de seu controle da concessão do Metrô Rio até 2038, porém a repassou um ano depois para a OAS e os fundos de pensão do Banco do Brasil e da Petrobras. A reportagem aponta que, para cada parcela recebida pela Camargo Corrêa, 5% teria sido destinado a Wilson Carlos de Carvalho, secretário de Governo e coordenador das campanhas de Cabral. Amigo de longa data, marido de sua prima e ex-sócio do Governador, Carlos Emanuel Miranda também teria recebido o mesmo quinhão, por meio de pagamentos no exterior.

Em 2010, ao lado da OAS, a Camargo Corrêa foi a empresa que mais investiu na campanha de Sérgio Cabral para o governo do Estado. Na ocasião, a empresa doou R$ 2 milhões para o PMDB apenas no Rio de Janeiro. Deste total, R$ 1 milhão foi para a campanha de Cabral. Antigo aliado do PMDB, Lindbergh Farias (PT) recebeu o mesmo valor para sua candidatura ao senado. Hoje rival da chapa peemedebista – pré-candidato ao governo do Rio – Lindbergh recebeu ainda R$ 250 mil diretamente do empresário Julio Gerin de Almeida Camargo naquele ano.

Dentre as quatro irmãs, a Camargo é a empreiteira com menor participação em projetos envolvendo Copa e Olimpíadas. Suas participações se dão por intermédio da Invepar, empresa controlada por ela junto com os três maiores fundos de pensão do país. A Invepar está presente nas obras da Transolímpica e do VLT do Centro do Rio de Janeiro, cujos orçamentos somados chegam a R$ 2,8 bilhões. Por meio da Intercement, outra empresa do seu grupo econômico, a Camargo Corrêa consta ainda entre os condenados pelo CADE no caso do “cartel do cimento”, onde o órgão aplicou a maior da multa de sua histórica: R$ 3,1 bilhões.

De Minas para o mundo
Santo Estevão, Sant’Ana e São Miguel. Assim são chamadas as administradoras que controlam a holding Andrade Gutierrez S.A, segundo levantamento do projeto Proprietários do Brasil. Por trás da santa trindade estão cerca de vinte membros da família Andrade e dois da Gutierrez, que dividem entre si o controle das três empresas; à frente, um dos maiores grupos econômicos do Brasil, com uma receita líquida de quase 14 bilhões de reais em 2012, segundo seu último relatório financeiro publicado.

Da pequena empresa iniciada em Minas Gerais na década de 40 pelos irmãos Roberto e Gabriel Andrade, ao lado do amigo Flávio Gutierrez, até a atual multinacional presente em 44 países (incluindo grandes potências como Alemanha, Rússia, Índia e países com economia de menor expressão como Gana, Ucrânia e Argélia), há um longo caminho marcado por um faro apurado para oportunidades.

Irmão de Roberto e Gabriel, José Maurício de Andrade preferiu a política do que a engenharia. Entre 1947 e 1969, ele foi eleito duas vezes deputado estadual e três vezes deputado federal. Durante a gestão de Juscelino Kubitschek no estado de Minas Gerais, José Maurício foi líder do governo na Assembleia Legislativa, além de ter trabalhado na candidatura do conterrâneo.

Não foi à toa que os negócios dos seus irmãos se expandiram na esteira do crescimento de JK no cenário político nacional: as primeiras obras rodoviárias da empresa se deram quando ele assumiu o governo; e a estreia fora do Estado, com as obras da BR-3 que ligou o Rio de Janeiro a Belo Horizonte, deu-se quando JK chegou à presidência.

Como outras empreiteiras, a Andrade Gutierrez encontrou sua mina de ouro nas obras públicas. Segundo reportagem da Revista Exame, esses contratos correspondiam a 98% do faturamento da empresa em 1989, durante o Governo Sarney. Na mesma época, percebendo a retração dos investimentos públicos para o setor de infraestrutura que se desenhava por conta da crise econômica do país na década de 1980, foi a vez de outro Andrade, filho de Roberto, alinhar a empresa com os novos rumos da economia. Naquela época, Sergio Andrade foi o grande mentor da reestruturação da Andrade Gutierrez e sua expansão para além da construção.

Mas se Sérgio Andrade arquitetou a entrada da Andrade Gutierrez no ramo das teles, foi Otávio Marques quem realizou a engenharia da operação. Em 1992, ele ingressou na empresa trazendo na bagagem sua experiência na presidência da Telemig e da Telebrás, além de sua atuação na Cemig. Seis anos depois, a Telebrás foi vendida na maior privatização do Brasil por mais de R$ 22 bilhões.

Na ocasião, a Tele Norte Leste (posteriormente transformada em Telemar/Oi) foi entregue a um consórcio composto pela Andrade Gutierrez e outras empresas, como a La Fonte Participações, de Carlos Jereissati, irmão do ex-presidente do PSDB, Tasso Jereissati. Segundo dados do último relatório, o setor de telecomunicações foi responsável por 43,2% da receita bruta em 2012: aproximadamente R$ 7,2 bilhões.

Logo depois, em 1998, a Andrade Gutierrez criou a CCR para atuar no mercado de concessões para administração de rodovias no Brasil. Assim, a empresa encerrou o século passado com o caminho pavimentado para expandir no novo milênio.

O sucesso da estratégia de Sérgio Andrade e Otávio Azevedo é evidente nos números da companhia. Em 2010, o setor de telecomunicações respondia por 56,76% da receita bruta de R$ 18 bilhões da empresa.

Àquela altura, Sérgio já havia passado o bastão da presidência do grupo Andrade Gutierrez para Otávio Azevedo, que permanece no cargo até hoje. Atualmente, a CCR possui participação em diversos consórcios no setor de transporte não só no Brasil, como também no exterior. A lista de empresas do grupo CCR é grande e cruza fronteiras: Ponte Rio-Niterói, NovaDutra, ViaLagos, RodoNorte, AutoBAn, ViaOeste, RodoAnel, Renovias, ViaQuatro, Actua, Engelog, Controlar, EngelogTec, Barcas, SAMM, STP, Transolímpica, Aeroporto Internacional de Quito, Aeroporto Internacional de San José e Aeroporto Internacional de Curaçao.

Atualmente, também fazem parte da cadeia de controle da Andrade Gutierrez empresas como a Light, Sanepar e a Cemig. A mais nova aposta do grupo é a Logimed, empresa especializada na gestão de suprimentos, operação logística e sistemas de tecnologia da informação para hospitais. A empresa presta serviços em São Paulo, para a Santa Casa de São Paulo, Santa Casa de Marília e a Unimed, e em Minas Gerais, para o Lifecenter Hospital.

Entre os dez maiores projetos relacionados à Copa e Olimpíadas no Rio de Janeiro, a Andrade Gutierrez foi a segunda maior beneficiada. A empresa garantiu seu quinhão nos orçamentos para a reforma do Maracanã (R$ 1,2 bilhão), Transolímpica (R$ 1,6 bilhão), Parque Olímpico (R$ 2,1 bilhões), VLT do Centro do Rio (R$ 1,2 bilhão), Transcarioca (R$ 1,9 bilhão) e Reabilitação da Bacia de Jacarepaguá (R$ 673 milhões). Na maior parte deles, a Andrade Gutierrez tem a Odebrecht como parceira no negócio. São exceções apenas as duas últimas obras.

Segundo matéria da Folha de São Paulo, a Andrade Gutierrez compartilhou documentações com a Odebrecht em uma concorrência para obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nas favelas do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Ambas empresas também foram alvo de denúncia do Ministério Público por suspeita de formação de cartel em São Paulo para a construção da Linha 5 do Metrô.

Dentre grandes, a gigante
A família Odebrecht tem muito a comemorar no aniversário deste ano de 70 anos de empresa. Maior beneficiada direta com os recursos investidos em obras ligadas à Copa e Olimpíadas no Rio de Janeiro, ela é hoje a líder no setor de construção civil no Brasil e uma multinacional de peso.

Dos dez maiores projetos já licitados envolvendo a Copa e Olimpíada no Rio de Janeiro, a Odebrecht participa de todos, com exceção de dois: a Transcarioca e o projeto de despoluição das lagoas da Barra e Jacarepaguá – neste, é suspeita de ter enviado uma proposta de cobertura para cumprir com uma divisão de obras com suas concorrentes, de acordo com uma denúncia da revista Época.

O orçamento total dos outros oito projetos com participação da Odebrecht em consórcios ultrapassa R$27 bilhões.

A empresa já foi investigada pelo Ministério da Justiça por cartelização em obras em portos no Rio Grande do Sul e São Paulo e denunciada pelo Ministério Público de São Paulo por participação em um cartel para obras na linha 5 do metrô da capital paulista. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica(CADE) também apurou práticas de intimidação à concorrência por meio de acordos de exclusividade com fornecedores, no processo que trata da construção da Hidrelétrica de Santo Antônio e Jirau em 2010.

A história da empresa começa com a chegada de Emil Odebrecht ao Brasil, em 1856. Em terras tropicais, o engenheiro alemão trabalhou na construção de estradas no sul do país. Tempos depois, seu neto Emílio Odebrecht fundou uma empresa neste ramo em Recife, em 1923. O negócio faliu, mas inspirou o bisneto Norberto Odebrecht a fundar a Construtora Norberto Odebrecht.

Hoje, a Odebrecht possui mais de R$ 142,3 bilhões em ativos, de acordo com seu último relatório financeiro. Ao todo, são mais de 175 mil funcionários trabalhando em 25 países dos cinco continentes, sendo 27% estrangeiros. A companhia atua em diversos setores, como petróleo, agronegócio, meio ambiente, defesa, transporte, finanças, entre outros. Apesar de reconhecida principalmente como empreiteira, grande parte de sua receita não vem do ramo de construções ou do mercado imobiliário, mas por meio do refino do petróleo brasileiro – mantendo íntima e polêmica relação com a Petrobras.

No final do ano passado, por exemplo, veia à tona a suspeita de superfaturamento em um contrato de US$ 825 milhões com a petrolífera: ali constavam coisas como o valor R$ 7,2 milhões para aluguel de três máquinas de fotocópias e R$ 22 mil como salário mensal de um pedreiro nos Estados Unidos, segundo documentos obtidos pela Agência Estado.

O estreitamento de laços entre a Odebrecht e a Petrobras deve muito a um Emílio, mas não aquele da família Odebrecht. Embora tenha realizado a primeira obra para a Petrobras – um oleoduto na Bahia – no mesmo ano em que a empresa nasceu, em 1953, – o que define como início de “uma importante parceria que perdura até hoje“ em seu site, a empresa não era mais que uma empreiteira regional de pequeno porte até o início da ditadura militar. A partir de então as coisas mudaram – e rápido, em especial após o governo de Emílio Médici (1969-1974).

Para o historiador Bernardo Galheiro, sua chegada ao poder (1969-1974) estava ligada a uma conciliação entre os interesses de empresários paulistas e baianos. “Na época, a Odebrecht era ligada com outros setores da burguesia baiana, como o grupo Rocha Miranda, família Calmon de Sá e a família Mariani. No governo Médici, eles passaram a dividir o assento do aparato estatal com a burguesia de São Paulo. No de Geisel, assumem o comando”, diz.

“Quando Geisel assume a presidência da Petrobras, ainda no Governo Médici, ele passa a contratar sistematicamente a Odebrecht; quando assume a presidência do país [1974-1979], a empresa dá um salto”, confirma Pedro Campos, que pesquisou a ascensão das empreiteiras no regime militar. Os números do período não deixam dúvida: em 1971, a empresa era a 19ª maior construtora do país; dois anos depois alcançava o terceiro lugar.

Não por acaso, o primeiro projeto da Odebrecht fora do Nordeste ocorre naquele período, a construção da sede da Petrobras no Rio. Um marco não apenas da expansão da empresa, mas da aproximação que seria decisiva para a futura diversificação de seus negócios. Durante a década de 1970, a Odebrecht assumiu obras importantes, como o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o campus da Universidade da Guanabara (atual UERJ) e a Usina Nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

Com o fim do “milagre econômico”, veio a retração dos investimentos públicos em obras. Então, já como uma das maiores empreiteiras do país, a Odebrecht passa a comprar empresas no setor petroquímico. Segundo o site da companhia, “a estratégia adotada pela Odebrecht para construir uma petroquímica brasileira líder no setor na América Latina envolveu uma série de outras aquisições. Muitas possibilitadas pelo Programa Nacional de Desestatização, iniciado na década de 90, no qual o Governo Federal vendeu participações em empresas da área”. Reunindo todas as empresas do ramo incorporadas, em 2000 a Odebrecht cria a Braskem.

No Governo Lula, a Braskem consolidou o domínio do setor petroquímico no Brasil, tendo a Petrobras e o BNDES como acionistas do negócio. Concorrendo apenas com empresas estrangeiras, em um país com um dos maiores impostos do mundo para importação de resinas termoplásticas, a Braskem controla o preço de derivados de petróleo. No ano passado, em requerimento para a redução das taxas de importação, o deputado Sandro Mabel (PMDB) considerou a Braskem um “monopólio com mais de 80% do mercado de resinas termoplasticas”, cujo poder de mercado cria “inflação nos produtos que são consumidos pela classe mais necessitada”.

A Odebrecht vem recebendo seguidamente financiamentos bilionários do BNDES: entre 2004 e 2013, a Fundação Odebrecht, a construtora e a Odebrecht Óleo e Gás receberam juntas mais de R$ 498 milhões, segundo levantamento feito pela reportagem com dados obtidos no site da empresa e por Lei de Acesso à Informação. Mas a preferida do BNDES é a Braskem: apenas entre 2008 e 2013, esta empresa do grupo recebeu mais de R$ 4,1 bilhões em empréstimos. A Odebrecht é ainda a maior beneficiada com desembolsos do BNDES para operações de exportação. Entre 2009 e março de 2014, foram repassados mais de U$ 5 bilhões para a empresa.

Recentemente, a família entrou também no setor armamentício, com a Odebrecht Defesa e Tecnologia, que “concebe, implanta, integra e gerencia tecnologias e produtos de uso militar e civil”. Entre 2007 e 2010 o orçamento do Ministério da Defesa aumentou 45%. E a Odebrecht foi uma das maiores beneficiadas pelos investimentos na Marinha. Junto com a empresa francesa DCNS abocanhou um contrato de R$ 21 bilhões – sem licitação – para a construção do submarino nuclear brasileiro, a ser entregue em 2023, além quatro submarinos convencionais.

Mesmo após deixar a presidência, Lula continua fortalecendo a empresa dentro e fora do país. Em viagem oficial o ex-presidente escalou um executivo da Odebrecht para a comitiva que representaria o país na Guiné Equatorial. De acordo com levantamento da Folha de São Paulo, feito em março de 2013, a Odebrecht, OAS e Camargo Corrêa pagaram quase metade das viagens internacionais de Lula, após deixar a presidência, até aquela data.

Segundo Emílio Odebrecht Jr, sua aproximação com Lula começou em 1992, quando Mário Covas apresentou um ao outro. Em 2008, o empresário afirmou que o encontro gerou “uma relação extremamente gratificante” e sentenciou: “O presidente Lula não tem nada de esquerda, nunca foi de esquerda”.

Três anos depois, na apresentação do projeto do Itaquerão – construído também pela empresa – o mesmo Emílio Odebrecht saudou a chegada de Lula exclamando: “Meu chefe!”.

Adriano Belisário realizou a pesquisa em parceria com o projeto “Quem São os Proprietários do Brasil?”

Fonte: Agência Pública




8 de janeiro de 2016

Conclusão é baseada em mensagens no celular de empreiteiro Léo Pinheiro

Folha de S. Paulo

Mensagens apreendidas no celular do ex-presidente da OAS é o Pinheiro acenderam alerta na Operação Lava Jato sobre indícios de reprodução do esquema de corrupção das fornecedoras da Petrobras em fundos de pensão e no FGTS, com pagamento de propina a PT e PMDB. De acordo com a PGR(Procuradoria- Geral da República), as mensagens indicam que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o tesoureiro afastado do PT, João Vaccari Neto, cobraram “vantagens indevidas” por operações de capitalização das empresas do grupo OAS. O foco das suspeitas são emissões de debêntures (títulos de dívida) que tiveram adesão de bancos estatais, fundos de pensão e o FI-FGTS (Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Empresas do grupo emitiram quase R$ 3 bilhões em títulos desde 2010.

“Pelo que se pode inferir das mensagens, há aquisição de debêntures emitidas pelas empresas, que são adquiridas ou por bancos — Caixa Econômica Federal, por meio do FI-FGTS, ou BNDES - ou por fundos de pensão onde há ingerência política”, escreveu o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nos autos da Operação Catilinárias, desdobramento da Lava Jato. “Tudo mediante pagamento de vantagem indevida aos responsáveis por indicações políticas, inclusive doações oficiais”, concluiu. Pinheiro foi preso em 2014 e condenado a16 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e integrar organização criminosa. A OAS está em recuperação judicial.

Vaccari e amigo JW

Em abril de 2013, segundo a PGR, Pinheiro informou a um dirigente da empresa que havia recebido uma ligação de Carlos Augusto Borges,então diretor do Funcef (fundo de pensão da Caixa), dizendo- se preocupado com um aporte para a empresa. Segundo Borges, indicado pelo PT, o dinheiro do Funcef não saía por oposição no banco. Pinheiro disse que no mesmo dia recebeu uma ligação de Vaccari para marcar encontro pessoal. Na interpretação da PGR, o então tesoureiro do PT, “já mencionado em outros esquemas envolvendo desvios de fundos de pensão”, queria receber “parte da propina” pela operação. Na mesma mensagem que cita o impasse, o empreiteiro cita “o nosso amigo JW” — que seria o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner.

Mas não há detalhamento se o ministro foi procurado. A abertura de um novo front na Lava Jato da suposta corrupção na captação de recursos no mercado de capitais é alimentada também por citações de Pinheiro à Previ e ao Banco do Brasil. O empreiteiro era interlocutor frequente de Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e atual presidente da Petrobras. Eles trataram do lançamento de ações da Invepar, empresada OAS em sociedade com fundos de pensão que administra o aeroporto de Guarulhos e estradas, e a emissão de uma nova debênture de R$ 500 milhões. Nenhum dos negócios saiu. Além disso, mensagens de 2012 fazem menção a RF. Trata- se de Ricardo Flores, presidente da Previ (fundo de pensão do BB), outro que é ligado ao PT. Na época, Flores e Bendine travavam disputa em torno dos investimentos do fundo. A Previ era sócia da OAS na Invepar e o lançamento de ações da empresa estava sendo tratado com o BB.



Isso é Brasil - Mc Garden – Legenda





Brazil(1985) Trailer

Danios 12345

Enviado em 8 de dez de 2007

Brazil 1985 Trailer Terry Gilliam Jonathan Pryce Robert De Niro Katherine Helmond Ian Holm Bob Hoskins Michael Palin Kim Greist



Brazil (1985)

Aniel Cruz

Publicado em 25 de mai de 2014

Num futuro próximo, o filho de um ex-ministro não tem maiores ambições. Até o dia que encontra a garota de seus sonhos, uma terrorista participante da luta contra o sistema. Sem querer, acaba se envolvendo nessa oposição.

Nome original :Brazil

Diretor:Terry Gillian

Elenco:Jonathan Pryce, Kim Greist, Robert De Niro, Katherine Helmond, Ina Holm, Bob Hoskins, Michael Palin, Ian Richardson, Peter Vaughan, Jim Broadbent

Duração:124 min

Ano:1985

Cor:Colorido

Legendas em português disponíveis.



Title
:
Café Filosófico - Vaidade - Orgulho nosso de cada dia, com Leandro Karnal (Versão TV Cultura)
Duration
:
52:42




Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade! (Eclesiastes 1.2)




7 de outubro de 2014 


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