domingo, 3 de abril de 2016

Pascal, Pascoal e Paschoal

Antes deles, avistaram apenas montes





No dia 22 de Abril de 1500, chegavam ao Brasil as treze caravelas portuguesas, lideradas por Pedro Alvares Cabral, que vinham com o objetivo de colonizar esta porção de terra, da qual eles não tinham noção da dimensão.

Ao avistarem o primeiro ponto de terra, acreditaram se tratar de um monte, e por este motivo deram-lhe o nome de Monte Pascoal (monte da Páscoa), pois estes desembaraçaram no Brasil durante a época da Páscoa.  No dia 26 de Abril de 1500 foi celebrada, pois, a primeira missa no Brasil.

O local foi habitado pelos índios Tupinambás e em seguida pelos Pataxós, os quais sobreviviam do artesanato, da caça e da pesca. É um monte de 586m de altura, que está localizado em Itamaraju, no estado da Bahia, a 62 km de Porto Seguro.





Em 29 de novembro de 1961, foi oficialmente criado o Parque Nacional do Monte Pascoal, o qual ainda hoje possui uma reserva indígena que abriga os índios Pataxós de cerca de 8.600 hectares. A área total do parque é de 22.500 hectares de terra cobertos pela mata Atlântica.

O relevo do terreno é caracterizado pela presença de bancos de recifes, depósitos de praia, planícies, colinas e pequenas serras de rochas cristalinas, tendo como vegetação predominante a Floresta Tropical Pluvial. Possui uma fauna diversificada, com espécies como a ariranha e o veado-campeiro, animais ameaçados de extinção, além de outros também raros como a preguiça de coleira, o guariba, a suçuarana, a onça, etc. Possui ainda aves como o urubu-rei, o macuco e o mutum. Do topo do monte pode-se avistar, de um lado, o oceano atlântico, e do outro a Serra do Itamaraju. O clima é tropical, apresentando uma temperatura média de 21ºC.

O principal acesso ao parque, que está aberto à visitação, se dá pela cidade de Itamaraju. As visitas podem acontecer das 7h às 18h, e é cobrada uma taxa para entrar. Além das trilhas que podem ser percorridas no parque, há a opção de conhecer a história do descobrimento do Brasil na ida ao centro de visitantes.

O objetivo do parque é conservar o ecossistema, os recursos, as espécies de animais e vegetais, além de proteger o patrimônio histórico que é o Monte Pascoal.

Fontes:


Arquivado em: Bahia




O Monte Pascoal é um pequeno monte localizado no município de Itamaraju no estado da Bahia. Segundo os registros históricos, o Monte Pascoal teria sido a primeira porção de terra avistada por Pedro Álvares Cabral e sua tripulação no dia 22 de Abril de 1500, data do primeiro contato entre os portugueses o os índios que habitavam o Brasil.  O acidente geográfico recebeu este nome justamente porque o desembarque ocorreu na época da Páscoa do ano de 1500.



Blaise Pascal




FILOSOFIA

“O coração tem razões que a própria razão desconhece”.

Um gênio assustador! Precoce, Pascal demonstrou suas habilidades quando, aos 18 anos de idade, inventou a calculadora. Como matemático e físico, ele se converteu ao Jansenismo e se retirou para Port-Royal. Denunciou em “Les Provinciales” a moral liberal dos Jesuítas.

Mas foi em “Os Pensamentos” que fez sua defesa da religião cristã, destinada a tocar os libertinos (pessoas que negam toda religião revelada, a qual se deve demonstrar) e os céticos (que colocam tudo em dúvida). Segundo Pascal, o homem é um ser miserável, um “nada do ponto de vista do infinito universo, um tudo do ponto de vista do nada, isto é, um meio-termo entre o nada e o tudo”. Ele é incapaz de atingir a verdade, pois a razão humana é constantemente enganada pela imaginação ou outras “potências enganadoras”. Sua única esperança é Deus: ele tem tudo a ganhar apostando na existência Dele. É o famoso argumento da aposta.

Tocado pela cura miraculosa de sua sobrinha, em 24 de março de 1656, Pascal engajou-se em uma reflexão sobre a significação dos milagres, iniciando pela luta dos jansenistas contra os jesuítas e, em seguida, no debate entre cristãos e ateus. Pouco a pouco, formou-se o projeto de uma apologia da religião cristã que, em seu primeiro momento, visava apresentar os milagres como fundamento da religião. O filósofo renuncia, pois, esta argumentação no ano seguinte para trabalhar em um projeto que funda a religião sobre a Sagrada Escritura e sua interpretação simbólica. As grandes linhas desse projeto são apresentadas em uma conferência em Port-Royal em 1658. Nessa data, numerosos fragmentos foram já redigidos. Gravemente doente a partir de 1659, Pascal retomou seu trabalho apenas no outono de 1660.

Basta abrir os olhos para constatar que o comportamento dos homens é quase sempre incoerente. Nosso julgamento é inconstante, o exercício de nossa razão é perturbado pela imaginação, nós vivemos no passado e no futuro, jamais no presente e nossas mais belas ações têm por causa motivos irrisórios. O mais espantoso dessa constatação é que ela seja realizada por tão poucas pessoas. Há incoerência em nossos desejos e em nossa forma de julgar o que é o bom ou o mau para nós. Não podemos gozar de um bem até que sua perda nos torne infelizes. Nós buscamos a satisfação por meios falsos, por exemplo, querendo ser obedecidos porque nós somos belos (vaidade)! Nós somos tão incapazes de determinar o justo e o injusto que nossa sabedoria aceita a lei e os costumes de um país, em tudo o que ela tem de arbitrário.

A ideia geral do Jansenismo é a de que o homem não pode salvar a si próprio. Após o pecado original, ele pode somente esperar a graça de Deus, concedida a um pequeno número de eleitos, dom absolutamente gratuito como prova da soberana liberdade divina. Ela se opõe, assim, às ideias desenvolvidas pela Companhia de Jesus, inspiradas no teólogo espanhol Molina, segundo as quais o homem poderia realizar sua salvação no mundo, pois a assistência de Deus é concedida a cada um no momento da tentação. Essa concepção teológica permitiria, na vida moral, numerosos acomodamentos com os preceitos religiosos. Ela conciliaria, em todo caso, vida profana e vida religiosa. Ao contrário, os jansenistas são partidários do rigor, da austeridade, da retirada das armadilhas ilusórias e dos falsos pretextos do século.

Dessa forma, conforme Pascal, os filósofos que se contentam em denunciar a miséria do homem – os céticos ou pirrônicos – estão enganados; o homem possui também uma grandeza, e seria somente por isso que ele reconheceria a sua miséria e que há uma ideia de verdade. Se nossa razão é impotente para compreender os dois extremos (tudo ou nada) ela pode conhecer o meio, algumas verdades no domínio científico; nisto ela é ajudada pelo coração, que nos dá as intuições fundamentais sobre as quais ela constrói, em seguida, suas demonstrações. Não se trata de certezas inabaláveis. Também só ela não pode nos dar a fé em Deus. Somente aqueles a quem Deus deu a religião por sentimento do coração que são bem-aventurados e legitimamente persuadidos, mas aqueles que não o têm, nós não podemos dá-lo, senão pela razão. O que significa dar a fé pela razão? Conduzir o homem a tomar consciência de sua contradição e da impotência das filosofias, já que nelas se afirma e se nega de tudo, e admitir que somente a religião pode fornecer respostas satisfatórias para nossos anseios. Mas o princípio sobre o qual repousa estas respostas – o pecado original – é incompreensível pela razão. É preciso aceitar como um mistério inacessível. “O coração tem razões que a própria razão desconhece”.

Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP





Filósofo francês




Blaise Pascal (1623-1662) foi um físico, matemático, filósofo e teólogo francês.

Pascal teve uma boa educação, baseada em sólidos princípios morais, concomitante ao ensino da história e filosofia. Órfão de mãe desde cedo, teve a sua educação aos cuidados do pai. Prodígio, aos 11 anos escreveu um tratado sobre os sons, baseado nas suas experiências. Aos 17, inventou a “máquina aritmética”, que evoluiria para a máquina de calcular.

Sua trajetória na ciência se deu, em boa parte, nos estudos do cálculo e das ciências. Ampliou a teoria de Torricelli sobre a pressão atmosférica, criou ramos da matemática como a geometria projetiva e a teoria probabilística e desenvolveu estudos sobre o cálculo infinitesimal. Aos 30 anos, Pascal passou a se interessar por questões religiosas, principalmente ligadas aos milagres, depois da cura da sua sobrinha de uma doença considerada incurável.

Pascal envolveu-se com o jansenismo, uma corrente de pensamento que difundia a idéia de que a razão era a “mãe das heresias”. Passou a ter uma vida reclusa, cultivando sempre a contemplação religiosa.

Obras importantes de Pascal: “Dedicatória a Monsenhor Chanceler Acerca da Nova Máquina Inventada pelo Senhor Blaise Pascal “(1645), “Novas Experiências Sobre o Vácuo” (1647), “Generatio Conisectionum” (1648),” Primeira Carta Circular Relativa à Ciclóide” (1658) e “Oração para o Bom Uso das Doenças" (1659).

Morreu aos 39 anos de idade, mas teve uma vida intelectual fértil no pouco tempo que viveu.



Blaise Pascal - Filme Completo




Hermeto Pascoal


Pensamento Positivo - Hermeto Pascoal e grupo





Hermeto Pascoal - Quebrando Tudo


Hermeto Pascoal - Slaves Mass (1977)







22/6/1936 Lagoa da Canoa, AL



Compositor. Instrumentista. Toca acordeão, flauta, garrafa, piano, bacia, saxofone e sintetizador, entre outros instrumentos musicais.

Nascido na cidadezinha de Lagoa da Canoa, município de Arapiraca, em Alagoas, não foi trabalhar na roça porque não podia pegar sol. Ia para a roça em um carro de boi com seu pai e ficava deitado em uma árvore, ouvindo passarinhos.

Autodidata, aprendeu a tocar praticamente sozinho.

Começou a tocar acordeon aos 10 anos de idade. Aprendeu junto com o irmão José Neto, tocando na harmônica de oito baixos do pai, que a deixava em casa para ir trabalhar. Os dois passaram a revezar-se tocando acordeão em festas de casamentos, batizados e bailes ao ar livre, debaixo de árvores, os chamados bailes de pé-de-pau, comuns no Nordeste e no Norte. O pai chegou a vender duas vacas para poder pagar um acordeão de 32 baixos para os filhos. Em 1950, sua família mudou-se para o Recife.





Entrevista. Hermeto Pascoal

Músico vem a São Paulo para fazer dois shows; ele recebeu o 'Estado' em sua casa, no bairro de Bangu, zona Oeste do Rio



JULIO MARIA / BANGU (RJ) - O ESTADO DE S.PAULO

18 Março 2016 | 06h 00 - Atualizado:18 Março 2016 | 07h 54

Antes da música, eram apenas sons. Não havia piano nem violões, rádios nem cantoria. A infância de Hermeto Pascoal vivida no final dos anos 30 em Lagoa da Canoa, antigo município de Arapiraca, interior de Alagoas, seria no mais profundo silêncio se o bruxinho albino não tivesse vindo ao mundo de ouvidos bem mais abertos do que os olhos. A música de Hermeto estava na fala dos adultos, no metal batido do avô ferreiro, no ritmo das gotas da chuva e na melodia dos pássaros. Quando a mãe viu seu menino tocando algo parecido com Asa Branca em peças de ferro amarradas a um varal, correu para pedir socorro ao avô: “Venha, pelo amor de Deus, o menino ficou louco.”





Hermeto em sua casa, no bairro de Bangu, zona oeste do Rio

A mãe tinha razão. Quase oitenta anos se passaram e Hermeto continua louco. Miles Davis o chamou de “crazy albino” depois de gravar com ele duas músicas, chamá-lo para integrar seu grupo e ouvir um “não” que o desconcertou para sempre.

Músicos não entenderam sua linguagem e professores se recusaram a tê-lo como aluno. Chick Corea, Stan Getz, John McLaughlin, ninguém dormia muito bem depois de dividir um palco e ou um estúdio com ele.

Hermeto completa 80 anos no próximo dia 22 de junho. Vai fazer shows e exposições pelo Rio de Janeiro para mostrar suas centenas de músicas escritas em objetos como chapéus, bandejas de restaurante, revistas de bordo e guardanapos. As mostras, por enquanto, estão confirmadas apenas para Bangu, Jacarepaguá e Madureira. Antes de tudo, faz em São Paulo, no Sesc Vila Mariana, duas apresentações, amanhã (19) e domingo (20), dedicadas ao seu leal saxofonista Vinicius Dorim, morto em janeiro.

Ele vive há seis meses no apartamento do filho percussionista Fábio Pascoal, em um conjunto residencial de Bangu, na zona oeste do Rio. Vida nova para quem passou os últimos 12 anos em Curitiba casado com a cantora Aline Morena, 43 anos mais jovem. A separação foi amigável. “Ela vai estar no show com a gente, segue se apresentando com o grupo”. Sentado em sua sala, cheio de vitalidade e ainda capaz de se apaixonar pelo som dos disparos da máquina fotográfica da reportagem, Hermeto recebeu o Estado para esta conversa.

Quantas músicas já escreveu, Hermeto?
Mais de sete mil, umas sete mil e setecentas. Ou mais Quando pego um avião, por exemplo, e não tenho nada para fazer, uso as partes em branco das revistas para criar alguma música. Estou agora mesmo terminando uma que comecei em uma viagem dessas.

Mas toca tudo o que compõe?
Não, eu apenas dou para as pessoas tocarem. Meu prazer é escrever. Eu já pensei para que estou fazendo isso se não vou escutar nem 100 dessas músicas. Não sei. Deus não fez o mundo para os outros? Escrever música é minha primeira e segunda necessidades.

O senhor aprendeu música na escola?
Os professores não quiseram me ensinar porque eu sempre quis sentir antes de saber. Eles querem saber primeiro, mas o sentir está na frente do saber. Por que você vai duvidar do seu sentir? Quando faz isso, não dá liberdade para sua própria criatividade. Muitas pessoas duvidavam de mim, não acreditavam que eu havia feito as músicas que eu mostrava para elas. Até que um dia em que, anos depois, minha mulher Ilza, que já partiu desse mundo, me disse assim: “Loro, pense: a sua música, o seu maestro e o seu professor são o seu dom. Foi Deus quem deu a você.” Ela me acendeu de um jeito... Eu sempre me lembro de Ilza dizendo isso. Quem duvida de você no jornalismo não são os próprios jornalistas? Pois é, quem duvidava de mim eram os próprios músicos. “Esse cara doido que toca chaleira”, diziam. Sim, eu toco, mas toco uma chaleira bem afinadinha.

A saída, então, foi aprender sozinho?
Sim, mas é triste não ter na vida um guia, um mestre. Então, eu usei a própria música, ela mesmo passou a tirar minhas dúvidas. E então, ninguém acreditava também que eu não tinha professor. Quando era jovem, morando em São Paulo, tocava muito em orquestras sem saber ler, só improvisava. Certo dia fui tocar em um aniversário de casamento e lá veio uma velhinha com a partitura nas mãos me pedindo uma valsa. O trombonista amigo meu cantou a música no meu ouvido e eu saí tocando com meus acordes. No final, o maestro perguntou a ela o que havia achado, e ela disse: “Eu gostei, mas achei meio estranho, sabe maestro?”

O senhor parece muito bem de saúde.
Sim, agora aos 80 eu vou começar a contar os dias para viver, mais uns 400 anos está bom. Eu só escrevo partitura grande porque não enxergo muito bem, meus olhos ficam se mexendo para os lados. Mas veja a vantagem: quando estou sentado ao lado de uma mulher de saias, ela não sabe que um dos olhos está vendo suas pernas. Olha que maravilha.

O senhor parece ter uma relação religiosa com sua música...
Eu sinto a presença de pessoas que já foram quando estou no palco, para mim é normal. Eu nem digo mais. A turma chega mesmo. Não sou vidente, nada disso, apenas sinto, vejo. Às vezes, estou em um palco e chega o Tom Jobim, chega o Sivuca, o Dominguinhos. É algo natural para mim, mas não é coisa de religião. Minha religião é a música.

E como a música chega para você?
A música, para mim, está em todos os lugares. Eu transformo qualquer coisa em música.

Quando perguntamos aos artistas quem mais influenciaram suas vidas, eles costumam dizer nomes de músicos como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Miles Davis. O senhor diz que foi o seu avô ferreiro, os pássaros, os peixes. O fato de o som ter chegado antes da música pode explicar sua forma diferente de pensar harmonias e melodias?
Eu fiquei na minha terra até os 14 anos, mas parece que eu fiquei mais de 100 anos. E lá não tinha luz. Minha vida era no campo. Eu escutava os animais e os vendedores que são lindos, que precisam saber cantar para vender. Meu avô era um ferreiro maravilhoso e eu adorava os sons que ele fazia. Quando ele trabalhava, eu pegava os ferrinhos que sobravam e os colocava em um saquinho escondido. Fui juntando. Um dia peguei escondido da minha mãe um cordão de varal, estiquei e coloquei as peças penduradas. Minha mãe escutou e pensou que eu estava doido. Saiu correndo chorando e foi falar com meu avô: “Vai lá ver o menino que ele ficou doido”.

E então, um dia, os instrumentos chegaram...
Sim, primeiro foi a sanfona de oito baixos que eu passei a tocar com meu irmão, mas nós que escolhemos. Hoje os pais colocam os filhos para aprender música sem deixar que eles escolham seu instrumento. É a pior coisa que podem fazer. Não deixar a criança sentir antes de aprender é a pior gafe de um pai. Eu não tive chance de ter instrumento em casa, mas eu inventava para tocar com os passarinhos, com os bois, com as vacas.

O senhor ganhou destaque na Era dos Festivais, tocou com o Quarteto Novo. Mas, enquanto todos tinham a canção com letra e música, falando uma mesma língua, você não se sentia sozinho com o som que fazia?
Eu não tive nem tenho a divulgação que eles têm porque muita gente pensa que o povo não gosta da música que eu faço. Coitado do povo, ele paga sem merecer. Eles é que não alcançam o que eu faço e impõem isso. Imagine você, não tem um lugar que eu toque que não fique lotado, sem anúncio nenhum. Shows para cinco, oito, dez mil pessoas. Estão anunciando há um mês Cauby Peixoto e Angela Maria, que vão tocar no Teatro Municipal aqui do Rio. Deus me livre se me anunciarem todo dia, iriam fechar o Brasil para o povo todo me ver. Pena que tem gente que não sabe disso.




Janaína Paschoal


Livre Docente e Doutora em Direito Penal pela Universidade de São Paulo. Professora Associada de Direito Penal na Universidade de São Paulo; advogada, sócia da Paschoal Advogados. Autora, dentre outros trabalhos, do livro Constituição, Criminalização e Direito Penal Mínimo, publicado pela Revista dos Tribunais, em 2003; bem como do livro Ingerência Indevida: Os crimes comissivos por omissão e o controle pela punição do não fazer, publicado pela Fabris, em 2011.

(Texto informado pelo autor)

Última atualização do currículo em 23/12/2015






INTEGRA: Professora Janaina explica o pedido de impeachment na câmara xvid





Jefferson Puff - @_jeffersonpuffDa BBC Brasil no Rio de Janeiro

28 março 2016

Me apresentaram ao Hélio Bicudo dias depois e ele foi o primeiro a realmente acreditar em mim. Quando penso neste dia tenho vontade de chorar, porque os outros me olhavam como se eu fosse louca, mas com ele foi um encontro de almas. Miguel Reale Jr. já tinha feito pareceres a respeito, havia sido meu orientador na USP, e também nos ajudou.

Sobre o meu nome, não sei. De verdade eu não sei. A história pertence aos homens, e o meu compromisso é com Deus, apesar de não ter uma religião específica. O meu compromisso é com o que eu acho que é justo. Como a história vai escrever, se é que vai escrever, não me pertence.




terça-feira, 18 de junho de 2013



Janaína Paschoal

Resumo

Há duas décadas, quando o presidente do Centro Acadêmico “XI de Agosto” me destacou para falar algumas palavras para recepcionar Lindbergh Farias, pouco antes de sairmos em passeata pela derrubada de Collor, eu peguei o microfone e disse: “Nós vamos a essa passeata porque a causa é justa, mas sua cara bonita não me engana”.
Por pouco não fui destituída do cargo. Creio que meus colegas de chapa nunca me perdoaram.

Há alguns anos, durante uma cerimônia em que todos reverenciavam o então ministro da justiça, Márcio Tomaz Bastos, eu o questionei sobre a quebra do sigilo do caseiro Francenildo.
Cortaram-me a palavra e, até hoje, há quem não me cumprimente direito pela absurda falta de sensibilidade e educação.

Eu, por amar todos os meus alunos, os que concordam e os que não concordam comigo, estou bastante preocupada com essas forças ocultas, que manipulam nossos jovens marxistas de twitter.
Quando digo isso, costumo ouvir, mais uma vez, que estou fora da realidade, que é o PT que está na berlinda.

É verdade, mas tem alguém, que dialoga muito bem com as massas, que precisa de um argumento palatável para voltar em 2014.

Não é a oposição que Dilma deve temer. A oposição simplesmente não existe. Apenas as cobras que cria no próprio Palácio, ou das quais não pode se livrar, é que, no futuro próximo, têm condições de picá-la.

Algumas pessoas me perguntam como posso ser liberal em alguns aspectos e conservadora em outros.


terça-feira, 18 de junho de 2013


Janaína Paschoal

Íntegra

Neste País de analfabetos funcionais e de ignorantes fundamentais, é fantástico descobrir-se que existem algumas mentes iluminadas, como a de Janaína Conceição Paschoal, professora de Direito Penal da USP (Universidade de São Paulo). Leiam este artigo abaixo escrito por ela, e que serve para compreender o que alguns chamam de momento de "mal estar na cultura" no Brasil. "Desde que ingressei na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1992, intriga-me ouvir que a USP e, por conseguinte, o Largo, constitui território livre. Sempre tentei compreender o que essa liberdade significaria. Ao compor a diretoria do Centro Acadêmico “XI de Agosto”, já comecei a questionar esse tal território livre, buscando modificar o trote, muitas vezes, humilhante e até perigoso, como ocorria nas Carruagens de Fogo (“brincadeira” em que o calouro era obrigado a beber continuamente e a correr no chão molhado, ao som da música clássica de idêntico nome). Também me voltei contra o “Pendura”. Eu, que nunca fui comunista, nem lulista nem petista, confesso, não me conformava com o fato de jovens, majoritariamente de classe média, se sentirem no direito de entrar em um restaurante e dizer ao dono, com muita naturalidade, que simplesmente não iriam pagar. E ai da autoridade que lhes dissesse o contrário! Cheguei a participar do tal “Pendura”, mas, imediatamente, senti que aquilo não era direito. Em 1997, quando iniciei o doutoramento e comecei a auxiliar os professores na graduação, já conversava com os alunos sobre o sentido da “Peruada”. Por que, afinal, eles não podiam fazer seu Carnaval sem beber até cair? À resposta pronta de que se tratava de tradição, instintivamente, passei a responder que tradição também se modifica. Até hoje, meus alunos não acreditam que nunca participei da “Peruada” e, às vezes, me “acusam” de ser evangélica. Já professora concursada, nas últimas aulas do curso, normalmente, dedico um tempo perguntando aos alunos o que eles querem para as suas vidas. Nessa era dos textos curtos, das mensagens cifradas, da informação fácil, é muito difícil conseguir que eles leiam um artigo de dez páginas, em português. Há algumas semanas, quando uma de minhas turmas não leu um projeto de lei de três páginas, eu os avisei sobre o perigo de serem manipulados, pois quem não lê, quem não conhece, acredita apenas no mensageiro. Costumo dizer aos meus alunos que o estudante que realmente crê estar em um território livre será o promotor que acredita que pode denunciar o outro por dirigir embriagado, mas ele próprio está autorizado a beber e baixar um aplicativo da internet para saber onde estão os bloqueios policiais. Esse aluno será o juiz que acredita que ganha pouco e tem direito de viajar para o Nordeste sob o patrocínio de empresas cujas causas julga, e assim por diante. Quando alguns alunos invadiram e depredaram a Reitoria, e grande parte dos professores achou natural aquele espetáculo de liberdade de expressão, eu escrevi para a Folha de S. Paulo o texto intitulado “Quem é elitista”, apontando que esse tipo de comportamento é decorrente da certeza de que, realmente, a universidade constitui um território livre e que apenas os pobres, que precisam trabalhar e estudar à noite e que têm os seus salários descontados para pagar os estudos do pessoal da USP, podem ser abordados por estarem fumando maconha na esquina. É interessante. Ao mesmo tempo em que os intelectuais denunciam que o Direito Penal serve apenas para punir pobre, contraditoriamente, aceitam que só pobres sejam penalizados. A lei não diz respeito a eles próprios. Coincidência ou não, os atuais protestos se iniciaram após a rejeição da denúncia referente à invasão da Reitoria da USP. Pois bem, quando começaram as manifestações, e os discursos dos líderes surgiram, imediatamente, identifiquei o dogma do território livre. Foram muitas as notícias de violências e abusos, e eu tive relatos de pessoas que estavam, por exemplo, no Shopping Paulista e foram surpreendidas por rapazes encapuzados, que exigiam o fechamento das lojas, sob o brado de que estavam “tocando o terror”. Chamou minha atenção o fato de uma das pessoas que fizeram tais relatos ter dito que logo percebeu que não seriam criminosos, pois eram pessoas bem vestidas. Para alguém que estuda Direito Penal, há anos, esse tipo de frase dói, pois é a confirmação de que a sociedade não quer mesmo punir atos, mas estereótipos. Se a garotada da periferia tivesse tomado a Paulista, ninguém acharia exagero a Polícia Militar tomar providências. Percebe-se que mesmo quem estava indignado contemporizava, pois, afinal, amanhã, pode ser seu filho. De novo, o dogma do território livre. Na véspera do protesto em que a Polícia Militar reagiu, conversei com uma senhora, que julgo esclarecida, e fiquei surpresa com seu encantamento frente ao brilho do neto, que aderira às manifestações a fim de lutar pelos mais necessitados. Ontem, durante uma reunião com amigos, quando todos cobravam apoio ao movimento, tomei a liberdade de dizer que não acredito ser esse o melhor caminho. Apesar de destacar estar convencida de que houve excessos da polícia, sobretudo no caso do tiro mirado no olho da jovem jornalista, situação que caracteriza lesão corporal dolosa, de natureza grave, ponderei que devemos ser cautelosos, pois nem toda prisão foi descabida, e os manifestantes podem estar servindo de massa de manobra. A reação dos colegas foi surpreendente. Alguns, lembrando a importância dos jovens em todas as mudanças sociais, destacando sua própria luta contra a ditadura, chegaram a se emocionar, falando de seus próprios filhos como grandes políticos, verdadeiros heróis, pessoas esclarecidas, apesar dos vinte e poucos anos. Sendo uma criatura insuportavelmente crítica, sobretudo comigo, passei a noite pensando se não teria sido injusta com os manifestantes e insensível com os colegas. Afinal, se todos estão tocados com a beleza deste momento, parece razoável que os pais estejam orgulhosos da lucidez de suas crias. Mas essa experiência, sofrida, de magoar os colegas, aos quais, nesta oportunidade, peço desculpas, foi muito importante para eu poder ver algo que ainda não estava claro. As gerações passadas também tinham esse sentimento arraigado de território livre, de que a lei vale apenas para os outros e não para os iluminados da USP. No entanto, no passado, havia o contraponto de pais que impunham limites; pais que diziam mais NÃOs do que SIMs; pais que ensinavam os deveres antes de falar sobre os direitos. O fenômeno que nos toma de assalto é preocupante. Une-se o dogma do território livre com a geração “construtivismo”. Chegam à idade adulta os garotos que nunca ouviram um NÃO, os garotos que sempre puderam se expressar, ainda que agredindo o coleguinha, ou chutando a perna de um adulto em uma loja. Chegam à idade adulta os garotos cujos pais vão à escola questionar por quais motivos os professores não valorizam a genialidade de seus filhos. Pais que realmente acreditam que seus filhos, aos vinte anos, são verdadeiras sumidades e têm futuro por possuírem vários seguidores no Twitter. Nossos iluminados já avisaram que, se a tarifa de ônibus não baixar, vão continuar a parar São Paulo. Quem vai lhes dizer não? A Polícia não pode, nem quando estão queimando carros e constrangendo pessoas. Os professores, salvo raras exceções, incentivam, em um saudosismo irresponsável, para dizer o mínimo. E os pais, entorpecidos pela necessidade de constatar o sucesso da educação conferida, acham tudo muito lindo e vão às ruas acompanhar a prole, pedindo algo indefinido e impalpável. Nestes tempos em que falar em Deus é crime, peço a Deus que eu esteja errada e que, realmente, não tenha alcance para perceber a importância e a beleza deste momento histórico. Há duas décadas, quando o presidente do Centro Acadêmico “XI de Agosto” me destacou para falar algumas palavras para recepcionar Lindbergh Farias, pouco antes de sairmos em passeata pela derrubada de Collor, eu peguei o microfone e disse: “Nós vamos a essa passeata porque a causa é justa, mas sua cara bonita não me engana”. Por pouco não fui destituída do cargo. Creio que meus colegas de chapa nunca me perdoaram. Há alguns anos, durante uma cerimônia em que todos reverenciavam o então ministro da justiça, Márcio Tomaz Bastos, eu o questionei sobre a quebra do sigilo do caseiro Francenildo. Cortaram-me a palavra e, até hoje, há quem não me cumprimente direito pela absurda falta de sensibilidade e educação. A maior parte dessas pessoas apoia e estimula os atuais protestos e propala que o Mensalão não passou de uma ficção. Tenho enviado comentários para a Imprensa, dizendo que os grupos que estão estimulando esses jovens a irem para as ruas estão torcendo muito para aparecer um cadáver em São Paulo, pois é só disso que precisam para tentar tomar também o estado. Eu, por amar todos os meus alunos, os que concordam e os que não concordam comigo, estou bastante preocupada com essas forças ocultas, que manipulam nossos jovens marxistas de twitter. Quando digo isso, costumo ouvir, mais uma vez, que estou fora da realidade, que é o PT que está na berlinda. Afinal, os protestos não estão apenas em São Paulo, estão no país inteiro. É verdade, mas tem alguém, que dialoga muito bem com as massas, que precisa de um argumento palatável para voltar em 2014. E, segundo consta, funcionários da Presidência da República, subordinados a Gilberto Carvalho, foram organizadores e fomentadores do protesto. Não é a oposição que Dilma deve temer. A oposição simplesmente não existe. Apenas as cobras que cria no próprio Palácio, ou das quais não pode se livrar, é que, no futuro próximo, têm condições de picá-la. Algumas pessoas me perguntam como posso ser liberal em alguns aspectos e conservadora em outros. Em regra, quando recebo esse tipo de questionamento, procuro compreender o que o interlocutor entende por “conservador” e por “liberal”. Não sei como etiquetar, mas acredito que todo educador, seja o de casa, seja o da escola, deve mostrar ao pupilo que existem direitos e existem deveres. E que ninguém pode tudo. Talvez o que esteja prejudicando o país seja justamente esse sentimento generalizado de território livre. Os manifestantes de hoje podem ser os políticos de amanhã. Se não lhes dissermos “não” agora, como impor limites no futuro? Talvez eu seja apenas uma canceriana pouco romântica. Talvez esteja velha demais para perceber a grandeza dessa novidade que invade o país. Tomara! Mas esses 21 de USP e quase 15 de docência me permitem afirmar que são jovens muito promissores, mas ainda são garotos de vinte anos, que não estão acostumados a ouvir um “não”. Se não posso pedir razoabilidade aos pais e aos professores, peço, encarecidamente, à imprensa que tenha cautela ao estimulá-los, pois não temos instrumentos para fazê-los parar. Teremos que, pacientemente, aguardar que eles se cansem do que pode ser uma grande brincadeira".





Roda Viva com Janaína Paschoal e Hélio Bicudo


Roda Viva | Hélio Bicudo | 28/09/2015



Josias de Souza

03/04/2016 03:48

O pedido de impeachment que corre contra Dilma Rousseff na Câmara possui 64 páginas. A íntegra pode ser lida aqui. Nas primeiras 11 folhas, a peça associa a presidente à roubalheira ocorrida na Petrobras. Ao se defender em público, Dilma menciona apenas as acusações relacionadas às chamadas pedaladas fiscais. Por conveniência ou falta de argumentos, ignora o pedaço da denúncia que a vincula ao petrolão.

Subscrito pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, além da advogada Janaína Paschoal, o documento sustenta que a Lava Jato já trouxe à luz fatos que incriminam Dilma. Na semana passada, depois que ministros do STF disseram que impeachment não é golpe, a presidente refinou seus argumentos. Admitiu o óbvio: o impeachment é uma ferramenta prevista na Constituição. Mas acrescentou: “sem crime de responsabilidade é, sim, golpe.”

Pois bem. Os autores do pedido de impeachment afirmam que o que já foi apurado na Lava Jato é suficiente para a deflagração do processo que visa afastar Dilma da Presidência, Sustentam que “a conduta omissa da denunciada [Dilma], relativa aos desmandos na Petrobras, restou mais do que comprovada, implicando a prática de crime de responsabilidade nos termos do artigo 9, itens 3 e 7” da lei 1.079/50.

O artigo 9º da lei é o que enumera “os crimes de responsabilidade contra a probidade na administração.” O item 3 enquadra como conduta criminosa “não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição.” O item 7 informa que também é crime “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo.”




Íntegra do pedido de impeachment subscrito por Hélio Pereira Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Conceição Paschoal pode ser lido AQUI.




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