sábado, 5 de novembro de 2016

Um ano de feridas e lama da tragédia de Mariana

BARRAGEM/SAMARCO


(05/11/2015 – 05/11/2016)


Um ano de feridas e lama da tragédia de Mariana


ONU diz que ações do Governo e das empresas implicadas no desastre ambiental são insuficientes


Segundo o órgão, empresa não concluiu alteamento de dique antes do período chuvoso, conforme previsto


André Borges,
O Estado de S. Paulo
04 Novembro 2016 | 18h41




A Samarco foi notificada 68 vezes e recebeu sete autos de infração do Ibama


BRASÍLIA - A mineradora Samarco, controlada pela Vale e a BHP Billiton, recebeu uma nova multa do Ibama, por descumprir algumas medidas de prevenção e de contenção em casos de dano ambiental. A autuação de R$ 500 mil por dia foi oficializada no dia 1º de novembro e já está em execução. O órgão ambiental deu prazo de 20 dias para que a empresa apresente recurso contra a multa.
Segundo o Ibama, a Samarco foi autuada por deixar de adotar "medidas de precaução ou contenção em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível, ao não tratar efetivamente o rejeito a montante do 'Dique S3', e não concluir seu alteamento antes do período chuvoso", conforme previsto antes em duas notificações. 
Obras tentam garantir firmeza de estruturas da Samarco


A Samarco foi notificada 68 vezes e recebeu sete autos de infração do Ibama desde o dia 5 de novembro de 2015, quando o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), matou 18 pessoas - uma está desaparecida - e deixou o maior rastro de destruição aberto por 34 milhões de metros cúbicos de rejeitos no meio ambiente. As multas aplicadas pelo órgão ambiental já ultrapassam R$ 300 milhões. 
Procurada pela reportagem, a Samarco confirmou o recebimento da notificação e informou que "estuda as medidas cabíveis". Sobre o sistema de diques, a empresa declarou que iniciou, no fim de setembro, a instalação do Dique S4, estrutura complementar ao sistema principal de retenção de sedimentos. "No total, além do S4 (em obras) o sistema contempla os diques S1, S2 e S3. O dique S3, no momento passa por obras de alteamento para ampliar em 800 mil metros cúbicos a sua capacidade. Com o alteamento, a capacidade do S3 passará de 2,1 milhões de metros cúbicos para 2,9 milhões de metros cúbicos. Adicionalmente, a Samarco está construindo a barragem de Nova Santarém.  As obras se encontram em estágio avançado e serão concluídas até o final de dezembro."





Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama' são retratos em lama e dor.




Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Vista aérea das ruínas de casas destruídas pela lama em Mariana (MG) Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Publicado: 30/10/2016 | 3:0



                 




Temos o sentimento do mundo
Não importa se imundo
Eu e Raymundo
Raiamos o mundo!




Há um ano:






Edição do dia 05/11/2016
05/11/2016 20h44 - Atualizado em 05/11/2016 21h39
JN refaz trecho percorrido por lama de barragem da Samarco
Barragem da mineradora Samarco se rompeu em 5 de novembro de 2015 provocando a maior tragédia ambiental registrada no Brasil.


Assista a Reportagem:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/11/jn-refaz-trecho-percorrido-por-lama-de-barragem-da-samarco.html




Leia a Reportagem completa:


A lama da barragem da Samarco percorreu vários rios até desembocar no mar, no Espírito Santo. O repórter Ricardo Soares refez um trecho desse percurso. Pouca coisa mudou.
Agora é o mato que toma conta do que restou do povoado.  Fica aquela impressão de que a lama paralisou o tempo em Bento Rodrigues. E toda vez que a gente volta é aquela sensação de angústia, tristeza de pensar em tudo aquilo que as famílias que moravam no local perderam.

O trajeto da lama está cheio de armadilhas. Andar a pé em margem de rio onde o rejeito estacionou é um perigo.

Está duro o chão. Mas se você ficar pisando, já misturou com a água, já virou areia movediça.
“Na hora da chuva agora, isso vai descarrear para o rio, né, então, acho que não vai limpar fácil não”, diz o produtor rural Rafael Arcanjo.

A gente viu como essa tarefa da natureza é difícil. Acompanhamos o Rio do Carmo, água limpinha, até ele receber as águas do afluente Gualaxo do Norte, que traz o rejeito das barragens. É impressionante como até hoje o barro vai se misturando para criar um só rio de lama.

Lama no rio, poeira nas ruas. Barra Longa, que é a única área urbana atingida pelo rejeito, teve o maior prejuízo. Tem obra para todo lado.

“Barulho, lama, caminhão pesado, era um paraíso, agora, acabou o paraíso, acabou o sossego”, diz uma moradora.

A saúde está pedindo socorro.
“Casos de rinite, casos de bronquite, que é asma, né, propriamente dito, aumentou muito, diarreia, náusea, vômito, isso aumentou também e os casos de saúde mental, depressão, isso aumentou um pouco”, explica o médico Cristiano de Freitas.

A tragédia ambiental mais devastadora do país foi na tarde de cinco de novembro. A parede de um depósito gigante de rejeito de minério desmoronou, derramando mais de 40 milhões de metros cúbicos de lama no meio de um vale, na área rural de Mariana.

Bento Rodrigues foi o primeiro vilarejo a ser destruído pela avalanche. Dezenove pessoas morreram e mais de 250 ficaram feridas.
As polícias Civil e Federal, o Ministério Público Estadual de Minas e o Ministério Público Federal abriram investigações. Nenhum responsável foi punido até agora.

Os efeitos da tragédia se mantêm no berço do rio mais importante da região. Cem quilômetros distante de Mariana a vida nas águas de outro rio, o Piranga, encontra seu ponto final.

A água barrenta chega com muito mais volume, mais força e se mistura rapidamente. Depois da tragédia, por ironia, esse encontro ficou conhecido como o lugar onde o Rio Doce nasce e morre ao mesmo tempo.

A formação do Rio Doce virou um espetáculo triste. Uma mancha de lama tomou o rio da origem até a chegada ao mar, no Espírito Santo.

Até hoje tem gente com receio das águas. Na maior cidade que faz captação no Rio Doce, Governador Valadares, no leste de Minas, o consumo da água tratada despencou 30% por causa da poluição.

“Estão evitando tomar uma água tratada, segura, garantida por laudos para tomar uma água sem qualquer comprovação que aquela água é potável”, disse Carlos Apolinário, diretor da companhia de água de Governador Valadares.

Jornal Nacional: Estão pegando essa água onde?
Carlos Apolinário: Em poços, cisternas, estão perfurando. A gente tinha uma estimativa que existiam em torno de 500 poços aqui em Valadares. Hoje a gente acredita que tem mais de 15 mil perfurados.

Ainda faltam estudos conclusivos sobre contaminação. Nesta semana, o governo de Minas decidiu proibir a pesca no trecho mineiro do Rio Doce e nos afluentes.
"Como é que a gente ia tomar banho, beber água do rio? Não tem cabimento", afirma o índio Krenak Maurício Félix Viana.
A queixa é dos descendentes dos primeiros habitantes das margens do Rio Doce. O povo Krenak está há um ano de luto pelo rio.
"Agora está igual a homem branco. Índio agora está bebendo água mineral", diz uma índia Krenak

Desde que a lama começou a descer, esse pedaço de paraíso virou território proibido para os Krenak. Eles não tomam mais banho de rio, pararam de pescar e não fazem a menor ideia de como está a qualidade da água.
"É tão pesada a lama, nesse local, com corrente, o quê que era para fazer? Era para levar embora, nem a correnteza aguenta levar ela", diz Maurício Félix Viana.

“Como que o rio ficou sujo?", pergunta uma criança.
É difícil explicar isso pra eles, a gente fala, fala com eles e eles não acreditam”, diz Maurício.

"Watu tá dodói. Tá doente."

Watu é como os Krenak chamam o Rio Doce. Para a Índia mais velha da tribo, essa ferida não fecha mais.

“De primeiro chovia, a água sujava, mas limpava, né. E agora? Agora acabou”, diz a índia.
A investigação do Ministério Público Federal foi a que indiciou o maior número de pessoas: 22. Sendo 21 por homicídio qualificado, com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.
Entre os indiciados estão integrantes do Conselho de Administração da Samarco, além de representantes da Vale e da BHP.
A Samarco declarou que lamenta profundamente as vidas perdidas e que tem feito esforços para a reparar os danos. A empresa diz que já gastou R$ 1,1 bilhão em ações de reparação.


Edição do dia 05/11/2016
05/11/2016 21h15 - Atualizado em 05/11/2016 21h34
Regência, ES, tem economia quase parada 1 ano após tragédia ambiental
Pesca, surfe, turismo, a vila de Regência vivia em função do mar e do rio. E enquanto a natureza não se recuperar, a economia por lá não anda.


Assista Reportagem com imagens locais:

http://g1.globo.com/jornal-nacional/edicoes/2016/11/05.html#!v/5429793


A natureza está falando.


NO RASTRO DA TRAGÉDIA
Um ano após o rompimento da barragem do Fundão, 
da mineradora Samarco, que vitimou 19 pessoas, soterrou 
cidades com lama e inundou cidades e poluiu o Rio Doce, 
VEJA voltou a percorrer os mais de 700 quilômetros de 
destruição entre Mariana, em Minas Gerais, e Linhares, 
no Espírito Santo
JENNIFER ANN THOMAS
JONNE RORIZ
XANDE OLIVEIRA

LEIA a Reportagem Completa em:
http://veja.abril.com.br/complemento/brasil/no-rastro-da-tragedia/






A natureza está falando - Maria Bethânia é a Mãe
Natureza  / Conservação Internacional (CI) 


A natureza tem outra voz?




A natureza está falando - Júlia Roberts é Mãe
Natureza / Conservação Internacional (CI)

De quem são as vozes?

Qual é a da Mãe Natureza?



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