sexta-feira, 10 de novembro de 2017

UM MORRO GANHA VIDA…

Favela iluminada?

“É Deus Quem aponta a estrela que tem que brilhar.”

O que é Favela:
“Favela é o conjunto de habitações populares precariamente construídas e desprovidas de infraestrutura (rede de esgoto, de abastecimento de água, de energia, de posto de saúde, de coleta de lixo, de escolas, de transporte coletivo etc.).”

UM MORRO GANHA VIDA…


Elis Regina e Jair Rodrigues - Pout-Pourri de Sambas 1965

Balas traçantes ou tracejantes?

“A munição traçante tem como objetivo direcionar e iluminar o alvo em que você deseja acertar com o projétil.”

“Prefiro não dizer qual é a favela. Apenas uma demonstração de quase toda noite no Rio de Janeiro”


Tiroteio com balas tracejantes ou traçantes

- O que são?
- Sei lá.

- Para que servem?
- Vai saber.


Bala


traçante


Apenas iluminada

Tingindo, tingindo



Alvorada
Cartola
 

Alvorada lá no morro
Que beleza
Ninguém chora
Não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo
É tão lindo
E a natureza sorrindo
Tingindo, tingindo

A alvorada

Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
E o que me resta é bem pouco
Ou quase nada, do que ir assim, vagando
Numa estrada perdida
Composição: Cartola

Partindo, partindo


Alvorada
Agridoce
 

De repente era o depois
Tudo de novo ao normal
O sol chegou e levou você
Meus olhos da manhã
Não há truque ou coisa igual
Pra fazer ser noite outra vez

Ah não vá embora
Ah não vá embora

Foi-se o tempo do sonhar
Já é hora de dormir
O sol chegou e quebrou
Nada que eu possa inventar
Artifício ou ilusão
Pra fazer ser noite outra vez

Ah não vá embora
Ah não vá embora
Ah não vá embora
Ah não vá embora

Reacendendo


Alvorada
Síntese
 

Sinto reacendendo a chama que me chama pra vida
Quando o sol me toca a face, seca o pranto
E limpo o manto que me envolve
Quando o vento bate leve, eu sinto sutil afago
Me contemplando virtudes
Que a tempestade havia levado de mim
E digo sim ao que a alvorada me sugere
Tudo me diz respeito
E é perfeito se não interfere na ordem natural
Não transcender o que fere a gente
Tudo é tão profundo
Nunca mensure o que o peito sente, irmão
Ainda ciente de uma vida linda
Paciente pra entender o que preciso
O canto chama o juízo
Enquanto se lembram do amor só quando se perdem da paz
Crescer por aqui há de ser doloroso demais
Se preserve
E se não vive pra servir, não serve
Aqui só vive quem ama e por isso se eleve
Observe que a vida é renascer de quando em quando
E perceba o momento de se transmutar chegando
Transformar é caminhar, sinta o penso é torto
Me disseram quem não renasce em vida é um aborto
E hoje vejo que a despedida precede um novo olhar
Outra fase, outra cor, outra frequência no vibrar
Hoje eu só cultivo o que floresce, no jardim da alma
Longe do eco da palma da mão que não aquece
Pedaços dos que colidem formam um quebra-cabeça
Onde as pessoas se dividem até que o amor desapareça
Então cresça!

A luz da manhã vem me acariciar
Novo ciclo a alvorada vem trazer
Pra aquecer a esperança que vai sustentar
De pé, com fé toda alma que renascer
A luz da manhã vem me acariciar
Novo ciclo a alvorada vem trazer
Pra aquecer a esperança que vai sustentar
De pé, com fé toda alma que renascer
Todo instante o sol nasce em algum lugar
Todo instante uma estrela surge por aí
Todo hora uma rosa a desabrochar
Um pássaro a voar, uma criança a sorrir
Composição: Neto

A luz no caminho do meu Salgueiro A me guiar…




Salgueiro 2018 - Samba Campeão 2018

Salgueiro 2018 - Samba Campeão 2018 Compositores: Xande de Pilares, Demá Chagas, Dudu Botelho, Renato Galante, Jassa, Leonardo Gallo, Betinho de Pilares, Vanderley Sena, Ralfe Ribeiro e W Corrêa. Intérpretes: Leozinho Nunes e Luizinho Andanças Senhoras do ventre do mundo inteiro A luz no caminho do meu Salgueiro A me guiar…Vermelha inspiração Faz misturar ao branco nesse chão Na força do seu ritual sagrado Riqueza ancestral Deusa raiz africana Bendita ela é… E traz no axé um canto de amor Magia pra quem tem fé Na gira que me criou É MÃE É MULHER A MÃO GUARDIÃ CALOR QUE AFAGA PODER QUE ASSOLA NO VALE DO NILO A LUZ DA MANHÃ A FILHA DE ZAMBI NAS TERRAS DE ANGOLA Guerreira feiticeira general contra o invasor A dona dos saberes confirmando seu valor ECOOU NO QUARITERÊ O SANGUE É MALÊ EM SÃO SALVADOR Oh matriarca desse cafundó A preta que me faz um cafuné Ama de leite do senhor A tia que me ensinou a comer doce na colher A benção mãe baiana rezadeira Em minha vida seu legado de amor Liberdade é resistência E à luz da consciência A alma não tem cor FIRMA O TAMBOR PRA RAINHA DO TERREIRO É NEGRITUDE … SALGUEIRO HERANÇA QUE VEM DE LÁ NA GINGA QUE FAZ ESSE POVO SAMBAR






UM MORRO GANHA VIDA…



Princípio do século XX no Rio de Janeiro. As terras de um morro encravado no bairro da Tijuca, que já haviam abrigado lavouras de café e uma fábrica de chita, aos poucos vão se transformando em lugar de moradia para imigrantes e escravos. Muitos se diziam seus donos, mandando e desmandando no local. Mas, mesmo ganhando vida, aquele morro ainda era um lugar sem nome. Isto perdurou até a chegada do português Domingos Alves Salgueiro.
Comerciante e dono de uma fábrica de conservas na Rua dos Araújos, na Tijuca, Domingos era também proprietário de 30 barracos no local. Logo o português virou referência e designação do morro, que passou a ser conhecido como morro do “seu Salgueiro”. Isso bastou para dar a fama ao local e batizar o morro como o Morro do Salgueiro.
Aos poucos, o Morro do Salgueiro começou a ser procurado por famílias de Minas Gerais, interior do estado do Rio de Janeiro, sul da Bahia e Nordeste. São essas pessoas que começam a dar vida ao morro, construindo casas, barracos e transformando a pedra bruta e inanimada em um lugar de moradia.
Atraídos pela fama do lugar, outros moradores vão chegando. São novos imigrantes, que, ao lado de seus conterrâneos passam a construir mais e mais barracos.
Aos poucos os moradores foram modificando a história e a geografia do morro, dando nomes às suas ruas, vielas e “bairros”, cantos e recantos de um morro que ia ganhando vida e cotidiano. E assim surgiram o Sossego (local mais sossegado), o Campo (devido ao campo de futebol) e o Pedacinho do Céu (por ser a parte mais alta, onde os barracos ficam mais isolados do mundo). Tinha também o Canto do Vovô, Sunga, Caminho Largo, Trapicheiro, Portugal Pequeno, Sempre Tem, Anjo da Guarda, Terreirão, Grota, Rua Cinco, Carvalho da Cruz e Buate.
De suma importância para o dia a dia do morro foram as famosas tendinhas, locais onde se compravam os gêneros de necessidade urgente, como o quilo de feijão ou de açúcar. Algumas ganharam fama, como a de seu Neca da Baiana, de Ana Bororó, de Casemiro Calça Larga ou de Anacleto Português, entre outras. As tendinhas iam se transformando no ponto de encontro dos moradores e locais de discussão sobre política, futebol e samba. E, entre um gole e outro de cerveja e cachaça, surgiram incontáveis parcerias musicais.
De seus locais de origem, os moradores do Salgueiro trouxeram novas culturas, hábitos e costumes que foram se incorporando ao dia a dia de todos os habitantes do morro. Carimbó, Folia de Reis, Calango, Jongo e Samba de Roda eram cantados e dançados em datas folclóricas dos imigrantes e passaram a ser apreciados também nas festas do morro, fossem da cumeeira, casamentos ou aniversários, sempre acompanhados de cozidos, mocotós, peixadas e feijoadas.
Em meio às manifestações folclóricas, o Caxambu, dança vinda do interior de Minas Gerais e do estado do Rio de Janeiro (Santo Antônio de Pádua, Itacoara, Cantagalo, Cambuci e Sta. Maria Madalena), se destacou e se tornou a principal manifestação folclórica absorvida pelos moradores, já conhecidos pelo gentílico de “salgueirenses”.
Pouco a pouco o morro do Salgueiro ia ganhando também uma vida social. E três lugares foram fundamentais para a recreação dos moradores: o Grêmio Recreativo Cultivista Dominó, O Grêmio Recreativo Sport Club Azul e Branco e o chamado Cabaré do Calça Larga. Nos bailes, com música ao vivo, os rapazes de terno engomado, sapato bico fino e salto carrapeta desfilavam pelo salão, apreciando as moças com suas roupas de organdi, seda e tafetá, sapatos altos e perfume de leite de rosas.
Por conta das diversas influências, a diversidade religiosa também se manifestou no Salgueiro. Na subida do morro, o Cruzeiro passou a ser um local para os agradecimentos, com velas acesas para as Almas Benditas, flores e ex-votos de promessas a pagar. Os terreiros de Umbanda e Candomblé também faziam parte da religiosidade do morro. Neles, às segundas e sextas-feiras, os toques dos atabaques, o bater de palmas e o coro, que entoava pontos em ioruba e português, saudavam orixás e caboclos. Um dos primeiros terreiros do morro foi o de Seu Oscar Monteiro, no Pedacinho do Céu, que, ao lado da Tenda Espírita Divino Espírito Santo, de Paulino de Oliveira, foi um dos mais famosos terreiros do Salgueiro.
O morro abrigou ainda diversas benzedeiras, como Dona Helena Correia da Silva, uma das mais conhecidas do local. Graças às garrafadas curadoras, banhos de limpeza, rezas localizadas, as benzedeiras do Salgueiro ganharam fama que se espalhou por toda a Tijuca.
Em janeiro, o dia 20 passou a ser especial para os moradores do Salgueiro. É nesta data que, até hoje, flores e velas se espalham pelo morro para a festa em homenagem ao padroeiro do Salgueiro, São Sebastião, cujas cores são o vermelho e o branco. O Campo se transforma num arraial, enfeitado com barraquinhas e bandeirolas para a festa. A diversidade religiosa do Salgueiro permite ainda que o morro abrigue outro padroeiro e protetor: Xangô, orixá do Candomblé, também de cores vermelho e branco e também reverenciado no dia 20 de janeiro, quando, à noite, diante dos pegis e dos gongás, o senhor das pedreiras recebe as homenagens de seus afilhados do Salgueiro.
A luta social também faz parte da história do morro do Salgueiro. Foi lá que surgiu a primeira associação de moradores do Rio de Janeiro, no início de 1934, quando os habitantes do morro foram ameaçados de despejo. Liderados pelo sambista Antenor Gargalhada, os salgueirenses saíram vitoriosos na batalha jurídica e continuaram a conviver pacificamente no morro do Salgueiro, fazendo suas festas, suas músicas e seus sambas.

Referencia


http://www.salgueiro.com.br/historia-do-morro/

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