segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Os falsos profetas da erraticidade


É incontestável que, submetendo ao crivo da razão e da lógica todos os dados e todas as comunicações dos Espíritos, fácil se torna rejeitar a absurdidade e o erro. – Erasto, discípulo de São Paulo. (Paris, 1862.)

Agitação e pensamentos de paz

Tranquilize-se, a agitação vai embora quando chegam os pensamentos de paz.

73 Aprendamos quanto antes

Como pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele. – Paulo (Colossenses, 2:6.)

Entre os que se referem a Jesus Cristo podemos identificar duas correntes diversas entre si: a dos que o conhecem por informações e a dos que lhe receberam os benefícios. Chico Xavier Pelo Espírito Emmanuel Pão Nosso

Jeremias e os falsos profetas

11. Eis o que diz o senhor dos exércitos: “Não escuteis as palavras dos profetas que vos profetizam e que vos enganam. Eles publicam as visões de seus corações e não o que aprenderam da boca do Senhor. (Jeremias, cap. XXIII, vv. 16 a 18, 21, 25, 26 e 33.)

Após as palavras do profeta Jeremias, escutai os sábios conselhos do apóstolo S. João, quando diz: “Não acrediteis em todo Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus”, porque entre os invisíveis, também há os que se comprazem em iludir, se se lhes depara ocasião.

Aprendei, pois, antes de tudo, a distinguir os bons e os maus Espíritos, para, por vossa vez, não vos tornastes falsos profetas. – Luoz, Espírito protetor. (Carlsruhe, 1861.) CAPÍTULO XXI – HAVERÁ FALSOS CRISTOS E FALSOS PROFETAS O EVANGELHO Segundo o Espiritismo ALLAN KARDEC

Desbocamento de vésperas


“Dentro de poucas horas, o autor dos comentários vestirá a faixa de presidente da República.”


Vésperas

4. [Liturgia católica]  Horas que se rezam no ofício da tarde.



desbocamento
des.bo.ca.men.to
dəʒbukɐˈmẽtu
nome masculino
1.
falta de comedimento; indiscrição
2.
emprego de linguagem indecorosa
De desbocar+-mento




desbocamento 
des·bo·ca·men·to

sm
1 Ato ou efeito de desbocar.
2 Emprego de linguagem grosseira.
ETIMOLOGIA der de desbocar+mento, como esp desbocamiento.



desbocamento
Significado de Desbocamento
substantivo masculino
Ato ou efeito de desbocar. Emprego de linguagem grosseira, chula.
Definição de Desbocamento
Classe gramatical: substantivo masculino
Separação silábica: des-bo-ca-men-to
Plural: desbocamentos 




desbocamento | s. m.
derivação masc. sing. de desbocar

des·bo·ca·men·to 
substantivo masculino
1. Ato ou efeito de desbocar.
2. Descomedimento na linguagem.
Palavras relacionadas: 
desbocadamente, desbocado, desbocar, deslinguado, desbragado, destravado, freio.

des·bo·car - Conjugar
verbo transitivo
1. Tornar duro de boca (um cavalo).
2. Despejar; vazar.
verbo pronominal
3. Tomar o freio nos dentes.
4. [Informal]  Desbragar-se na linguagem.
Palavras relacionadas: 
desbocamento, desbocado, desbragado, desbocadamente, deslinguado, destravado, freio.

"desbocamento", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/desbocamento [consultado em 31-12-2018].




Antônimo de desbocamento

16 antônimos de desbocamento para 4 sentidos da palavra. O contrário de desbocamento é:
1. comedimento, decoro.
2. respeito.
3. respeito.
4. seriedade, respeitabilidade, rectidão, pudicícia, probidade, integridade, honradez, honestidade, honra, dignidade, decência, moderação.




Filho propaga vídeo com baixarias de Bolsonaro
Josias de Souza 30/12/2018 04h40

Não foi ninguém da oposição. Foi o vereador Carlos Bolsonaro, chamado pelo pai-presidente de "meu pitbull", quem difundiu nas redes sociais vídeo com uma coletânea de baixarias pronunciadas por Jair Bolsonaro. Em meio a palavrões, o novo presidente da República ensina na peça que "assaltante precisa é de pancada", revela o seu  desejo de que "matassem 200 mil vagabundos" e exibe para a câmera uma camiseta onde se lê: "Direitos humanos: esterco da bandidagem."

Carlos Bolsonaro, o 'Zero Dois' da linhagem do capitão, trombeteou o vídeo no contexto do anúncio feito pelo pai, também nas redes sociais, de que garantirá por decreto "a posse de arma de fogo para cidadãos sem antecedentes criminais." Em tom de deboche, Carlos anotou acima do vídeo: "A esquerdalha chora."

O fundo musical da peça é Tropa de Elite. "Se matar alguém, foda-se", diz Jair Bolsonaro ao discorrer sobre a atividade policial. Ao comentar o ambiente inóspito das cadeias, ele pontificou: "É só você não estuprar, não sequestrar, não praticar latrocínio que você não vai pra lá, porra!"

Numa cena na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Bolsonaro ralhou: "Os senhores não estão preocupados com segurança pública, agindo como mocinhas, como maricas." Noutro trecho, defendeu que policiais devem passar bandidops nas armas. "Ah, atirou com a intenção de matar. É lógico que atirou com intenção de matar, porra. Ele tá com o fuzil na mão! É pra fazer carinho?"

Noutro trecho, Bolsonaro aparece rebatendo a pecha de que cultivaria um preconceito racial. "Racista é o caralho, porra!" Mais adiante, aparece desqualificando defensores do ensino sobre sexo nas escolas. "Isso é covardia com as crianças. Quer queimar a rosca vai queimar, porra. (…) Vai se foder, porra." Em discussão com outro interlocutor, Bolsonaro aconselhou-o a "queimar sua rosquinha onde bem entender."

Dentro de poucas horas, o autor dos comentários vestirá a faixa de presidente da República.



Referências



https://dicionario.priberam.org/v%C3%A9spera
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/desbocamento
http://michaelis.uol.com.br/busca?id=pjkm
https://www.dicio.com.br/desbocamento/
.org/desbocamento
https://www.antonimos.com.br/desbocamento/
https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2018/12/30/filho-propaga-video-com-baixarias-de-bolsonaro/

domingo, 30 de dezembro de 2018

O ano de Marx


O antimarxismo atual não conhece Marx, é pura ideologia, opera por sobre a espuma levantada pelas disputas em torno das ideias marxistas
Marco Aurélio Nogueira
28 Dezembro 2018 | 19h37
Por Estadão

Não seria necessário que diversos integrantes do futuro governo Bolsonaro insistissem na ideia de “libertar o Estado brasileiro do marxismo cultural” para que se percebesse que um espectro voltou a circular no Brasil em 2018.

Esse espectro atende pelo nome de Karl Marx, filósofo e ativista político alemão (1818-1883), um dos fundadores do comunismo moderno e patrono da mais influente teoria política contemporânea.

O mundo comemorou, ao longo de 2018, os 200 anos de nascimento de Marx. Registros feitos por inúmeros seminários, congressos científicos, livros, artigos, filmes e entrevistas dedicaram-se a homenagear o pensador alemão e a verificar em que medida suas teses continuam a dialogar com a realidade do mundo atual. O balanço foi positivo, mostrando que Marx, em que pese o incontornável desgaste sofrido com a passagem da história, permanece vivo como intérprete do nosso tempo e, em particular, das transformações do capitalismo.

O Brasil não ficou fora das comemorações, mas terminou o ano com o reposicionamento político dos inimigos de Marx, concentrados agora no combate ao “marxismo cultural”, entendido como a disposição de ocupar totalitariamente os espaços públicos via controle da cultura e de suas instituições, da escola à imprensa e às artes, tudo devidamente concentrado em cercear a liberdade de pensar e falar, modelar mentes e impor agendas inadequadas à sociedade (gênero, aborto e clima, por exemplo). Na versão simplória corrente, essa preponderância do “marxismo cultural” estaria a impedir a “regeneração nacional” e a contaminar os diferentes âmbitos da vida familiar e do Estado, indo da escola à política externa.

O antimarxismo dos nossos dias não conhece Marx, não leu seus livros nem as análises de seus intérpretes. É pura ideologia, que opera por sobre a espuma levantada pela circulação das ideias marxistas e pelas disputas ideológicas em torno delas. O que lhe falta de rigor filosófico e conhecimento histórico é compensado por uma combatividade histriônica que pouco se importa com o que Marx realmente disse ou com o significado de suas proposições. Despreza tudo o que o marxismo trouxe de contribuição crítica – por exemplo, sua teoria sobre o funcionamento do capitalismo – para vê-lo exclusivamente pela lente do militante revolucionário, devidamente desfocada. É um antimarxismo inquisitorial, que pressupõe que as ideias de Marx seriam tóxicas a ponto de impregnar aqueles que delas se aproximam, como um vírus.

Os antimarxistas teriam muito a aprender, por exemplo, com o livro do cientista político alemão Michael Heinrich, “Karl Marx e o Nascimento da Sociedade Moderna”, uma alentada pesquisa em 3 volumes que começou a ser publicada no Brasil pela Editora Boitempo. A obra não é um panegírico e trata Marx de maneira fria e realista, situando-o na sua época e vendo-o sem qualquer mitificação. O pressuposto é simples: cada geração desenvolverá uma nova perspectiva em relação à vida, à obra e ao significado de Marx, conforme as transformações das condições históricas.

O nosso tempo trouxe consigo um Marx já bastante processado criticamente, saturado, manipulado de muitas maneiras. Já foi responsabilizado pelos crimes do stalinismo, por ditaduras, assim como já foi santificado e posto num pedestal como profeta da emancipação definitiva da humanidade. O Marx com que lidamos hoje é bem diferente daquele das décadas finais do século XX. As novas gerações o veem como um “clássico”, não como o mestre infalível da revolução, até porque a própria ideia de revolução se alterou bastante. A reprodução das condições gerais do capitalismo, porém, dão a ele uma atualidade que muitos outros clássicos não têm.

O primeiro volume do livro de Heinrich – assim como outras biografias mais recentes – nos ajuda a inserir Marx na história e a vê-lo em sua pujança filosófica, em seu desejo de liberdade, em sua adesão progressiva ao humanismo materialista, em sua relação com a dialética de Hegel. É um Marx que assiste ao amadurecimento do mundo moderno e começa a interpretá-lo.

Mais tarde, já depois de ter escrito com Engels o famoso Manifesto Comunista, Marx sai da Alemanha, passa por Paris e Bruxelas até se instalar em Londres. É o Marx mais conhecido, autor de O Capital. Crítica da economia política e de ensaios políticos, ativista do nascente movimento socialista. O Marx que passará para o século XX será sobretudo esse, devidamente incorporado primeiro pela cultura da socialdemocracia alemã e, depois, do comunismo soviético, do qual se espalhará pelo mundo.

Diferentemente do que pensam os antimarxistas atuais, o marxismo continua a nos ajudar a compreender o mundo do capitalismo globalizado, mesmo que esse capitalismo seja mais potente e diversificado, disposto na vida como um sistema global irresistível, muito distante do capitalismo do século XIX, que Marx visualizava como fadado a ingressar numa crise terminal.

Mas não é preciso admitir o fim do capitalismo para concluir que esse sistema todo-poderoso não conseguiu até agora apaziguar suas contradições ou evitar crises recorrentes de natureza sistêmica. Desse ponto de vista, Marx errou e acertou. Suas descobertas não só foram incorporadas ao modo moderno de pensar a vida, como são fundamentais para que consigamos decifrar o estado em que se encontra a Humanidade ao final da segunda década do século XXI.

Estar em crise não significa estar à beira da morte. O capital tem conseguido avançar mediante o processamento de seus limites e contradições, usando isso para alavancar novos ciclos de expansão. Tem sido beneficiado, paradoxalmente, por três coisas: pela desorganização da sociedade de classes, pela democratização derivada das lutas sociais e da ampliação progressiva das margens de liberdade, o que paradoxalmente esfriou o desejo de revolução, e pela incapacidade prática da utopia marxista (a organização consciente da produção social) de se traduzir efetivamente no terreno da vida cotidiana. Há planejamento, racionalização e regulação, mas a economia continua fora de controle, fazendo com que o sistema econômico despeje seus custos sobre as costas dos mais frágeis e desprotegidos, os desempregados, os trabalhadores precários, os migrantes e refugiados, os excluídos de todo tipo.

As ideias de Marx, nesse sentido, mantiveram-se como uma advertência para o sistema. Revelaram suas entranhas, sua face perversa e desumana. Permaneceram como uma espécie de “demônio antissistema” a desafiar o coro dos contentes.

O marxismo profetizou uma revolução do proletariado, que não teve como se realizar. Onde ela foi tentada os resultados deixaram a desejar. Depois da queda do Muro e do fim dos “socialismos reais”, a partir de 1990, ficou a impressão de que o marxismo desfalecera irremediavelmente. Tornou-se usual falar que “Marx estava morto”. No primeiro momento, Marx foi deslocado para a margem. Lá, porém, permaneceu a latejar. Continuou a ser consagrado e tratado de modo “religioso” por um séquito de milhares de cabeças, mas no terreno do pensamento tornou-se muito mais profano e laico, passando a receber tratamento mais distante e bem comportado, não como profeta de uma revolução política que não ocorreria, não como inspirador de movimentos e partidos, mas como impulsionador de uma visão abrangente do mundo. Marx perdeu algo de sua potência contestadora mas se manteve como passagem obrigatória para qualquer atitude interessada em se debruçar criticamente sobre a sociedade.

A permanência de Marx deixou de ser alimentada por certos recursos de reprodução simbólica e de narrativa revolucionária. Os partidos operários de primeira e segunda gerações – o movimento operário histórico – foram soçobrando e assumindo outras características, nas quais Marx e Engels não podiam seguir como “patronos”. Os Estados comunistas desapareceram. A linhagem construída pela tradição tradicional foi posta em xeque, e Marx deixou de ser o primeiro de uma sequência que passaria “obrigatoriamente” por Engels, Lênin, Trotsky, Stalin, Mao e Fidel, além, evidentemente, dos secretários-gerais dos partidos comunistas. O “marxismo-leninismo” simplesmente evaporou. Heterodoxos de todo tipo ganharam a luz do dia e se projetaram. Foi assim com Lukács, Rosa Luxemburg, Kautsky, Korsch e, sobretudo, Gramsci – todos eles comunistas e marxistas, mas invariavelmente atacados pela ortodoxia como “revisionistas”.

A dissolução dessa cultura reverencial fez bem ao marxismo. Tornou-o mais livre para ser examinado criticamente, atualizado e revisto com critérios científicos. O marxismo perdeu a aura sagrada que tinha antes, mas suas ideias-força incorporaram-se ao pensamento prevalecente. Não só passamos a aceitar o poder de determinação da economia, por exemplo, como nos tornamos mais “totalizadores” e dialéticos, enxergando a sociedade como um complexo composto de complexos, no qual tudo interage com tudo o tempo todo. A concepção ético-política do marxismo não teve a mesma disseminação, mas no conjunto o pensamento de Marx mostrou-se vitorioso.

Nada disso pode ser eliminado como se fosse um dejeto do passado. O marxismo, sua história e seu significado precisam ser, ao contrário, devidamente assimilados, parte da cultura moderna que são. A inquisição antimarxista atual, porém, não dispõe de envergadura teórica, sabedoria e inteligência democrática para se por criticamente diante de Marx e de seu legado. Opta, por isso, pela estigmatização pura e simples, com o que chega a uma caricatura do marxismo que só faz rebaixar o nível de um debate que precisa ser mantido e proliferar.




quinta-feira, 25 de outubro de 2012
O marxismo de Armênio Guedes Luiz Sérgio Henriques



*** Apresentação de Luiz Sergio Henriques

Com este livro, organizado por Raimundo Santos, começa a se delinear em sua inteireza o perfil do veterano dirigente comunista Armênio Guedes, uma das referências político-intelectuais decisivas de décadas da história do velho PCB, o Partidão, muito especialmente a partir dos duros anos de clandestinidade, ainda no Estado Novo, e em seguida do segundo pós-guerra.

De fato, a trajetória de Armênio está ligada a aspectos cruciais da trajetória daquele partido, como, por exemplo, aqueles que marcaram a grande crise do movimento no “inesquecível 1956”. Como se sabe, naquele já distante ano teve início o tímido, mas irreversível, processo de desestalinização na “pátria do socialismo”, com a denúncia dos crimes cometidos por Stalin durante a coletivização forçada e em outros momentos da construção do socialismo “num só país”. E, simultaneamente, no Brasil, a conjuntura política parecia se mover em sentido progressista, com o acelerado desenvolvimento econômico nos quadros da Constituição liberal de 1946.

Dinamizada por este duplo impulso, a política dos comunistas – mesmo na ilegalidade ou, no máximo, discretamente tolerados a partir do final da década de 1950 – buscava novo fôlego e novos horizontes: aí então encontramos, já definida, a figura de Armênio, um dos redatores da célebre “Declaração de Março de 1958” e um dos intelectuais que trabalharam com este singular Astrojildo Pereira em inúmeras iniciativas, como, entre outras, a revista Estudos sociais, expressão de um sopro de renovação da cultura da nossa esquerda.

Derrotada em 1964 a hipótese de reforma do capitalismo, segundo um padrão que deslocasse para o próprio país as decisões fundamentais (a questão nacional) e implicasse a incorporação da massa rural ao sistema econômico e social (a questão democrática, entendida “substantivamente”), eis que deparamos novamente com Armênio, explorando em profundidade, ao lado de outros grandes dirigentes, como Luiz Inácio Maranhão e Marco Antônio Coelho, as razões da dura derrota e os meios mais produtivos de chegar novamente à democracia.

Estas foram questões candentes no seu tempo: questões que levaram a maior parte do PCB, importantes dissidências à parte, a valorizar a política de frente democrática, bem como a apontar o rumo da resistência propriamente política ao regime ditatorial, tendo como referência a luta pela anistia, pela legalidade de todas as forças partidárias e, finalmente, pela convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

Aquele tempo projeta sonhos, conquistas e, naturalmente, promessas ainda não cumpridas sobre o Brasil dos nossos dias. Restaurado o regime de liberdades, o velho Armênio mais uma vez inova radicalmente: nele, a expressão “comunismo democrático” perde o caráter de oximoro de difícil entendimento. Com Armênio, penetramos numa ordem nova de possibilidades de mudança social, enraizada no respeito à legalidade constitucional e no método do reformismo, palavra antes maldita no repertório clássico da esquerda de matriz bolchevique.

Na sua introdução ao volume, Raimundo Santos mergulha no passado da experiência comunista e, ao singularizar a personalidade de Armênio, mostra-nos que, em meio a um século dramático, como foi o século XX, inclusive no Brasil, é possível buscar um fio condutor para as lutas sociais nas condições muitas vezes inéditas em que vivemos.

A aposta do organizador deste livro – a nossa aposta – é que a figura de Armênio e tudo o que ela representa estão destinadas a se tornarem bem maiores com o aprofundamento da vida num regime de liberdades. Uma aposta a ser feita, coletivamente, por uma esquerda democrática e reformista ainda em construção, que trate, com atenção, o legado de Armênio.

***Luiz Sérgio Henriques É ensaísta e editor de Gramsci e o Brasil 






200 anos de Karl Marx - A Relevância do Legado Marxiano para a Contemporaneidade


TVPUC
Publicado em 4 de mai de 2018
O Materialismo Histórico e Dialético no Pensamento de Marx Antonio Carlos Mazzeo (Serviço Social) Marx e a Previsão da Revolução Jason Borba (FEA) Marx e a Perspectiva da Emancipação Humana Bia Abramides (Serviço Social) A Ontologia do Ser Social Presente 'O Capital de Karl Marx' Maria Angélica Borges (FEA) Promoção: Faculdade de Ciências Sociais APROPUC Gravado em: 02/05/2018 - Auditório: 239


Referências

https://politica.estadao.com.br/blogs/marco-aurelio-nogueira/o-ano-de-marx/
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiflcJiFQzyHs_lkurGEb7zw6qSyftoT2usoHsp5sXJsnKfEat5zVEqPVBp-8WbNarkD_V0m1KTvIrPkycBXjb1LrGSGQXEYS_4-BhjURZr3_smrQRaTIseX2eM9oK7kP02c7NO6WatDCFV/s200/capa_armenio.jpg
http://gilvanmelo.blogspot.com/2012/10/o-marxismo-de-armenio-guedes-luiz.html
https://youtu.be/ofynRARsT18
https://www.youtube.com/watch?v=ofynRARsT18

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Sem Sigmaringa e sem Miucha


“ficar a ver navios.”

To be left empty-handed

LEFT e RIGHT não são apenas ESQUERDA E DIREITA!


“O Brasil não é um país para principiantes.” Antônio Carlos de Almeida Jobim ou, tão-simplesmente, Tom Jobim (Rio de Janeiro, 25/Jan./1927 — Nova Iorque, 8/Dez./1994)



"(...) mas eu posso tentar através de...

Tá bom! Eu vou falar.”


SEM PARENTESCO

Justiça nega pedido de Lula para ir ao enterro de Sigmaringa Seixas

25 de dezembro de 2018, 17h10
Por Gabriela Coelho
O juiz plantonista Vicente de Paula Ataíde, da Justiça Federal do Paraná, negou nesta terça-feira (25/12) pedido do ex-presidente Lula para comparecer ao funeral do advogado e ex-deputado federal Sigmaringa Seixas, que morreu nesta terça.
O corpo será velado nesta quarta-feira (26/12), a partir das 8h, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília. O enterro está previsto para as 16h30.
Na decisão, o magistrado citou o artigo 120 da Lei de Execução Penal, segundo o qual condenados que cumprem pena em regime fechado, como Lula, podem receber permissão para sair da prisão em caso de "falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão".
"Sendo assim, a despeito da alegada proximidade existente, não está caracterizado o grau de parentesco entre Lula e o falecido, necessário para ensejar a autorização da saída pedida", disse o magistrado.
5014411-33.2018.4.04.7000

Gabriela Coelho é repórter da revista Consultor Jurídico
Revista Consultor Jurídico, 25 de dezembro de 2018, 17h10




Amigo de Sigmaringa Seixas, Lula pede para ir a enterro mas Justiça nega

Por Extra
Publicado em 25/12/18 17:52



O ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva Foto: Jorge William/19.11.2017

Dimitrius Dantas e Sérgio Roxo
O ex-presidente Lula pediu à Justiça Federal do Paraná uma autorização para ir ao velório e sepultamento de seu amigo, o advogado Sigmaringa Seixas , morto nesta terça-feira . O juiz plantonista, no entanto, negou o pedido. A cerimônia ocorrerá durante a manhã e tarde desta quarta-feira no Cemitério Campo Santo , em Brasília.3
Em seu pedido, Lula explica o pedido afirmando que é amigo pessoal de Sigmaringa Seixas há mais de 30 anos. No entanto, em sua decisão, o juiz Vicente de Paula Ataíde Junior afirmou que só seria possível permitir que o petista deixasse sua cela na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba em caso de morte de parentes.
Ataíde Junior citou o art. 120 do Código de Execução Penal que cita que uma das possibilidades em que condenados em regime fechado possam obter permissão para sair da prisão seria o "falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão".
"Sendo assim, a despeito da alegada proximidade existente, não está caracterizado o grau de parentesco entre [Lula] e o falecido necessário para ensejar a autorização de saída pleiteada. Indefiro o pedido", afirmou o juiz.
O pedido foi feito no início da tarde desta terça-feira, às 14h03. Uma hora depois, o juiz plantonista protocolou sua decisão.
Amizade de 30 anos
O ex-deputado se transformou, desde sua entrada no PT, no final da década de 1990. num dos principais conselheiros em questões judiciais de Lula. Os dois também se tornaram amigos. Antes da prisão do ex-presidente, era presença constante no instituto do petista, no bairro do Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo.
Sigmaringa tinha bom trânsito no Judiciário e no Ministério Público e costumava atuar em articulações a favor de Lula nessas instituições. Em uma conversa telefônica gravada com autorização da Justiça no âmbito de uma investigação da Lava-Jato divulgada em março de 2016, Lula pede que o advogado transmitisse ao então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o seu desejo de colocar o acervo da Presidência em seu poder à disposição do Ministério Público Federal (MPF).
Quando o juiz Sergio Moro decretou a prisão de Lula em abril, Sigmaringa foi um dos três negociadores junto à Polícia Federal das tratativas para que o ex-presidente se entregasse. Nos primeiros dias de prisão, visitou quase diariamente o petista na Superintendência da Polícia Federal do Paraná. Meses depois, porém, com o agravamento de seu quadro de saúde, foi obrigado a deixar de ir a Curitiba.




Ex-deputado federal Sigmaringa Seixas morre aos 74 anos
Por Jovem Pan
25/12/2018 16h37
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo


Constituinte, Sigmaringa foi deputado por dois mandatos

O ex-deputado federal Luiz Carlos Sigmaringa Seixas morreu aos 74 anos, nesta terça-feira (25), em São Paulo. Filiado ao PT, ele combatia uma leucemia e já havia passado por um transplante de medula óssea no Hospital Sírio Libanês.
Advogado, Sigmaringa Seixas era identificado com a defesa dos direitos humanos. Na política, atuou no PMDB, no PSDB e Partido dos Trabalhadores. Ele chegou a defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá (SP).
Sigmaringa foi consultor da Anistia Internacional, membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz e vice-presidente do Comitê de Anistia na capital federal. Formado pela Universidade Federal Fluminense, atuou com presos políticos durante a ditadura militar (1964-1985).
Deputado entre 1987 e 1991 e 2003 e 2007, ele foi constituinte. Nascido em 7 de novembro de 1994 em Niterói (RJ), o ex-parlamentar deixa a esposa Marina Luce de Carvalho e dois filhos. Ainda não há informações sobre velório e sepultamento.
Repercussão
Em rede social, o presidente Michel Temer (MDB) lamentou “imensamente a morte do grande advogado e homem público” e destacou que Sigmaringa Seixas foi um “lutador pela democracia” brasileira. “Meus sentimentos de pesar à família e amigos.”
por taboola
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O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, emitiu nota de pesar e classificou a atuação do ex-deputado como “memorável tanto na defesa dos Direitos Humanos como também na dedicação a advocacia”.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, afirmou que o “grande e querido companheiro” era um “lutador incansável pela justiça e pela democracia em nosso país”.
Já o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou que Sigmaringa era “um mestre na arte da conciliação e da tolerância, um agregador por natureza e vocação”. “Fará muita falta ao Brasil e a nós, seus amigos”, escreveu.



art. 120 do Código de Execução Penal

LEP - Lei nº 7.210 de 11 de Julho de 1984
Institui a Lei de Execução Penal .
SUBSEÇÃO I
Da Permissão de Saída
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso.




“(...) Ô Sigmaringa! Ahn! Eu quiria que cê perguntasse pu Janot, si fô pussível, você ainda tem relação cum ele? Olha, há muito tempo que eu não falo. Ele tem fechado o canal, mas eu posso tentar através de... Cê sabe o que eu quiria? Como ele aceitou um pedido de um cara de Manaus pra investigar as coisas qui eu ganhei. Ahn? Pergunta ele se o ministério público tiver um lugar eu mando tudo pra lá pra eles tomarem conta Tá bom! Porque eu não tenho nenhum interesse em ficar com isso. Tá bom! Eu vou falar. (...)” Procurando o Procurador




LEFT e RIGHT não são apenas ESQUERDA E DIREITA! - Inglês Minuto



Pela Luz Dos Olhos Teus (com Tom Jobim)
 Miúcha

Pela Luz dos Olhos Teus
Tom Jobim e Miucha




(Ela canta)
Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar

Ai, que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar

Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar

Meu amor juro por Deus
Me sinto incendiar

(Ele canta)
Meu amor juro por Deus
Que a luz dos olhos meus
Já não pode esperar

Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus
Sem mais la ra ra ra...

Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar

( La ra ri ra ra ra...)
( La ra ri ra ra ra...)

(Os dois cantam)
Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar

Ai, que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar

Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar

Meu amor juro por Deus
Me sinto incendiar

Meu amor juro por Deus
Que a luz dos olhos meus
Já não pode esperar

Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus
Sem mais la ra ra ra...

Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor e só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar
Precisa se casar, precisa se casar (repete até o fim)
Composição: Tom Jobim


Se lembra do futuro


Maninha (dueto com Chico Buarque)
Miúcha



Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal
Feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções
Se lembra quando toda modinha
Falava de amor
Pois nunca mais cantei ó maninha
Depois que ele chegou

Se lembra da jaqueira
A fruta no capim
O sonho que você contou pra mim
Os passos no porão
Lembra da assombração
E das almas com perfume de jasmim
Se lembra do jardim ó maninha
Coberto de flor
Pois hoje só dá erva daninha
No chão que ele pisou

Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar
Que o dia vai raia
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim tão sozinho
A me torturar
que um dia ele vai embora maninha
Pra nunca mais voltar
Composição: Chico Buarque








Referências

http://www.pragmatismopolitico.com.br/wp-content/uploads/2013/02/esquerda-direita-politica-brasil.jpg
https://jornalggn.com.br/blog/antonio-ateu/o-torcicolo-ideologico-e-o-modernismo-reacionario-brasileiro
https://www.conjur.com.br/2018-dez-25/justica-nega-pedido-lula-ir-enterro-sigmaringa-seixas
https://extra.globo.com/incoming/23327607-38a-389/w640h360-PROP/x73063380_brasilbrasiliabsbpa19-11-2017congresso-do-pcdob-em-brasilia-lula-participa-d.jpg.pagespeed.ic.NcjljisYek.jpg
https://extra.globo.com/noticias/brasil/amigo-de-sigmaringa-seixas-lula-pede-para-ir-enterro-mas-justica-nega-23327610.html
https://img.jovempan.uol.com.br/uploads/2018/12/Sigmaringa-Seixas-1024x561.jpg
https://jovempan.uol.com.br/noticias/brasil/ex-deputado-federal-sigmaringa-seixas-morre-aos-74-anos.html
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11689736/artigo-120-da-lei-n-7210-de-11-de-julho-de-1984
https://mundovelhomundonovo.blogspot.com/2016/03/procurando-o-procurador.html
https://youtu.be/zDnF5677aCY
https://www.youtube.com/watch?v=zDnF5677aCY
https://youtu.be/rs4ggz5aeVg
https://www.letras.mus.br/miucha/73344/
https://youtu.be/VcfPdcdWyA8

https://www.letras.mus.br/miucha/924959/

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

(por quanto tempo?).


“(...) NOTA DA EDIÇÃO ELETRÔNICA Para aprimorar a experiência da leitura digital, optamos por extrair desta versão eletrônica as páginas em branco que intercalavam os capítulos, índices etc. na versão impressa do livro. Por este motivo, é possível que o leitor perceba saltos na numeração das páginas. O conteúdo original do livro se mantém integralmente reproduzido. (...)”
Copyright da tradução ©  Boitempo Editorial, 2011 Traduzido do original alemão Der achtzehnte Brumaire des Louis Bonaparte, em Karl Marx, Friedrich Engels, Werke (Berlim, Dietz, 1960, v. 8), p. 111-207

“(...) o proletariado sai de cena (por quanto tempo?). Tudo isso já é século XX – mas é século XX na perspectiva do século XIX, que ainda não conhece o horror do período fascista e pós-fascista.

Esse horror exige uma correção das sentenças introdutórias de O 18 de brumário: os “fatos e personagens da história mundial” que ocorrem, “por assim dizer, duas vezes”, na segunda vez, não ocorrem mais como “farsa”.

Ou melhor: a farsa é mais terrível do que a tragédia à qual ela segue. (...)”

“(...) Até mesmo na sociedade da superabundância eles estão aí: os jovens, que ainda não desaprenderam a ver, a ouvir e a pensar, que ainda não abdicaram, e aqueles que ainda são as vítimas da superabundância e que dolorosamente estão apenas começando a aprender a ver, ouvir e pensar. É para eles que O 18 de brumário foi escrito, é para eles que ele ainda não envelheceu. (...)”
PRÓLOGO Herbert Marcuse*

* Originalmente publicado como epílogo em Der achtzehnte Brumaire des Louis Bonaparte (Frankfurt, Insel, 1965, p. 143-50). Aqui publicado com a permissão de Peter Marcuse, executor literário de Herbert Marcuse, cuja autorização é necessária para qualquer publicação posterior. Materiais complementares de trabalhos inéditos de Herbert Marcuse, agora no arquivo da Universidade Goethe, em Frankfurt, estão sendo publicados em inglês pela editora Routledge, em uma série de seis volumes, organizada por Douglas Kellner, e em alemão pela editora Klampen, também em uma série de seis volumes, organizada por Peter-Erwin Jansen. Todos os direitos de publicação são de propriedade do executor literário. (N. E.)





“(...) Meu amigo Joseph Weydemeyer1prematuramente falecido, tivera a intenção de publicar, a partir de 1º de janeiro de 1852, um semanário político em Nova York, para o qual ele me desafiou a produzir a história do coup d’état [golpe de Estado]2 . Em consequência, eu lhe escrevi semanalmente, até meados de fevereiro, artigos com o título O 18 de brumário de Luís Bonaparte. (...)”
PREFÁCIO [À 2ª EDIÇÃO DE 1869]  

1 Comandante militar do distrito de St. Louis durante a Guerra de Secessão norte- -americana.
 2 Mediante um golpe de Estado contrarrevolucionário desferido no dia 2 de dezembro de 1851, Luís Bonaparte prolongou o seu mandato presidencial por mais dez anos, ampliando os seus poderes. No dia 2 de dezembro de 1852, proclamou-se imperador do Segundo Império francês.
Londres, 23 de junho de 1869



“(...) O fato de uma nova edição de O 18 de brumário ter se tornado necessária 33 anos após a sua primeira publicação mostra que até hoje o livrinho nada perdeu da sua relevância. (...)”
PREFÁCIO À 3ª EDIÇÃO [DE 1885] Friedrich Engels




Fac-símile da capa da primeira impressão de O 18 de brumário de Luís Bonaparte, no fascículo n. 1 da revista Die Revolution, publicada ...



“(...)Os homens fazem a sua própria história; contudo, não a fazem de livre e espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se encontram. A tradição de todas as gerações passadas é como um pesadelo que comprime o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem estar empenhados em transformar a si mesmos e as coisas, em criar algo nunca antes visto, exatamente nessas épocas de crise revolucionária, eles conjuram temerosamente a ajuda dos espíritos do passado, tomam emprestados os seus nomes, as suas palavras de ordem, o seu
figurino, a fim de representar, com essa venerável roupagem tradicional e essa linguagem tomada de empréstimo, as novas cenas da história mundial. Assim, Lutero se disfarçou de apóstolo Paulo, a revolução de 1789-1814 se travestiu ora de República Romana ora de cesarismo romano e a revolução de 1848 não descobriu nada melhor para fazer do que parodiar, de um lado, o ano de 1789 e, de outro, a tradição revolucionária de 1793-95. Do mesmo modo, uma pessoa que acabou de aprender uma língua nova costuma retraduzi-la o tempo todo para a sua língua materna; ela, porém, só conseguirá apropriar-se do espírito da nova língua e só será capaz de expressar-se livremente com a ajuda dela quando passar a se mover em seu âmbito sem reminiscências do passado e quando, em seu uso, esquecer a sua língua nativa. (...)”
O 18 DE BRUMÁRIO DE LUÍS BONAPARTE Karl Marx



De acordo com Basbaum (1976),

“(...) Para conseguir trabalho, por sugestão do antigo colega e companheiro de infância (Elias Davidovich) fui procurar a Editora Guanabara, onde me ofereci para fazer traduções, indústria recém-começando no Brasil. Eu conhecia o dono. Recebeu-me muito bem e disse que tinha precisamente um livro para traduzir: Os Irmãos Karamazov, de Dostoiewsky, livro que eu conhecia e amava. Combinamos o preço, deu-me um pequeno adiantamento e em seguida me entregou o original: uma tradução francesa. Antes, porém, abriu-o pelo meio, arrancou cerca de 40 ou 50 páginas de um golpe e me disse com um ar sério: o livro é muito grosso. (...)”

Leôncio Basbaum
UMA VIDA EM SEIS TEMPOS
(MEMÓRIAS)



EDITORA ALFA-OMEGA
São Paulo
1976



Referências

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2804654/mod_resource/content/0/Marx%20-%20O%2018%20Brum%C3%A1rio%20de%20Lu%C3%ADs%20Bonaparte%20%28Boitempo%29.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2804654/mod_resource/content/0/Marx%20-%20O%2018%20Brum%C3%A1rio%20de%20Lu%C3%ADs%20Bonaparte%20%28Boitempo%29.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2804654/mod_resource/content/0/Marx%20-%20O%2018%20Brum%C3%A1rio%20de%20Lu%C3%ADs%20Bonaparte%20%28Boitempo%29.pdf 
https://image.slidesharecdn.com/karlmarx-o18brumriodelusbonaparteboitempo-160505001626/95/karl-marx-o-18-brumrio-de-lus-bonaparte-boitempo-22-638.jpg?cb=1462407472
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2804654/mod_resource/content/0/Marx%20-%20O%2018%20Brum%C3%A1rio%20de%20Lu%C3%ADs%20Bonaparte%20%28Boitempo%29.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2804654/mod_resource/content/0/Marx%20-%20O%2018%20Brum%C3%A1rio%20de%20Lu%C3%ADs%20Bonaparte%20%28Boitempo%29.pdf
https://site.alfaomega.com.br/sites/default/files/styles/large/public/vida-em-seis-tempos-uma.jpg?itok=AG1U5e3Y
BASBAUM, L. Uma vida em seis tempos. ed. São Paulo: Alga-Omega, 1976.