quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Aberturas em tempos fechados

- Olá, como vai?

- Seja o que tiver que ser,

- Por favor, não esqueça,

- seja o que quiser ser.

- Adeus...



Abertura e Encerramento - "Pecado Capital" - (1975/1976)

Em 1975, estava tudo pronto para a exibição da primeira versão de Roque Santeiro, quando, às vésperas da estreia, a Censura vetou a novela, instaurando uma crise na programação da Rede Globo. Um compacto de Selva de Pedra (1972) foi levado ao ar enquanto a emissora estudava sinopses que pudessem ser produzidas no curto prazo de três meses. Janete Clair, que já passara pela experiência de escrever uma sinopse em tempo recorde – O Semideus (1973) –, ofereceu-se para repetir a façanha. Para criar a sinopse de Pecado Capital, Janete Clair deixou Bravo!, a novela das sete que escrevia na época, a cargo do colaborador Gilberto Braga.



Malhação Viva a Diferença - Karol Conka - Bate a Poeira ( Legenda/ Lyrics )



Malhação - Viva a Diferença nem começou e a trilha sonora já tá BOMBANDO!! O encontro de gerações e estilos marca a principal característica da trama teen, que já está, inclusive, em seu nome. Soltando a voz na abertura, a rapper Karol Conká canta a diferença através de uma letra forte e uma batida contagiante, que foi adaptada para a novela. Ao lado da cantora, estão também um clássico dos anos 80, a banda britânica The Cure com "In Between Days", e o nome do momento da cena alternativa Ed Sheeran.





Geração 1942

1975

Paulinho da Viola
Paulo César Batista de Faria
* 12/11/1942 Rio de Janeiro, RJ 


Paulinho da Viola
Cantor e compositor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biografia de Paulinho da Viola
Paulinho da Viola (1942) é um cantor, compositor e violonista brasileiro, um dos mais importantes representantes do samba e da Musica Popular Brasileira.
Paulinho da Viola (1942), nome artístico de Paulo César Batista de Faria, nasceu no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro, no dia 12 de setembro de 1942. Filho de Benedito César Ramos de Faria, violonista e integrante da primeira formação do grupo de choro Época de Ouro, desde pequeno conviveu com grandes nomes do choro, como Pixinguinha e Jacob do Bandolim.
Ainda jovem, observando o pai tocando, decidiu que iria tocar o mesmo instrumento, mas seu pai não gostou da ideia e dizia que o filho teria que ser doutor (mais tarde ele contaria essa história no samba Catorze anos). Enquanto estudava no colégio Joaquim Nabuco, Paulinho tentava aprender a tocar violão por conta própria. Depois teve como professor Zé Maria, amigo de seu pai.
Paulinho passava os fins de semana na casa de uma tia, em Vila Valqueire, onde começou a frequentar as noitadas no bairro. Com um grupo de amigos formou o bloco Foliões da Rua Amélia Franco. Em 1959, conheceu o violonista Chico Soares, o Canhoto da Paraíba e passou a estudar com mais entusiasmo. Nessa época, entrou pela primeira vez em uma escola de samba, a União de Jacarepaguá, onde passou a ter contato com grandes sambistas e compôs seu primeiro samba para a escola, “Pode Ser Ilusão” (1962), mas nunca chegou a ser gravado.
Em 1963, foi convidado para mudar de escola, por Oscar Bigode, diretor da bateria da Portela, e primo de Paulinho. O primeiro encontro de Paulinho com a ala de compositores da Portela se deu no Bar do Nozinho, quando mostrou a música “Recado”, um samba do qual só havia feito a primeira parte. Naquele momento, junto com Casquinha, fez a segunda parte e Paulinho estava aprovado como compositor, e ganhara seu primeiro parceiro.
Começou a se enturmar na Portela, mas continuou seus estudos e concluiu o curso de técnico em contabilidade. Trabalhava em um banco e a noite saía para as noitadas de samba. Ao conhecer o poeta Hermínio Bello de Carvalho e colocar música em seus versos, foi levado para participar dos shows no recém-inaugurado na Rua da Carioca, o Zicartola, de Cartola e Zica, sua mulher, que virou um reduto do samba e do chorinho.
Em 1964 passou a se dedicar exclusivamente à música. Em 1965 participou do musical “Rosa de Ouro”, que foi apresentado no Rio, em São Paulo e na Bahia, que resultou na gravação do disco, “Roda de Samba”. Em 1965, as músicas de Paulinho: “Coração Vulgar”, “Conversa de Malandro” e “Jurar com Lágrimas”, já apareciam no conjunto A Voz do Morro, formado por diversos integrantes, entre eles, Zé Kéti e Oscar Bigode.
Em 1968, Paulinho lançou seu primeiro disco solo. Participa de festivais e classifica suas músicas. Em 1970 grava seu segundo disco, que lançou a música “Foi Um Rio Que Passou em Minha Vida”, sucesso do carnaval da Portela, que se tornou um clássico de seu repertório. Em 1974, Paulinho tentou preservar o choro, com o show “Sarau”, apresentado no Teatro da Lagoa, em homenagem a Jacob do Bandolim.
Entre os sucessos do cantor, destacam-se: “Sei Lá, Mangueira”, “Dança da Solidão”, “Jurar Com Lágrimas”, “Guardei Minha Viola”, “Argumento”, “Amor à Natureza”, “Perdoa”, “Sentimento Perdido” e “Coração Leviano”. Em 2003, Paulinho lançou o documentário “Meu Tempo é Hoje”, que conta a rotina do artista e mostra os encontros musicais com a Velha Guarda da Portela, Marina Lima, Elton Medeiros, Zeca Pagodinho e Marisa Monte. Em 2017, Paulinho da Viola recebe Marisa Monte para um show nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.



Apresentação: Luiz Fernando Vianna



Sinal Fechado
Paulinho da Viola


 
Olá, como vai ?
Eu vou indo e você, tudo bem ?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você ?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe ...
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de quê
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona ?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo talvez nos vejamos
Quem sabe ?
Quanto tempo... pois é... (pois é... quanto tempo...)
Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
Por favor, telefone, eu preciso
Beber alguma coisa, rapidamente
Pra semana
O sinal ...
Eu espero você
Vai abrir...
Por favor, não esqueça,
Adeus...
Composição: Paulinho da Viola


Sinal Fechado – Paulinho da Viola – 1969
V Festival da Música Popular Brasileira 1º Lugar: Sinal Fechado (Paulinho da Viola) – intérprete: Paulinho da Viola

V Festival de Música Popular Brasileira
Local: Teatro Record, cidade de São Paulo
Data: Novembro 1969
Classificação
1º Lugar: "Sinal Fechado" (Paulinho da Viola) – intérprete: Paulinho da Viola
2º Lugar: "Clarisse" (Eneida e João Magalhães) – intérprete: Agnaldo Rayol
3º Lugar: "Comunicação" (Edson Alencar e Hélio Gonçalves Matheus) – intérprete: Vanusa
Este foi o último dos Festivais da TV Record - Canal 7 de São Paulo Período: novembro a dezembro de 1969 Local: Teatro Record - Rua Augusta (ex-Cine Regência), cidade São Paulo Trofeu: Viola de Ouro Direção Geral: Marco Antônio Rizzo Apresentacão: Blota Jr. e Sônia Ribeiro
obs.: Era proibido o uso de guitarras elétricas.
Jurados: Maysa, Severino Filho, Gabriel Migliori, Hervê Cordovil, Moraes Sarmento, Aracy de Almeida e Paulo Bomfim como Presidente do Juri desempatou a votação do 1º Lugar dando o prêmio a Paulinho da Viola.[8]



A era dos festivais: uma parábola
Por Zuza Homem de Mello


30 anos se passaram

Geração 1987

2015




Karol Conka
Karoline dos Santos Oliveira
* 1/1/1987 Curitiba, PR 
Karol Conka
Perfil do artista
Ingressos
FanReports
Biografia
Fotos
Biografia
Karol Conka começou a rimar ainda no colégio. Depois de algumas parcerias, encontrou no produtor Nave (Emicida, Kamau, Marcelo D2, entre outros) o som que casou perfeitamente com a sua proposta de fazer um rap com sonoridade universal, aliando batidas pesadas a timbres orgânicos. Antes de lançar seu álbum de estreia, seus três clipes oficiais já somavam mais de 1,5 milhão de visualizações no Youtube. O reconhecimento veio em indicações (Aposta VMB em 2011) e convites para participação especial em show dos Racionais MCs, além de dividir o palco com Marcelo D2, Emicida e Kamau e gravar uma música com Luiz Melodia. No início de 2013, abriu o show de Criolo no Circo Voador. Em abril, lançou seu primeiro álbum, "Batuk Freak", alcançando a marca de 20 mil downloads em menos de uma semana. Desde então, viaja o Brasil divulgando suas músicas cheias de peso e melodia. Em setembro de 2013, faturou a categoria Artista Revelação no Prêmio Multishow.


Bate a Poeira
Karol Conka

  

Os perturbados se prevalecem
Enquanto atingidos adoecem
Palavras soltas que aborrecem
Esperança depois de uma prece
Um povo com crise de abstinência
Procura explicação pra existência
Num mundo onde dão mais valor pra aparência
Tem sua conseqüência

Negro, branco, rico, pobre
O sangue é da mesma cor
Somos todos iguais
Sentimos calor, alegria e dor
Krishna, Buda, Jesus, Allah
Speed Black profetizou
Nosso Deus é um só
Vários nomes pro mesmo criador
Pouco me importa sua etnia
Religião, crença, filosofia
Absorvendo sabedoria
Desenvolvendo meu dia-a-dia

Nesse mundo poucas coisas são certas
Amor, sorte, morte, a vida que se leva
Do sul para o norte, da Ásia à América
Se errar é humano o erro te liberta
Seja o que tiver que ser, seja o que quiser ser
Bate a poeira, bate a poeira, bate a poeira
Seja o que quiser ser
Bate a poeira, bate a poeira, bate a poeira
Seja o que tiver que

O preconceito velado
Tem o mesmo efeito, mesmo estrago
Raciocínio afetado
Falar uma coisa e ficar do outro lado
Se o tempo é rei vamos esperar a lei
Tudo que já passei nunca me intimidei
Já sofri, já ganhei, aprendi, ensinei
Tentaram me sufocar mas eu respirei
Há tanta gente infeliz
Com vergonha da beleza natural
É só mais um aprendiz
Que se esconde atrás de uma vida virtual
Gorda, preta, loira o que tiver que ser
Magra, santa, doida somos a força e o poder
Basta, chega, bora, levanta a cabeça e vê
Vem cá, viva, sinta, o que quiser você pode ser

Nesse mundo poucas coisas são certas
Amor, sorte, morte, a vida que se leva
Do sul para o norte, da Ásia à América
Se errar é humano, o erro te liberta

Seja o que tiver que ser, seja o que quiser ser
Bate a poeira, bate a poeira, bate a poeira
Seja o que quiser ser
Bate a poeira, bate a poeira, bate a poeira
Seja o que tiver que
Composição:

Bate a poeira, bate a poeira, bate a poeira

Rapper Karol Conka fala sobre vida e carreira
Ela se apresenta neste sábado (1º) no Clube Metrópole, às 22h, ao lado do DJ Hadji
Publicado em 01/08/2015, às 17h21


 A rapper curitibana Karol Conka
Foto: Divulgação
Do JC Online


“Vim do gueto pronta pra aguentar”, dispara a rapper curitibana Karol Conka na música Gueto é Luxo. Num mundo onde, fatalmente e ainda, há espaço para racismo, machismo e outros preconceitos sociais, aguentar é se sobressair. Karoline dos Santos Oliveira começou a ser “Karol com K” ainda na escola, chamada pela professora, para distinguir de uma outra Carol que havia na turma. Hoje, adulta e com um prêmio Multishow de Artista Revelação 2013 (desbancando nomes como Anitta, Clarice Falcão e Strobo) continua se diferenciando – por tudo isso e não somente: pelo nome, cabelo rosa ou performance altiva; pelos versos e voz segura e marota, sobretudo no palco, onde sobe acompanhada apenas de um parceiro – o DJ Hadji. “Andando por entre os becos”, cantando os versos da difundida música Boa Noite, a dupla se apresenta neste sabado (1º), no Clube Metrópole, às 22h.

JORNAL DO COMMERCIO - Karol, quando o "Conka" começou a pegar no seu nome?
KAROL CONKA - Começou com o meu pai, que fazia questão de ser Karolina com K. E ele sempre me falava: diga para as pessoas: "meu nome se chama com k" A professora tambpem falava e todo mundo chamava assim e eu me apresentava e todo mundo chamava "Karol com K". Quando fui pra baladinha, lá pelos 16, 17 anos, uma amiga escreveu do jeito que eu uso hoje e eu achei legal.
JC - E como se deu os primeiros contatos com o palco e com o rap?
KAROL - Eu já subia no palco com 13, 14 anos para dança contemporânea. Um rapaz me conheceu no colégio e me colocou para abrir o show de uma banda de Brasília e foi super legal. Nunca mais consegui. Comecei a escrever música, poema, quando eu tinha uns seis anos e eu tinha acabado de aprender a escrever. Eu lembro até hoje como era rimar uma palavra com outra e criar um sentido através daquela rima. Sempre quis ser cantora. Achei que não tinha voz, me subestimava, achava que não ia rolar.
JC - Laurin Hill está entre seus ícones. Qual é a importância das referências e quais são as suas?
KAROL - Eu acho que toda mulher negra do Brasil precisa ter uma referência porque a gente está o tempo todo sendo rebaixada de alguma forma, mesmo que invisível, ela está ali. É triste, pois é visto como vitimismo quando a gente relama. Eu precisava me inspirar. É lógico que tinha outras cantoras negras, mas não era do estilo que puxava a minha cabeça, tão jovem. Eu parei de alisar o meu cabelo e deixei crescer, me sentia linda, para ficar parecida com ela. Eu parava tudo para vê-la, e eu vi quanto era importante. O ser humano precisa ter uma referência, a vida inteira. É muito importante falar de Sandra de Sá, Elza Soares, Paula Lima, das pessoas que ouvia quando era pequena. Eu não sou menos porque sou negra.
JC - Em uma de suas últimas entrevistas você falou sobre as roupas que usa, pois "gosta de chamar atenção", "quando as pessoas estranham". Como você prepara o figurino, cabelo, maquiagem? Alguém te ajuda nas escolhas?
KAROL - Eu não gosto de contar com ajuda de personal style. Trabalhei uma vez, é importante, mas no meu caso, trabalho em casos especifícos. Mas eu gosto de eu mesma me produzir. E durante o dia, uso as mesmas coisas. Tem roupa que uso no dia a dia. Não uso padrão de artista, não me preocupo neste ponto. O mais importante é estar me sentido bem. Gosto de me vestir de uma maneira legal, de me ver no espelho. Se eu contar com a ajuda de um personal, metade da minha personalidade pode ser ofuscada por uma pessoa que talvez não me entenda. Quem melhor do que eu pra me para me maquiar, me vestir?
JC - O teu rap não ganhou apenas o Brasil, mas o mundo. Além de várias turnês em outros continentes, há o reconhecimento da crítica internacional, bem como parcerias e participações especiais. Como você lida com essa movimentação?
KAROL - Eu acompanho. A produção me passa tudo, fico bem emocionada. Principalmente por ouvir que isso jamais seria possível. E não ouvi apenas de uma pessoa, ou de duas. É natural do ser humano dizer que não vai dar certo. Me desfoquei desse tipo de energia e foquei com a cabeça lá fora. Quando essa notícia chega pra mim, recebo com os pés no chão. Não é arrogância. Trabalhei pra isso, o reconhecimento chegou; e bola pra frente, tenho mais trabalho pra fazer. Quero mostrar que podemos viver fora do padrões.
JC - Já faz algum tempo desde o disco Batuk Freak, dois anos. Como anda o teu processo criativo no momento, o que passa pela sua cabeça; a que pés está o andamento de um novo trabalho?
KAROL - Tenho ouvido uns vinis que comprei quando estava em turnê por Paris, em 2014. Estou trabalhando com Tropkzilla e Boss in Drama e outros dois produtores que ainda não bati o martelo. Pego tudo o que eu gosto, tudo que eu acho vai bater comigo, que vai me arrepiar. Movimentos musicais, frases, refrões. Passo para os produtores de confiança, pois busco a amizade no trabalho, para manter uma energia boa do disco. Prefiro demorar porque é um processo todo fofinho mesmo. Eu gosto de namorar, de me envolver com o álbum, e esse vai vir cheio de coisas minhas, da minha vida, do meu cotidiano. Com esse álbum, eu vou mostrar mais quem é a Karol, e não virá feito o Batuk Freak, mas a essência continua a mesma. Então eu vou deixar toda a minha personalidade ai. 
JC - Como funciona a relação com os fãs? Quais são os ambientes de interação com eles (real, virtual)?
KAROL - Gosto de interagir com os meus fãs, sobre o que eles gostariam de saber. Isso acontece nas redes sociais, no camarim, na rua. Eu converso com eles, e tá tudo bem. Eles têm uma liberdade e sentem essa liberdade  comigo, de poder opinar. Eu faço aquilo que eu realmente quero fazer, mas gosto de ouvir opinião também. Não nasci sabendo tudo.



Mas eu sumi na poeira das ruas

[Entrevista] Aniversariante deste domingo, Paulinho da Viola estreia em redes sociais
Notoriamente tímido e avesso a qualquer tipo de cacofonia, o cantor e compositor ainda soa desconfiado em relação à empreitada.
Por: Folhapress em 12/11/17 às 09H19, atualizado em 12/11/17 às 09H22


Paulinho da ViolaFoto: Andre Nery/Folha de Pernambuco

É uma estreia improvável para um senhor de 75 anos, em particular este senhor: neste domingo (12), seu aniversário, Paulinho da Viola vai passar a existir nas redes sociais, com a criação de seus perfis no Facebook e no Instagram.

Notoriamente tímido e avesso a qualquer tipo de cacofonia, o cantor e compositor ainda soa desconfiado em relação à empreitada. "Eu sou um cara do século 19, sou marceneiro, toco cavaquinho e violão, entende? Não tenho nada a ver com isso aí, isso é uma coisa de outro tempo."



Sua família, no entanto, o convenceu da importância de estar presente nessas redes que concentram quase 3 bilhões de pessoas atualmente. "A gente mostrou que é uma oportunidade de ter um canal direto com as pessoas interessadas no trabalho dele", diz João Rebello, seu filho. "Há muita coisa que pode ser mostrada para o público. Claro, se ele quiser, se ele se sentir à vontade."

Não é só a exposição que incomoda o reservado Paulinho nas redes, mas o constante flá-flu ideológico (ainda mais para um vascaíno). "Posso ter razão, mas, se eu tiver que entrar numa discussão para explicar, é complicado."

O sambista recebeu a Folha de S.Paulo em sua casa, na Barra da Tijuca, na terça (7). Não se furtou a falar sobre política, posicionando-se à esquerda, contra "esse capitalismo que tem uma concentração de renda cada vez maior num número menor de pessoas".

PERGUNTA - Como o sr. foi convencido a entrar nas redes sociais?
PAULINHO DA VIOLA - Olha, quando começou essa coisa de informação digital, eu já brincava dizendo que não era para mim. Sou um cara do século 19, marceneiro, toco cavaquinho e violão, entende? Hoje em dia, o comportamento e os valores são outros, as pessoas se relacionam de uma maneira diferente. Já tenho muita coisa que não resolvo com o tempo que tenho, como é que vou entrar em mais uma coisa em que vejo todo mundo absorvido por aquilo?

P. - O sr. tem um computador?
PV - Tinha um em que me comunicava com outras pessoas, e-mails, tudo assim. Aí começam a mandar um monte de coisa, você tem de mergulhar naquilo e ficar, não pode fazer outra coisa. E eu gosto de conversar, para eu mandar um bilhete é muito complicado. Começo a escrever, aí paro, "não, essa palavra tá errada", e não escrevo. Sempre fui uma pessoa muito reclusa também, prezo muito o silêncio, para conversar tem de ser um ambiente quieto, para a gente discutir alguma coisa, refletir sobre aquilo. Se estiver conversando um assunto e for interrompido, não sei mais do que estava falando.

P. - A estreia dos seus perfis on-line coincide com seu aniversário. Como o sr. está, aos 75?
PV - Sou muito consciente de certas coisas. Adorava futebol, era peladeiro, joguei na praia, no time da Portela, era uma delícia. Teve um momento, já tinha 50 e poucos anos, em que pensei "não quero mais ficar correndo atrás de bola". Rapaz, me deu uma coisa, eu perdi completamente a vontade de jogar. Mas ainda vejo futebol, acompanho Copa, vejo meu time [Vasco] jogar.
Eu gostava de fazer coisas mais pesadas na carpintaria, pegar peso, era algo que eu precisava, assim como tem gente que vai para academia malhar. Chega um ponto em que você não pode mais, vai pegar uma coisa e aquilo não sai do chão. Aí você diz "pô, peraí, não posso insistir".

P. - Muitos artistas polarizam opiniões na internet por suas posições políticas. O sr. não é de se envolver em polêmicas.
PV - Tudo que você diz tem sempre gente que discorda. O problema é se você estiver disposto a entrar nisso. Confesso que eu não tenho essa energia. Posso ter razão, mas, se eu tiver que entrar numa discussão para explicar, é complicado. O que não quer dizer que eu não tenha minha opinião, e já a manifestei várias vezes.

P. - O sr. já declarou apoio a um candidato à Presidência?
PV - Quando o Roberto Freire foi candidato pelo PCB, em 1989, eu cheguei a dizer que ia levar a minha caneta Parker, que foi do meu pai, para votar nele. Participei de festas do partido e tudo. Mas comecei a me questionar sobre isso. Por que artista tem de dizer "olha, estou com não sei quem"? Não sei se isso é importante.

A gente tem que tomar cuidado. Tenho revistas com depoimentos de várias pessoas influentes de esquerda quando o PCB foi legalizado. Você vê os depoimentos de época e o que as pessoas dizem agora. Não acompanham o que a história está ensinando. E discutir isso é muito difícil. É mais fácil sair para o pau.

P. - O sr. se mantém ideologicamente alinhado ao PCB?
PV - Não sei. Posso te dizer que sou um homem de esquerda. Tem algumas coisas que são de princípio. Quando você pensa e age num sentido em que fica claro que o seu trabalho está de acordo com a vontade de uma maioria, daqueles que você sabe que historicamente são os mais prejudicados. Quando você luta por questões que têm a ver com o chamado bem comum. Você pode ter um sujeito que tem soluções à direita para resolver questões das classes mais prejudicadas por todo esse processo desse capitalismo. Mas tem outras que acham que essa preocupação não deve existir, é o salve-se quem puder, o individualismo. A gente sabe que toda discussão em torno da distribuição dos bens comuns passa por uma outra arquitetura econômica e social. Não posso aceitar que a solução proposta por alguns para resolver problemas de violência seja matar.

P. - O sr. se refere ao Bolsonaro?
PV - Não, não estou falando o nome de ninguém. Nunca vi declaração [dele], seria uma leviandade se eu fosse falar de algo que não ouvi. Por outro lado, tem coisas com que você não pode concordar. Não acho que você tenha que fazer alianças por uma questão de poder. Não estou nem falando de questões econômicas, que eu não entendo.

P. - O sr. vai votar na próxima eleição?
PV - Pretendo votar. Vai ser uma eleição muito dura, porque quem assumir isso aí já sabe que vai pegar uma barra muito pesada. Acho que não vai aparecer um candidato capaz de unificar o país. Estamos vivendo uma fragmentação, uma confusão para a maioria sobre tudo isso que vem acontecendo: Lava Jato, gente presa, corrupção, denúncia contra o fulano, delação. Tem muita gente que está pensando só em si mesma, entendeu? Como é que a gente vai encarar isso? "Votando certo". Tá certo, mas como? Vamos pensar, refletir mais. Tem muita gente falando. Todo mundo fala, parece que as pessoas estão viciadas em desabafar. E a práxis? A práxis é que é fogo. Teorias, a gente tem todas. Mas, basicamente, o que você tem hoje é um processo que favorece um número cada vez menor de pessoas em detrimento da grande maioria, no mundo inteiro. Isso não vai continuar assim.





Referências

https://youtu.be/7qEN7adSzCI
https://www.youtube.com/watch?v=7qEN7adSzCI
https://youtu.be/lql92IBF2-s
https://gshow.globo.com/Musica/noticia/trilha-sonora-de-viva-a-diferenca-tem-karol-conka-ed-sheeran-e-the-cure.ghtml
https://www.ebiografia.com/paulinho_da_viola/
http://radiobatuta.com.br/programa/geracao-de-1942paulinho-da-viola-memorias/
https://youtu.be/IEUPH1A7YkM
https://youtu.be/JPkuZ7iodU0
https://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_de_M%C3%BAsica_Popular_Brasileira
https://books.google.com.br/books?id=iJ-jis953mEC&pg=PA500&lpg=PA500&dq=Paulinho+da+Viola+sobre+Abertura+da+Globo+Sinal+Fechado&source=bl&ots=Q_8LpmRv0C&sig=71vwEExqFlWTwjsiM9JxUJUqa2Q&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjUmsW29NrYAhVJj5AKHYDzCmcQ6AEIRTAF#v=onepage&q=Paulinho%20da%20Viola%20sobre%20Abertura%20da%20Globo%20Sinal%20Fechado&f=false
http://www.eventim.com.br/karol-conka-biografia.html?affiliate=BR1&doc=artistPages/biography&fun=artist&action=biography&kuid=527189
https://youtu.be/Ot49vpm_p5A
http://portalpopline.com.br/wp-content/uploads/2017/09/karol-conka.jpg
http://noticiasdetv.com/2017/05/05/entrevista-karol-conka-fala-sobre-tema-de-abertura-de-malhacao-viva-a-diferenca/
http://www.folhape.com.br/obj/11/228026,475,80,0,0,475,365,0,0,0,0.jpg
http://www3.folhape.com.br/diversao/diversao/diversao/2017/11/12/NWS,48392,71,552,DIVERSAO,2330-ENTREVISTA-ANIVERSARIANTE-DESTE-DOMINGO-PAULINHO-VIOLA-ESTREIA-REDES-SOCIAIS.aspx

Nenhum comentário:

Postar um comentário