quarta-feira, 16 de maio de 2018

A estampilha


É sempre nos meus lábios a estampilha.
C.D.A.

Estampilha: Espécie de selo. O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular daquela, ressalvado o disposto no artigo 150. A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade, não dão direito a restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas em que o erro seja imputável à autoridade administrativa.





O Enterrado Vivo
Carlos Drummond de Andrade



É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.



ANÁLISE DO POEMA "O ENTERRADO VIVO", DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 
Por Usina de Letras


O poema “O Enterrado Vivo”, de Carlos Drummond de Andrade, retrata a angústia de uma pessoa que está infeliz com seu modo de vida atual. Desde o título até o último verso, Drummond leva até ao leitor a angústia, a indecisão, o sofrimento do eu-poético.

O título já oferece ao leitor a possibilidade de sentir-se angustiado: pessoas são apenas enterradas quando mortas, e o eu-poético sente-se um enterrado vivo, alguém que está no mundo mas que não desfruta do que este pode lhe proporcionar, alguém que não sente-se útil para ninguém, ou, como dizem popularmente: alguém que morreu e esqueceram de enterrar.

Podemos perceber também o paralelismo sintático: Todos os versos iniciam-se com um adjunto adverbial de tempo e terminam com o sujeito. Isso se repete por todo o poema, sem exceção, os versos são fechados, o que remete a uma sepultura, um túmulo, fechado por todos os lados e sem possibilidades, provavelmente também remetendo ao estado emocional do eu-poético. No último verso notamos que a repetição da palavra “sempre” confirma que as possibilidades inexistem. “Sempre no meu sempre”, uma espécie de círculo, onde uma coisa leva a outra, sempre.

O poema reflete um estado de hipersensibilidade do eu-poético, alguém que se assusta com os reveses da vida, e já não luta mais. O mundo apresenta-se inóspito e nada é feito para que ele seja mais acolhedor. Tudo parece desagradá-lo. O eu-poético parece um derrotado, uma pessoa que entra no jogo já sabendo que vai perder. O mundo lhe diz isso, e ele aceita este rótulo como verdade. Isso só leva à menor resistência aos embates contra os reveses da vida. É necessário que destruamos os simulacros que todos possuímos, para que possamos encarar a vida de frente e para que não percamos a fé em nós mesmos.



Referências

http://www.hugomeira.com.br/conceito-natureza-e-nocao-de-tributo/
http://slideplayer.com.br/52499/1/images/21/Estampilha+s.f..jpg
https://youtu.be/EPuALjLAIRk
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=1294&cat=Reda%E7%E3o

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