segunda-feira, 2 de maio de 2016

EXEMPLO DE PEDRO SIMON...

...de Juiz de Fora




POLÍTICA

30 de abril de 2016 – 07:00
Entrevista: Pedro Simon/ex-senador do PMDB
Por EDUARDO MAIA E RENATO SALLES

Após 58 anos de vida pública, incluindo três mandatos consecutivos de no Senado Federal, o ex-senador Pedro Simon (PMDB-RS) acompanha o desenrolar do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Em visita a Juiz de Fora para uma palestra no Museu de Arte Murilo Mendes Mamm) ontem, ele conversou com a Tribuna na sede do Instituto Itamar Franco, no Museu de Crédito Real. Além de elogiar a operação Lava Jato, afirmou que o vice-presidente Michel Temer é capaz de unificar o país a partir do diálogo entre todas as forças políticas. No entanto, considera que o ‘toma lá dá cá’ entre partidos não pode guiar as negociações em um novo governo.
- Tribuna – Como o senhor vê hoje o cenário político no país?
- Pedro Simon – Eu acho a situação muito delicada. Tenho insistido que há uma diferença de hoje para todas as crises que vivemos no passado. Ao longo da história, deputado, senador, gente importante não ia para a cadeia. Cadeia era lugar para povão, para ladrão de galinha. De uns anos para cá, temos verdadeiramente uma limpa, nos mínimos detalhes. Vários empresários estão na cadeia, políticos, o líder do Governo no Senado estava na cadeia. O Supremo está aceitando [as denúncias]. Pela primeira vez, está acontecendo o que nunca aconteceu na história do Brasil.
- O senhor acredita que, se aprovado o impeachment e num eventual governo Temer, haverá a continuidade da operação?
- Tudo está sendo investigado e provado. O importante, nesse debate todo, é continuar a operação. Sinto que tem muita gente de um lado e do outro que está querendo parar. A operação não envolve apenas o PT. Envolve PMDB, PSDB, um monte de gente. O primeiro compromisso de honra que temos que assumir é continuar a Lava Jato até que se chegue a um ponto final.
- Pela sua experiência, o senhor acredita na aprovação do impeachment?
- Todas as informações que a gente tem hoje indicam que sim. O impeachment vai além das pedaladas. As pedaladas são graves, de maior significado, mas o importante é o que aconteceu no terreno da corrupção, na Petrobras, os empréstimos que foram feitos na Venezuela e Cuba são secretos. Essa questão é o fato mais importante que o PT quer desviar, ficar só nas pedaladas. Até o povo não termina entendendo direito o que é. Eu vejo que o processo tem que ir adiante e as questões graves que existem tem que ser apuradas.
- Se confirmada a possibilidade de o PMDB chegar ao comando, o senhor vê Michel Temer como capaz de unificar o país?
- Fui amigo de todas as horas do Itamar [Franco, ex-presidente]. Digo o seguinte: quando ele assumiu, as pessoas não achavam que ele seria capaz. Era um homem teimoso, radical, tinha suas idéias, era duro. Não era de imaginar que o Itamar era o homem de dirigir o país, mas ele fez pela maneira séria de administrar, teve essa rigidez.
- Mas o senhor vê isso no Michel Temer?
- Isso eu vejo. O Michel é um homem competente. Tem condições de fazer. O problema são os compromissos dele. Ele é presidente do PMDB e fez um entendimento com o PSDB. Tem o PSB, o PTB, eu não sei como ele vai agir, se ele vai conseguir. O Itamar faria: um monte de gente que ficou do lado dele na hora do impeachment tratou como amigos e mais nada. Não teve troca. Essa maneira de ser, de agir, é que vai ser discutida. Por outro lado, o Itamar não teve pela frente alguém do antigo Collor, que queria fazer oposição, tentando não deixar que o Governo fosse adiante. Mas o PT fala de uma maneira, na minha opinião exagerada, convocando as pessoas para irem às ruas.
- A governabilidade estaria garantida em um novo governo?
- Somos o maior partido, temos o maior número de governadores, de prefeitos. Para presidente elegemos Tancredo. E ficou o Sarney. Criou-se esse problema. Esse termo político de governabilidade, de que um partido tenha que fazer aliança para governar. É um troca-troca, é dando que se recebe. E se nosso amigo for para esse lado, vai ser muito complicado. Primeiro lugar, porque quer diminuir os ministérios de 35 para 20, 22. Ele não vai encontrar espaço para tantos ministros. Ele vai ter que tentar um projeto, uma ação para adquirir confiabilidade. Os estados estão entrando com ação no Supremo, para decidir sobre as dívidas estaduais. Ele vai ter os governadores em guerra e do outro lado o Ministro da Fazenda que diz que não pode. Todos esses problemas são difíceis.
- Como ele poderá encontrar uma saída?
- Logo que assumiu, o Itamar reuniu todos os partidos. Reuniu todos nós no palácio, colocou todos os ministros, a gente discutiu: ‘Quero dizer aos senhores que quero fazer um governo de entendimento. E, para isso, fazer um compromisso, vamos tomar essa decisão conjunta’. Eu espero essa postura. Mas fico preocupado, esses nomes já saíram no jornal, esses cargo. Embora ele tenha que fazer isso, deveria ser feito com mais sigilo, mais internamente.
- O vice-presidente estaria antecipando?
- Eu entendo o motivo dele. O processo está no Senado e pode ser que daqui três ou quatro dias ele tenha que assumir.
- Como avalia a postura do presidente da Câmara até agora e num eventual governo Temer?
- Com toda a sinceridade, eu acho que é uma figura que foi importante para a organização da Câmara. Enquanto o processo dele está na Comissão de Ética e não sai, ele tem uma rapidez, uma agilidade impressionante. Mas eu acho que a melhor coisa que ele poderia fazer é renunciar à presidência. O grande problema é ele virar vice-presidente.
- O STF poderá pedir o afastamento do presidente da Câmara?
- Eu não sei se há profundeza jurídica. Acho que o Supremo está com os casos dele e, passado o problema do impeachment, logo tem a obrigação de julgar.


30 de abril de abril às 08:00 – Por Cesar Romero

O prefeito Bruno Siqueira, o ex-senador Pedro Simon, o ex-prefeito Tarcísio Delgado, Marcelo Siqueira e Renato Villela no jantar do Constantino Hotel (fotos ANDRÉA OTTONI)


Também na noite, Ivete Simon e a primeira-dama Daniele Siqueira



Ruth Costas
Da BBC Brasil em São Paulo
9 dezembro 2015






Image copyrightABrImage caption
“Após redemocratização, Simon foi senador por três mandatos consecutivos, entre 1991 e 2015
Para o ex-senador e líder histórico do PMDB Pedro Simon, de 85 anos, um eventual governo do hoje vice-presidente Michel Temer seria uma "reedição" da gestão Itamar Franco (1992 – 1995).
‘No seu governo, Itamar não teve uma crise, um escândalo de corrupção. Ele lançou o real, fez o Brasil mudar’, opina.
Itamar era vice-presidente no governo Fernando Collor (PRN) e assumiu o poder após um processo de impeachment. "(Temer) iria governar com todo mundo, teria o mesmo estilo e a mesma forma (de Itamar)", defende Simon, que foi senador pelo PMDB por 24 anos e apoiou a ex-senadora Marina Silva nas duas últimas eleições presidenciais.
O ex-senador nega, porém, que Temer seja ‘oportunista’ e que o PMDB esteja se preparando para assumir o poder diante da perspectiva da abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.”




Editorial da Tribuna de Minas
1 de maio de 2016 – 07:00
Ex-senador defende legado de Itamar e continuidade da Operação Lava Jato com qualquer Governo
POR TRIBUNA
Na sua passagem por Juiz de Fora, onde veio para palestra a convite do Instituto Itamar Franco, o ex-senador Pedro Simon defendeu a continuidade da Operação Lava Jato a despeito do desfecho do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. No seu entendimento, trata-se de uma operação em defesa do país, da moralidade, e que não se esgota nas instâncias do Governo. Na trincheira da oposição, também há investigados, e, por uma ação de Estado e não de Governo, ela tem que ir adiante. Simon fala com propriedade. Com histórico de probidade, típico de uma geração de políticos que via no mandato um sacerdócio, e não atalho para causas próprias, citou Itamar Franco nas diversas vezes em que foi instado a prestar seu depoimento. O ex-prefeito de Juiz de Fora ocupou a Presidência da República também numa quadra difícil do país, quando o titular, Fernando Collor, foi apeado pelo Congresso. Nos seus dois anos, mostrou que é possível governar sem se comprometer com questões menores. Itamar não transigia com o ilícito.

Simon lembrou também o ‘modus’ de governar que se tornou rotina na instância de poder, inaugurado por José Sarney, único vice que exerceu o mandato em sua plenitude, já que Tancredo Neves morreu antes da posse. Para ficar à frente do Governo, fez acordos de toda sorte com os partidos, algo comum hoje, no presidencialismo de coalizão. E o resultado é o que se vê: presidentes acuados por partidos com largo apetite e um Congresso de joelhos em busca de cargos e vantagens. Nesse jogo, não há garantias, bastando o primeiro impasse para as relações se comprometerem. A presidente Dilma, que nunca foi afeita ao diálogo com os parlamentares, mudou seu estilo, transigiu nos acordos e, mesmo assim, viu sua base ruir na votação do relatório do impeachment na Câmara Federal.

Não há previsões de mudança, bastando ver os atos iniciais de Michel Temer, que sequer se sentou na cadeira presidencial. São nomes indicados por diversos partidos e articulações para ocupação de espaços. Tudo, pois, continuará como dantes, embora todos saibam que não se trata do melhor caminho. O pior desse enredo, porém, é que não se encontrou o meio ideal, pois o parlamentarismo, que poderia amortizar tais crises, não é aceito pela opinião pública.”




O tradicional Calçadão da Halfeld em Juiz de Fora



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