quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Virar do avesso

"Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre." G.R.


“E SE A VIDA TE VIRAR PELO O AVESSO?”


“O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.”

“Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte.” João Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas


“Era uma prática comum no passado. Quando os fatos começavam a revelar marcas de cansaço, as mãos sábias das domésticas costureiras desmanchavam em peças e voltavam o tecido do avesso.
Ficou dessa prática a expressão, bastante actual em tempos de crise.
É preciso virar do avesso a vida, quando sentimos ter atingido um ponto de exaustão. Desmanchar e recomeçar é fundamental. Recuperar o passado, porque o tecido até tem potencialidades ainda não exploradas, não significa que se repitam formatos ou modelos ultrapassados.
Virar do avesso significa inovar, renovar, dois verbos importantes em tempos de crise, mas que exigem a desconstrução de modelos obsoletos e uma capacidade crítica para potenciar experiências anteriores.
Dizem os gurus da economia, que a palavra crise terá origem num ideograma chinês wei ji, que significa “perigo” e “oportunidade”, “momento de viragem” (cit. R.Vargas, Executive Digest) ou se quisermos, vire do avesso o que deixou de resultar, o negócio que já não atrai clientes, a imagem que não resume o produto que pretende vender, o menu do restaurante que deixou de ser atractivo e não corresponde às novas tendências do mercado.
Entro numa loja de roupas, onde se sente a proximidade do encerramento que todos anunciam. São poucas as peças nas prateleiras e faltam números nos artigos. Ouço o suspiro de uma das empregadas que comenta, “antes estar num restaurante a descascar batatas”. Sente-se inútil detrás do balcão onde outrora não tinha mãos a medir; mas também não tem motivação para dar a volta por cima. Está na eminência, quem sabe, o desemprego, e sem negar a sua vocação para o comércio, revela uma ausência de ideias que contrariem o pessimismo do negócio que em breve irá fechar.
Imagino como é difícil ser simpática, perante uma cliente que revira as camisolas que restam e depois sai sem nada comprar.
Como fazer essa viragem do avesso e criar esse momento que pode significar um recomeço e uma nova etapa.
Perante o desalento daquela empregada, apeteceu-me dizer-lhe, porque não escreve um letreiro com letras garrafais: Vista-se por 50 euros!
Vire o negócio do avesso e faça da crise uma oportunidade!”
(publicado no Açoriano Oriental de 22 Fevereiro 2010)




"Viva! Este é um espaço de encontro, interconhecimento e partilha. Sentir a ilha que cada um é, no mar de liberdade que todos une e separa..." Piedade Lalanda


http://sentirailha.blogs.sapo.pt/31306.html





A MERCEARIA ANTIGAMENTE-PIEDADE LALANDA-1991-RTPAÇORES


Publicado em 15 de jul de 2015
NESTE VIDEO DA RTP AÇORES VÊ-SE COMO ERA COMPRAR COMPRAS A RETALHO NAS PEQUENAS MERCEARIAS...NASCI E CRESCI COM ISTO ..TEMPOS POBRES MAS HONESTOS E RESPEITOSOS...
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Sem fins lucrativos/ativismo
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O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro – dá gosto! A força dele, quando quer – moço! – me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre. E Deus ataca bonito, se divertindo, se economiza. A pois: um dia, num curtume, a faquinha minha que eu tinha caiu dentro dum tanque, só caldo de casca de curtir, barbatimão, angico, lá sei. – “Amanhã eu tiro...” – falei, comigo. Porque era de noite, luz nenhuma eu não disputava. Ah, então, saiba: no outro dia, cedo, a faca, o ferro dela, estava sido roído, quase por metade, por aquela agüinha escura, toda quieta. Deixei, para mais ver. Estala, espoleta! Sabe o que foi? Pois, nessa mesma da tarde, aí: da faquinha só se achava o cabo... O cabo – por não ser de frio metal, mas de chifre de galheiro. Aí está: Deus... Bem, o senhor ouviu, o que ouviu sabe, o que sabe me entende...


GUIMARÃES ROSA GRANDE SERTÃO: VEREDAS EDITORA NOVA AGUILAR 1994


http://stoa.usp.br/carloshgn/files/-1/20292/GrandeSertoVeredasGuimaresRosa.pdf



TE VIRAR DO AVESSO - Marcella Fogaça

Enviado em 5 de jan de 2011
Música: TE VIRAR DO AVESSO


Letra e Música: MARCELLA FOGAÇA
Categoria
Música
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"Ele faz é na lei do mansinho – assim é o milagre." G.R.

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